Com a COP30 se aproximando e reunindo líderes globais para discutir soluções contra as mudanças climáticas, há um tema essencial que segue à margem do debate: o desperdício de alimentos.
Segundo a ONU, 1,3 bilhão de toneladas de comida são desperdiçadas todos os anos. Isso não é apenas um problema ético ou social. É também um desafio climático.
Da produção ao transporte, cada alimento consome recursos e emite gases de efeito estufa. Quando é descartado, essas emissões se somam novamente, desta vez vindas dos aterros sanitários.
Cada fruta, pão ou pedaço de carne jogado fora representa água, solo fértil e energia que nunca cumpriram seu papel. Um desperdício duplo: climático e humanitário
O IPCC estima que o desperdício de alimentos seja responsável por cerca de 8% das emissões globais. Em um mundo com fome e desigualdade crescentes, podemos continuar tratando esse tema como secundário
Há exemplos que mostram o potencial de mudança. A França proibiu supermercados de descartarem comida e obrigou a doação. Cidades como Copenhague e Milão operam redes eficientes de redistribuição, inspirando políticas públicas no mundo todo.
Reduzir o desperdício não depende de tecnologias futuras nem de décadas de transição. É uma medida de alto impacto climático e retorno social imediato.
Se a COP30 quer acelerar ações concretas, precisa colocar o prato invisível no centro da mesa. Não há solução climática completa sem enfrentar o que sobra e o que nunca deveria sobrar.
E nós? Além de cobrar líderes e empresas, é preciso rever nossos próprios hábitos. No Brasil e no mundo, mudar a cultura de consumo é tarefa coletiva, mas começa no individual. A pergunta é: vamos continuar servindo o planeta com promessas ou finalmente tirar o desperdício do prato?
Lucas Infante, CEO e cofundador da Food To Save.