sexta-feira, julho 18, 2025

Estações meteorológicas conectadas levam precisão climática a regiões remotas

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A América Latina enfrenta impactos climáticos crescentes, enquanto desafios de infraestrutura limitam a possibilidade de monitoramento ambiental em áreas remotas. Os dados climáticos são fundamentais para a gestão de recursos hídricos, o avanço da agricultura de precisão, a prevenção de desastres naturais e o suporte a diversas aplicações essenciais em muitos outros setores e mercados. Esses dados podem ser coletados por dispositivos conectados via satélite e equipados com sensores que medem variáveis ambientais diretamente no campo e os transmitem para plataformas centrais por meio de telemetria.

A chegada das estações meteorológicas conectadas via satélite – compactas e energeticamente eficientes – representa um salto tecnológico. Esses dispositivos, muitas vezes alimentados apenas por pilhas AA ou pequenos painéis solares, são capazes de operar de forma autônoma por vários anos, possibilitando a coleta e o envio contínuos de dados em locais sem rede celular, conexão via internet ou eletricidade externa. Isso reduz drasticamente o custo total de propriedade, em até 50 vezes, ao diminuir os gastos com hardware e infraestrutura, além de reduzir a necessidade de visitas a campo para coleta de dados ou manutenção.

Cenário nacional

O Brasil possui, desde a década de 1990, um sistema de coleta de dados ambientais por satélite, construído e operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). As plataformas remotas operam via satélite e são essenciais para o monitoramento hidrológico e ambiental em áreas de difícil acesso. Apesar da abrangência dessa rede, ainda existem lacunas críticas de cobertura e custos elevados, especialmente na Amazônia, no Pantanal, em partes do Cerrado e em regiões montanhosas, onde a infraestrutura limitada dificulta a instalação e a manutenção desses equipamentos.

Casos de uso estratégicos para estações meteorológicas compactas

Na agricultura, essas estações são usadas para monitorar variáveis como umidade do solo, temperatura e precipitação em áreas rurais remotas, apoiando decisões sobre irrigação, plantio e aplicação de defensivos agrícolas. Como muitas dessas atividades seguem ciclos de planejamento diário ou semanal, a transmissão periódica de dados é suficiente para uma gestão eficaz da lavoura.

Na mineração, especialmente em operações remotas, essas estações ajudam a monitorar condições climáticas que podem afetar a segurança, como chuvas intensas que podem desestabilizar o terreno. Os dados coletados alimentam modelos preditivos que contribuem para a prevenção de riscos.

No setor de transporte, em especial ao longo de ferrovias e rodovias, estações instaladas ao longo das rotas fornecem dados sobre neblina, temperatura e chuvas, apoiando a manutenção da infraestrutura. A gestão florestal e ambiental também se beneficia dessas soluções: em áreas de reflorestamento ou unidades de conservação, as estações possibilitam o monitoramento do microclima ao longo do tempo, apoiando estratégias de preservação. Em projetos de gestão de recursos hídricos, essa tecnologia dá suporte ao monitoramento climático em bacias hidrográficas, oferecendo dados essenciais para a modelagem de cenários de cheias ou secas.

Considerações de mercado

A conectividade via satélite está se tornando cada vez mais acessível, impulsionando a adoção em casos de uso onde a cobertura terrestre é cara demais – ou simplesmente inexistente. Segundo projeções da Myriota, todo o ecossistema, desde modems até os custos de transmissão de dados, deverá estar, ao menos, um terço mais barato até o final de 2025, tornando o modelo de negócio ainda mais viável.

Por que agora?

A convergência entre a urgência climática, a maturidade tecnológica e a crescente interoperabilidade regional cria um momento necessário e oportuno para a expansão das estações meteorológicas conectadas por satélite. Com eventos climáticos extremos e localizados se tornando mais frequentes, ter dados em tempo hábil tornou-se uma prioridade estratégica para muitos setores. Ao mesmo tempo, avanços em tecnologias como nano satélites de órbita baixa (LEO) e dispositivos satelitais de ultra baixo consumo de energia elétrica possibilitam o acesso a redes robustas, duráveis e de baixo custo em locais antes inacessíveis.

As estações meteorológicas com conectividade por satélite viabilizam a geração de dados ambientais de alta qualidade em regiões remotas. Para os países latino-americanos, isso representa não apenas inovação, mas também uma ferramenta essencial para enfrentar os desafios ambientais e climáticos do século XXI.

Oscar Delgado, Diretor de Vendas para a América Latina na Myriota.

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