sábado, agosto 2, 2025

Proteção dos oceanos e limpeza de praias: empresas e indivíduos em ação

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O mar está distante do seu dia a dia? Pois saiba: ele começa na sua calçada. Cada tampinha descartada na rua, cada bituca jogada no chão, cada microplástico invisível que escapa pelo ralo… tudo pode parar no oceano.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), anualmente, entre 19 e 23 milhões de toneladas de plástico escapam para rios, lagos e mares – o equivalente a 2.000 caminhões por dia despejados em ecossistemas aquáticos. A essa altura, já não é apenas sobre reciclar, mas sobre reprogramar.

Explico: quando falamos de lixo no mar, falamos também de excesso em terra, de modelos econômicos ultrapassados e de hábitos que viraram piloto automático. E é aí que entram as empresas, as comunidades, as lideranças – e cada um de nós, obviamente.

Do greenwashing à responsabilidade real e na prática

Quando as empresas deixam o greenwashing de lado (essa prática de apenas parecer sustentável sem realmente ser), e escolhem adotar ações sustentáveis de verdade, o mundo passa a girar de forma mais equilibrada e harmônica. E é nisso que eu quero focar nesse artigo, mostrar os cases na prática.

A magikk é uma social tech de impacto que atua como moeda social da cultura, do entretenimento e do esporte, por meio de tecnologia acessível, e tenho o privilégio de estar como conselheira. O case mais recente que trago ocorreu no WSL Rio Pro 2025 em Saquarema, onde a Corona, marca globalmente reconhecida pelo compromisso com a sustentabilidade, trouxe uma experiência inédita: transformar resíduos em valor social e ambiental.

Foi construido uma Casa Corona, onde os visitantes puderam trocar materiais recicláveis por karma, a moeda social da magikk. Esse karma foi usado para ganhar brindes exclusivos da Corona, reforçando a mensagem de que cada atitude positiva gera impacto real. E de ordem prática, a magikk promoveu mutirões de limpeza na praia, oficinas de educação ambiental e experiências interativas, contribuindo diretamente para a preservação do ecossistema local e para o fortalecimento da comunidade.

Outro projeto incrível que apresento aqui é o Limpeza de Praias, que atua em áreas litorâneas sem coleta pública, onde o abandono ambiental é crítico. Já retirou mais de 6 toneladas de resíduos e mostra que qualquer um pode ajudar: com uma doação de R$10, é possível remover 1 kg de lixo da natureza. Uma ação simples e acessível contra os mais de 20% de plástico que ainda poluem o planeta.

Enquanto enxergamos empresas que demonstram na prática, e não só no discurso, o plano global, avança o processo para o tratado internacional sobre poluição plástica, previsto para ser concluído ainda em 2025. Pela primeira vez, teremos um marco regulatório para tratar o ciclo completo do plástico, da produção ao descarte. Ou seja: a resposta precisa vir de todos os lados. Não há mais espaço para empurrar o problema adiante.

Quando pequenas escolhas viram política visível

Mais do que um filtro de consumo, a sustentabilidade é uma postura que começa nas perguntas fundamentais: Quem produziu? De onde vem? Para onde vai? E isso reverbera diretamente nos oceanos, no solo e no futuro comum, na nossa sociedade.

Não buscamos a perfeição, mas podemos seguir buscando coerência em nossas escolhas e, sobretudo, atitude. Porque se o mar começa na calçada, como mencionei na abertura deste artigo, cuidar dele é urgência diária e responsabilidade compartilhada por todos nós. Precisamos ter coragem para mudar antes que o oceano pare de nos responder definitivamente.

E não à toa, que julho traz o movimento #JulhoSemPlástico, que nos convida a repensar hábitos e reconhecer o impacto de cada escolha. O Voice of the Oceans alerta que mais de 700 espécies e 100 mil animais marinhos morrem anualmente por resíduos plásticos, enquanto apenas 9% do plástico mundial é reciclado, um dado alarmante, mas que também mobiliza à ação.

A boa notícia? A mudança está ao nosso alcance. Trocar sacolas plásticas por ecobags, garrafas PET por reutilizáveis, esponjas de plástico por bucha natural, escova de dente plástica por bambu, filme PVC por panos encerado, são gestos simples, mas cheios de potência e impacto. Não se trata de perfeição, e sim de intenção, consciência e responsabilidade. Que julho seja só o começo de escolhas mais conscientes — por nós, pelas próximas gerações e por esse oceano que clama por fôlego.

Luciana Lancerotti,  consultora e palestrante na área de Marketing com práticas sustentáveis para o mundo corporativo e pessoal. Ex-CMO da Microsoft, possui mais de 32 anos de experiência em grandes empresas.

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