O Chelsea venceu o Paris Saint-Germain por 3 a 0 e conquistou, com autoridade, o título da Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2025. A partida, realizada no MetLife Stadium, em New Jersey, consagrou a equipe inglesa comandada por um inspirado Cole Palmer. Dentro de campo, a vitória foi dos “Blues”. Mas fora das quatro linhas, outro triunfo também merece destaque – e talvez seja o mais importante a longo prazo: quem venceu foi a sustentabilidade. Em uma edição marcada por compromissos ambientais, o Mundial mostrou que é possível unir espetáculo esportivo e responsabilidade com o planeta.
Essa foi a primeira edição da competição organizada com uma estrutura voltada, de fato, para a responsabilidade ambiental. E isso precisa ser celebrado tanto quanto o futebol em si. Em tempos de aquecimento global, aumento do efeito estufa, poluição do ar e emergências climáticas, o torneio mostrou que é possível repensar a forma como o esporte ocupa o planeta.
Os responsáveis pela organização implementaram o abastecimento por energia solar em seis dos doze estádios utilizados ao longo da competição. A tecnologia fotovoltaica garantiu o funcionamento de telões, iluminação, climatização e até das coberturas dos estacionamentos com menos emissão de carbono e menor custo operacional. O próprio palco da final, o MetLife Stadium, operou com 1.350 painéis solares para abastecer as operações básicas. Em Atlanta, o Mercedes-Benz Stadium gerou 1,6 MWh por ano com 4 mil painéis. O Bank of America Stadium, em Charlotte, evitou a emissão de mais de 600 toneladas de CO₂ com 5,8 mil módulos instalados. E o Audi Field, mesmo sendo o menor dos palcos, reduziu em 30% sua dependência da rede elétrica com quase 800 mil kWh anuais gerados.
Esses exemplos importam e muito. Segundo dados do Instituto The New Weather, o futebol profissional é responsável por até 66 milhões de toneladas de CO₂ equivalente por ano, o mesmo que países inteiros, como a Áustria. Uma única partida de fase final pode emitir entre 44 mil e 72 mil toneladas. Portanto, ignorar essa realidade é simplesmente incompatível com a relevância que o esporte possui.
Aqui no Brasil, temos tentado fazer a nossa parte. Como Presidente Executivo da Cristalcopo, me orgulho de termos criado o projeto Recicla Junto, em 2019, no estádio Heriberto Hülse, casa do Criciúma. Desde então, recolhemos milhares de toneladas de resíduos com o apoio de catadores e da própria torcida, que participa ativamente da coleta. No último Campeonato Brasileiro, mais de 15 mil toneladas foram retiradas das arquibancadas e arredores do estádio. Não é apenas uma questão de imagem, marketing e autopromoção: é compromisso. E estamos prontos para o próximo passo.
Também colhemos, ainda que timidamente, os frutos deixados pela Copa de 2014. O Maracanã, o Mineirão e o Beira-Rio, entre outros, seguem utilizando soluções sustentáveis como a captação de água da chuva, placas solares e ações de reciclagem. Mas está na hora de isso deixar de ser exceção.
O futebol tem poder. Mobiliza milhões. Emociona. Mas também precisa assumir um papel como ferramenta de transformação. O Chelsea foi campeão – e com justiça. Mas o que talvez passe despercebido é que, no mundial, o planeta também venceu. Que esse título sirva de inspiração para que cada estádio do mundo, inclusive no Brasil, entre em campo com a sustentabilidade como titular. O futuro do esporte mais apaixonante do planeta depende de algo simples, mas urgente: jogar bonito e de forma responsável.
Augusto Freitas, Presidente Executivo da Cristalcopo, idealizadora do projeto Recicla Junto, que atua há cinco anos no estádio Heriberto Hülse.