quinta-feira, julho 24, 2025

Relatório global de doações mostra contraste entre renda e solidariedade

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O World Giving Report 2025, nova pesquisa da britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, apresenta pela primeira vez um indicador que mede a generosidade dos países com base na proporção da renda destinada a doações – sejam elas para ONGs, pessoas em situação de vulnerabilidade ou motivos religiosos. Segundo o relatório, o Brasil ocupa a 48ª posição, com a média de 0,93% da renda dos brasileiros sendo destinada a causas socioambientais – um resultado acima da média sul-americana, que ficou em 0,73%. 

A pesquisa ouviu mais de 50 mil pessoas em 101 países para entender a solidariedade em escala global e refere-se a doações realizadas ao longo de 2024. Um dos principais achados do estudo é que, proporcionalmente, os países mais pobres são os que mais doam: a média nesses foi de 1,45% da renda, mais que o dobro dos 0,7% registrados em países considerados mais ricos. No continente africano, esse percentual chega a 1,54%, enquanto na Europa é de apenas 0,64%. 

Considerando esta variável, a Nigéria lidera o ranking global de generosidade, com cidadãos destinando 2,83% de sua renda às causas de benefício público. Em contraste, três países do G7 estão entre os que menos doam proporcionalmente: França (0,45%), Alemanha (0,39%) e Japão (0,16%). Os Estados Unidos, por sua vez, chegou à 0,97%, ocupando a 46ª posição, empatados com Singapura. 

O estudo revela também que em 2024, 64% das pessoas entre as nações contempladas, fizeram algum tipo de doação em dinheiro, sendo que 36% contribuíram diretamente com uma ONG. 

A confiança nas organizações e o papel do governo

Em um momento em que organizações sociais em todo o mundo enfrentam dificuldades financeiras, as pessoas dizem que estariam mais dispostas a doar se tivessem mais dinheiro (45%), se soubessem mais sobre como seu dinheiro seria usado (36%) e sobre o impacto que o recurso doado poderia gerar (35%). 

Outro destaque apresentado, indica que, globalmente, as pessoas são mais generosas quando seus governos incentivam a doação. Quando isso ocorre, as pessoas também tendem a confiar mais nas instituições e vê-las como mais importantes para a sociedade. 

No caso brasileiro, embora os níveis de confiança em organizações sociais estejam um pouco acima da média global (o país registra 10 pontos em uma escala de 15, enquanto a média global é de 9,2), ainda estão aquém do seu pleno potencial, indicando que há um espaço significativo para melhorias. No Brasil, ainda, as pessoas tendem a priorizar em suas doações organizações locais e nacionais em detrimento a instituições internacionais. Essa preferência pode estar relacionada ao desejo de ter maior compreensão e proximidade com as causas e organizações apoiadas. 

“A generosidade não está necessariamente ligada à riqueza ou à segurança, mas à percepção de necessidade – frequentemente direcionada àqueles mais próximos. Em tempos desafiadores, há muito o que aprender sobre a força da conexão e a compaixão entre cidadãos, estejam eles ao nosso lado ou do outro lado do mundo.” afirma Neil Heslop, CEO da Charities Aid Foundation. 

Detalhes do cenário brasileiro de doação

Para entender melhor o cenário brasileiro da cultura de doação, o IDIS lança, no dia 6 de agosto, a Pesquisa Doação Brasil 2024 – o mais amplo e pioneiro estudo sobre os hábitos do doador individual no país. Em sua quarta edição, a pesquisa trará uma atualização completa dos dados sobre o comportamento tanto de quem doa quanto de quem não doa. Como novidade, esta edição contará com um capítulo especial dedicado a analisar o impacto de situações emergenciais sobre a cultura de doação. 

O lançamento é gratuito e está com inscrições abertas através do link: Link 

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