quarta-feira, fevereiro 5, 2025

Fórum IRB (P&D), do setor de seguros, debate o gerenciamento dos riscos climáticos

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O 1º Fórum IRB(P&D) foi aberto na manhã desta quarta-feira (11), no Rio de Janeiro, abordando o tema “Desafios e oportunidades no enfrentamento dos Riscos Climáticos”, reunindo pesquisadores, representantes do setor de seguros e resseguros, startups e membros do setor público. Ao abrir o encontro, Marcos Falcão, CEO do IRB(Re), destacou a importância de desenvolver o mercado de seguros frente as necessidades impostas pelas questões climáticas.

“O risco precisa ser encarado de frente. A nossa missão é pagar sinistro e precificar corretamente para que sejamos perenes e seguros. Isso é gestão de riscos. Vivenciamos, recentemente, eventos extremos no Rio Grande do Sul, quando se notou a discrepância entre as perdas econômicas e seguradas. Já temos uma legislação apropriada que está sendo melhorada e as soluções do mercado que passam pelo princípio da mutualidade, contribuindo com esse progresso e gerenciamento. Mas ainda há muito a ser feito no mercado sobretudo devido aos riscos climáticos que se agravam. O trabalho em conjunto entre o setor público e privado é fundamental nesse objetivo”, disse Falcão.

Em seguida, Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, reforçou a importância do setor segurador diante dos riscos climáticos: “Somos a indústria com a melhor capacidade de avaliar riscos, e o setor não pode fugir dos eventos extremos. Precisamos conhecê-los para fazer o gerenciamento de forma apropriada. Para isso, é importante juntarmos esforços no mercado a fim de acumular e trocar conhecimento”.

Já o subsecretário de Reformas Microeconômicas e Regulação Financeira do Ministério da Fazenda, Vinicius Ratton Brandi, ressaltou o desafio de aprofundar o conhecimento. “O debate sobre os riscos climáticos é acadêmico. É preciso unir desenvolvimento e conhecimento, conceitos e técnicas que contribuam, inclusive, com as questões regulatórias. Todos os setores, sobretudo o de seguros, precisam desenvolver ferramentas apropriadas para mitigar os riscos climáticos”.

Paulo Miller, chefe da Coordenação Geral de Estudos e Relações Institucionais da Susep, afirmou que o setor de seguros tem papel importante no incentivo das boas práticas de gerenciamento de risco por parte dos segurados. “Temos que usar a especialização do mercado para propagar o bom gerenciamento dos riscos climáticos. Destaco também a importância em disseminar a educação financeira tanto entre as pessoas quanto no setor público, que tem suas limitações, para ampliar o conhecimento dos instrumentos de proteção existentes no mercado”.

Brasil pode ser protagonista na neutralidade da emissão de gases de efeito estufa

O cientista brasileiro Carlos Nobre fez um alerta ao participar, do Fórum IRB(P&D): “o clima já é uma emergência humana e o Brasil tem potencial de protagonizar e ser o primeiro país a neutralizar a emissão de gases de efeito estufa até 2040”. Presidente do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, ele apontou caminhos para mitigar as altas temperaturas no planeta e identificou os desafios para a humanidade.

“Em nosso país, é possível neutralizar a emissão de gases de efeito estufa se as políticas ambientais forem bem implementadas e executadas no curto prazo, como a arborização urbana. Além de termos emissões líquidas negativas após 2040 e até 2100. Para isso, os setores também devem caminhar na busca por sustentabilidade, transição energética, e aperfeiçoar os sistemas de previsão e os alertas de desastres causados por extremos climáticos”, disse.

Nobre, que também é membro do Conselho Deliberativo do WWF Brasil, levantou ainda questões que impactam a proteção da humanidade em virtude do rápido avanço dos eventos climáticos extremos: “As atuais mudanças climáticas são generalizadas, rápidas e se intensificam cada vez mais. Há recordes de secas, ondas de calor e incêndios florestais. A temperatura já subiu mais de 1,5°C e, a longo prazo, pode comprometer até a existência da Amazônia. Como consequência, as geleiras estão derretendo muito e o nível do mar está mais alto – entre 20 e 25 cm em alguns locais do Pacífico”.

Sobre o futuro, o cientista brasileiro deixou uma reflexão e um conselho. “As novas gerações devem assumir a liderança na busca por trajetórias de sustentabilidade. Além disso, destaco a importância do ensino escolar sobre eventos climáticos extremos, bem como a prevenção de desastres”, finalizou Nobre.

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