O Insper deu início oficial ao programa Cidade +2°C, iniciativa que propõe desenvolver soluções concretas e intersetoriais para adaptação das cidades brasileiras às mudanças climáticas. O evento de lançamento, realizado na sede da instituição na terça-feira (05), reuniu autoridades, especialistas e representantes de diversos setores da sociedade, consolidando o papel da academia como agente ativo na busca por cidades mais resilientes.
Participaram do encontro nomes como André Corrêa do Lago, presidente da COP30 e embaixador do Brasil na Índia (de forma remota); Sergio Avelleda, coordenador do Núcleo de Mobilidade Urbana no Centro de Estudos das Cidades do Laboratório Arq.Futuro do Insper; José Police Neto, Subsecretário de Desenvolvimento Urbano do Estado de São Paulo; além do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, entre outros convidados de destaque.
A nova frente faz parte do Centro de Estudos das Cidades do Laboratório Arq.Futuro do Insper, tendo como missão fomentar a produção de conhecimento aplicado, como modelos preditivos, ferramentas digitais, programas experimentais e eventos temáticos. O trabalho será transversal, integrando departamentos como arquitetura, políticas públicas, economia e ciência de dados, com foco na construção de soluções práticas e baseadas em evidências.
“Infelizmente, nossas cidades caminham para uma realidade bastante dramática. Nosso planejamento e, principalmente, nossa capacidade de execução ainda está muito aquém dos desafios que elas enfrentam e das necessidades da população. Que esta iniciativa represente, de fato, um ponto de inflexão nessa trajetória e atenda aos anseios da sociedade”, destaca Tomas Alvim, coordenador-geral do Centro de Estudos das Cidades. Segundo ele, o programa pretende ajudar o país a se antecipar aos desafios climáticos com base científica e responsabilidade social.
Durante o evento, o professor Élcio Batista, coordenador do programa Cidade +2°C, abriu o debate destacando a importância de uma nova abordagem para os desafios urbanos. “As cidades não colapsam apenas por grandes eventos, elas se desorganizam em silêncio. O que propomos com o programa Cidade +2°C é um novo olhar: adaptar-se por meio de decisões pequenas, tomadas no tempo certo, com base em evidências e em escala humana. Talvez não seja possível vencer todos os desafios, mas, se escolhermos bem onde e como agir, pode ser o suficiente para mudar o jogo.”
Para André Corrêa do Lago, presidente da COP30 e embaixador do Brasil na Índia, a realidade é que a mudança do clima e os desafios para as cidades são oportunidades muito grandes de gestão das cidades incorporarem, de maneira racional, aquilo que vai fazer a diferença. “O Brasil é um país que consegue ter os desafios da riqueza e os desafios da pobreza. Nós entendemos de questões relacionadas ao consumo, ao excesso ou às injustiças porque nós ainda temos, de maneira muito próxima, a questão da pobreza e a questão da injustiça”, disse.
De acordo com Lago, vários países desenvolvidos têm soluções magníficas, mas eles não têm esses desafios como nós temos. “E que são, na realidade, os desafios da maioria da população mundial — lembrando que 80% dos países da ONU são mais pobres que o Brasil. Então, nós temos que nos juntar, dentro do Brasil, com soluções que vão, certamente, durante a COP 30, se tornar soluções que vão ser extremamente úteis para outros países”, finalizou.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, defendeu o papel dos especialistas que buscam novas maneiras de enfrentar a crise climática e ressaltou que a resiliência urbana exige planejamento contínuo, embasado em dados e compromisso com a ciência. “A fase de diagnóstico é essencial. Recursos são escassos e precisam ser direcionados com base em evidências e dados concretos. A resiliência das cidades depende de ações bem planejadas, que vão além de um único governo e exigem continuidade, seriedade e compromisso com a ciência.”
O evento também contou com a participação de professores e pesquisadores do Insper e de outras instituições acadêmicas, reforçando a abordagem interdisciplinar e orientada para a ação. O Cidade +2°C se posiciona como uma plataforma de articulação e experimentação para acelerar a transição urbana diante dos efeitos do aquecimento global, com atenção especial às populações mais vulneráveis.
Com essa iniciativa, o Insper reafirma seu compromisso com a produção de conhecimento aplicado, a inovação em políticas públicas e o enfrentamento dos principais desafios contemporâneos nas cidades brasileiras.