Com a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) marcada para novembro de 2025, em Belém (PA), as expectativas internacionais se voltam para as estratégias ambientais do Brasil. Mas, segundo especialistas em ESG e diversidade, o compromisso com a sustentabilidade não deve aguardar o evento, nem se restringir à agenda ambiental
Laura Salles, CEO da PlurieBR, plataforma especializada em gestão de dados sobre diversidade, equidade, inclusão e pertencimento (DEIP), afirma que o fator humano é central nas discussões ambientais. “A sustentabilidade não é só ambiental, sustentabilidade é um crescimento sócio econômico ambiental, o social nessa balança é fundamental E isso exige incorporar o cuidado com as pessoas à estratégia de negócio, principalmente aquelas mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas”, diz Laura.
Segundo Laura, é urgente que as metas ambientais das empresas estejam integradas a ações concretas de justiça climática e diversidade. Isso porque os efeitos da crise climática afetam de maneira desproporcional mulheres, pessoas negras, indígenas, pessoas com deficiência e populações periféricas, os mesmos grupos que seguem sub-representados em cargos de liderança e conselhos decisórios no Brasil.
Esse entendimento já se reflete em legislações internacionais, como a CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive), em vigor na União Europeia desde 2024. A norma obriga empresas a divulgarem indicadores de diversidade, impacto social e riscos relacionados a pessoas.
No Brasil, a nova versão da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-01), que entra em vigor em 2026, prevê a inclusão obrigatória de riscos psicossociais no mapeamento de segurança do trabalho, como estresse, assédio moral e burnout. “A integração entre justiça climática e diversidade é urgente e estratégica. Não adianta esperar a COP30 para construir soluções. O tempo da sustentabilidade baseada apenas em discurso acabou. O que importa agora é a capacidade de medir impacto e avançar com impacto social e ambiental com consistência”reforça Laura
Para responder a essa demanda, a PlurieBR desenvolve ferramentas que cruzam dados de diversidade com indicadores de clima organizacional, rotatividade, saúde emocional e reputação. Os diagnósticos gerados ajudam empresas a alocar recursos de forma mais eficaz e mensurar o retorno sobre práticas sociais alinhadas ao ESG.
Mais do que uma exigência regulatória, a sustentabilidade ampliada se impõe como fator de competitividade. Estudos da consultoria McKinsey mostram que empresas com maior diversidade étnica em cargos de liderança têm até 33% mais chances de superar seus concorrentes em lucratividade.
Quando há equilíbrio de gênero na alta gestão, essa vantagem é de 21%.“Justiça climática e DEIP não são pautas paralelas. São interdependentes. A sustentabilidade real só acontece quando consideramos todas as formas de impacto ambiental e social. E isso exige dados, ação e coragem para transformar estruturas”, conclui Laura.