sábado, setembro 28, 2024

O reaproveitamento na indústria alimentícia

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A indústria alimentícia é uma das indústrias mais incríveis, dedicada a proporcionar uma vida equilibrada e feliz às pessoas. Dada esta missão, não é razoável aceitar que este tipo de indústria possa ter impactos negativos no ambiente que as pessoas precisam para viver. Pelo contrário, precisamos nos concentrar em atividades que visem o desenvolvimento sustentável. Neste artigo discutiremos o tema da perda e redução do desperdício de alimentos, uma atividade de Sustentabilidade que é uma das mais importantes para a indústria alimentar.

De acordo com o relatório “The State of Food Security and Nutrition in World”, da FAO, publicado em julho de 2023, é estimado que entre 691 e 783 milhões de pessoas no mundo encararam a fome em 2022. Considerando a faixa média (cerca de 735 milhões), 122 milhões de pessoas a mais passaram fome em 2022, na comparação com 2019, antes da pandemia. Também é previsto que quase 600 milhões de pessoas sofrerão de subnutrição crônica em 2030, apontando para o imenso desafio de alcançar a meta dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis) da Organização das Nações Unidas (ONU) de erradicar a fome.

Quando falamos em perdas e desperdícios de alimentos podemos trabalhar em duas frentes: na redução da geração das perdas e na promoção do reaproveitamento daquelas que não pudemos evitar, sendo o primeiro tópico o que tem maior prioridade em ser trabalhado. Sabemos que nossos processos como um todo não são perfeitos e dificilmente um dia serão, mas eu gostaria de confiar que as indústrias alimentícias pudessem acreditar que é possível chegar bem perto disso.

As perdas podem ser reduzidas por meio de um sistema de gestão que visa a excelência operacional. Há inúmeras metodologias disponíveis no mercado e quando eu cito Excelência Operacional, não estamos somente falando das áreas de manufatura ou das áreas de suporte, mas sim de todas as áreas da organização. É claro que é possível reduzir as perdas geradas por meio do investimento em novas tecnologias e equipamentos, mas ao fomentar uma cultura de melhoria para reduzir as perdas geradas, os custos de investimento podem ser mantidos a um nível mais baixo.

O programa de redução de perdas é uma jornada que nunca acaba, portanto também temos que admitir que teremos que conviver com as perdas que geramos, sem, é claro, nos conformarmos com elas. Elas existem e devem ser encaradas também como oportunidades. É unânime que o pior destino que podemos dar às perdas que geramos são os aterros sanitários. Destinar rejeitos para o aterro é dizer que erramos ao menos três vezes: no design dos processos e produtos; na sua fabricação; e na possibilidade de reaproveitamento das perdas que geramos.

Começamos a falar de destinação de valor às nossas perdas quando estamos falando em reaproveitar nossos rejeitos para a fabricação de subprodutos, transformando-os em matérias-primas para outros processos, como alimentação animal ou utilizando-os para compostagem.

Aqui também eu gostaria de deixar uma reflexão para a indústria alimentícia. Será que não estamos sendo rígidos demais com certos parâmetros de processos e produtos? A segurança do alimento precisa ser garantia, isso não é passível de discussão. Mas, e os parâmetros sensoriais, por exemplo? A cor é tão importante para o seu produto? E a granulometria? Como o design do produto pode ajudar a evitar perdas e desperdícios de alimentos?

Não podemos deixar de fora outros atores dessa cadeia, como, por exemplo, nossos órgãos reguladores. Eles facilitam o processo de reaproveitamento seguro das perdas geradas? Podemos discutir melhor sobre o estabelecimento de regras de prazo de validade? Podemos usar a ciência a nosso favor.

Outro ponto importante de ser citado é sobre o desperdício e consumo consciente na pauta da Educação. Se formarmos seres humanos conscientes, se esse tema for aculturado, então não será mais necessário convencer alguém de que é fundamental trabalhar na sua redução. Porém, enquanto isso não acontece, a informação e a conscientização têm que ser massivas e constantes.

A Ajinomoto do Brasil, como parte do Grupo Ajinomoto, está comprometida com a agenda de 2030 da ONU. Temos como principais metas ambientais a redução de gases de efeito estufa, redução de resíduos plásticos, redução de perdas e desperdícios de alimentos e ter uma cadeia de suprimentos sustentável. Na luta contra o desperdício, a Ajinomoto tem como meta reduzir mais de 50% de suas perdas com alimentos até 2030.

Janaína Adalgiso Padoveze, mãe do Gabriel, engenheira de alimentos, apaixonada por temas de Sustentabilidade. Trabalho na Ajinomoto do Brasil há 16 anos e, ao longo da minha carreira, trabalhei cerca de nove anos na área de Qualidade Assegurada, cinco anos na área de Manufatura e há quase dois sou gestora da área de Sustentabilidade da empresa. Trabalhar em prol da agenda ESG é algo que está totalmente alinhado aos meus valores profissionais e pessoais.

Referência:https://www.fao.org/3/CC3017EN/online/state-food-security-and-nutrition-2023/food-security-nutrition-indicators.htmltps://www.fao.org/3/CC3017EN/online/state-food-security-and-nutrition-2023/food-security-nutrition-indicators.html

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