sexta-feira, maio 17, 2024

Dubai em águas: o momento em que ESG e gestão de crise andam juntos

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As recentes enchentes em Dubai deixaram uma marca inapagável não apenas na paisagem urbana da metrópole, mas também na mente daqueles que testemunharam a magnitude desse desastre natural. Em um lugar conhecido por seu esplendor arquitetônico, prosperidade econômica e o verdadeiro calor do deserto, as cenas apocalípticas provocadas pelas chuvas mais fortes em décadas ressaltaram a vulnerabilidade da cidade aos caprichos da natureza.

Enquanto os Emirados Árabes Unidos enfrentavam as chuvas mais intensas registradas em pelo menos 75 anos, Dubai foi pega de surpresa. Estradas se transformaram em rios, aeroportos foram forçados a fechar e arranha-céus emblemáticos enfrentaram cortes de energia, com elevadores parados.

Além disso, os danos econômicos foram devastadores e poderão atingir milhares de milhões de dirhams (moeda do país), com impacto significativo nos veículos, propriedades e infraestruturas. Os shoppings, que são extremamente chamativos, ficaram encharcados com a chuva que escorria pelos tetos, os aplicativos de alimentos suspenderam as entregas durante e após a tempestade, fazendo com que alguns moradores tivessem que recorrer a alimentos enlatados, ou o que restava em suas geladeiras, para sustento.

Para uma cidade tão acostumada à inovação e à resiliência, o acontecimento foi um lembrete contundente para todo mundo sobre a necessidade de preparação para desastres naturais imprevistos.

No entanto, as enchentes em Dubai vão além de serem apenas um evento climático isolado. Elas servem como um alerta para as empresas em todo o mundo sobre a crescente importância da integração de considerações ambientais, sociais e de governança (ESG) em suas estratégias operacionais e de gerenciamento de crises, visto as mudanças climáticas que o mundo vem enfrentando e que não devem parar por aí.

A sigla ESG representa um conjunto de critérios que as empresas devem considerar ao avaliar seu impacto ambiental e social, bem como sua governança corporativa. No contexto das mudanças climáticas e desastres naturais, a integração de princípios ESG não é apenas uma questão de responsabilidade social corporativa, mas também uma estratégia essencial para a resiliência e sustentabilidade dos negócios.

Em um mundo onde a reputação de uma empresa pode ser instantaneamente afetada por eventos inesperados, como desastres naturais, pandemias ou crises políticas, a gestão de crise é mais do que uma precaução, é uma necessidade. Uma resposta rápida e coordenada durante uma crise não apenas ajuda a minimizar danos, mas também pode fortalecer a confiança do público e a reputação da marca a longo prazo.

O caso das enchentes em Dubai destaca a importância de ter um plano de crises bem definido, que leve em consideração não apenas os aspectos operacionais e de comunicação, mas também os impactos ambientais e sociais. Isso inclui medidas preventivas, como avaliação de riscos, planos de emergência, plano de continuidade de negócio e treinamento de pessoal, bem como ações de recuperação e reconstrução que priorizem a sustentabilidade e a responsabilidade corporativa.

Além disso, as empresas devem priorizar uma abordagem proativa em relação ao ESG, integrando considerações ambientais e sociais em sua cultura organizacional e práticas de negócios. Isso não apenas reduz a vulnerabilidade a eventos catastróficos, mas também fortalece a resiliência e a competitividade a longo prazo.

À medida que enfrentamos desafios cada vez mais complexos e interconectados, como as mudanças climáticas e a instabilidade geopolítica, a integração de princípios ESG e a adoção de uma estratégia de gestão de crises eficaz não são mais opcionais, são imperativas. As enchentes em Dubai são um lembrete poderoso de que, em um mundo em constante mudança, a sustentabilidade e a resiliência andam de mãos dadas, e as empresas que priorizam esses princípios estão mais bem posicionadas para enfrentar os desafios do século XXI.

Patrícia B. Teixeira, especialista em gestão de crise da WePlanBefore e autora do livro “Caiu na rede. E agora?: Gestão de crises nas redes sociais”

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