A maioria dos investidores está mais preocupada com greenwashing do que cinco anos atrás, aponta o estudo EY Global Institutional Investor Survey 2024. Quando perguntados sobre como veem a questão do greenwashing, 85% consideram que esse problema ficou maior, sendo que 27% avaliam como “muito maior” e 58% como “um pouco maior”. O levantamento entrevistou 350 investidores tomadores de decisão de instituições em todo o mundo, incluindo empresas de gestão de ativos, de gestão de patrimônio, seguradoras e fundos de pensão.
Esses índices demonstram a insatisfação dos investidores em relação à qualidade dos reportes não financeiros divulgados pelas organizações, ainda que, recentemente, diversas normas em todo o mundo tenham sido publicadas com o objetivo de trazer credibilidade para as informações divulgadas. As normas do ISSB (International Sustainability Board), por exemplo, foram recepcionadas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por meio da Resolução 193. A partir de 2026, de acordo com essas regras, as companhias abertas estarão obrigadas a elaborar e divulgar o relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade.
Já o novo reporte de sustentabilidade da União Europeia passará a ser exigido em 2026 das empresas locais, permanecendo o exercício de 2028 para empresas de países terceiros, como o Brasil. Na comparação com a NFRD (Non-Financial Reporting Directive), diretiva ainda em vigor que será substituída, a CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive) expande o número de empresas de 11,6 mil para quase 50 mil, cobrindo mais de 75% do volume total de negócios.
Exemplos de greenwashing citados pelo estudo da EY incluem a falta suficiente de evidências para afirmar que um produto é realmente verde e classificá-lo como verde em relação a outras opções disponíveis no mercado quando, na realidade, toda a categoria de produtos é nociva para o meio ambiente.
Confiança permanece
Ainda segundo o Institutional Investor Survey, apesar desses índices de falta de confiança nos relatórios corporativos, 93% dos investidores dizem estar confiantes de que as organizações vão cumprir suas metas de sustentabilidade de descarbonização. No entanto, essa parece não ser a realidade observada atualmente, segundo estudos recentes de sustentabilidade da EY, que indicam que as companhias vão atrasar para cumprir suas metas de sustentabilidade para uma média entre 2036 e 2050.
“Muitas organizações já contam com iniciativas importantes, mas que contribuem pouco para o desafio das mudanças climáticas, como redução de viagens de negócio e compra de certificados de energia renovável. A dificuldade delas tem sido com as metas mais difíceis que incluem a transformação de suas cadeias de suprimento e a transição energética da sua operação para fontes renováveis”, diz Ricardo Assumpção, líder de Sustentabilidade e CSO (Chief Sustainability Officer) da EY para América Latina.
Receio de greenwashing nos relatórios
Esses dados do Institutional Investor Survey 2024 estão em consonância com o estudo 2024 Global DNA of the Financial Controller, também produzido pela EY com base em duas mil entrevistas com líderes financeiros seniores e 815 investidores institucionais, provenientes de 30 países e de 14 setores econômicos.
De acordo com esse levantamento, há um temor por parte de 55% dos líderes financeiros de que os relatórios de sustentabilidade – inseridos nos setores onde esses executivos atuam – contenham elementos de greenwashing. Para 67% dos executivos de telecomunicações e de varejo, esse risco é alto.