terça-feira, julho 15, 2025

Centro de Estudos da Aberje lança diretrizes para comunicação com empregados em desastres climáticos

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A Aberje – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, por meio do seu Centro de Estudos e Análises Econômicas Aplicadas à Comunicação (CEAEC), lançou neste mês um Resumo Executivo inédito que orienta profissionais sobre a atuação da comunicação com colaboradores em contextos de desastres climáticos. A publicação se baseia na experiência de empresas que responderam às enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 e sistematiza caminhos possíveis, aprendizados e boas práticas adotadas durante o período.

Com foco em apoiar os profissionais da área diante de crises de natureza ambiental, o estudo, coordenado pela Prof. Cynthia Provedel, combina dados de pesquisa com lideranças empresariais, entrevistas, benchmarking e uma curadoria de experiências reais. Embora conteúdos como este sejam normalmente reservados aos associados da Aberje, o material foi disponibilizado ao público em razão de seu caráter de interesse coletivo.

“Este material nasce da urgência em repensar o papel da comunicação organizacional frente à crise climática. Acreditamos que o profissional de comunicação, além de estratégico, precisa estar preparado emocional e tecnicamente para lidar com cenários extremos. Compartilhar esses aprendizados é parte do compromisso da Aberje com a construção de organizações mais humanas, ágeis e conscientes”, afirma Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje.

Perfil das empresas e contexto da crise

A pesquisa foi conduzida com 18 representantes de empresas associadas à Aberje, atuantes em 14 setores distintos. O perfil dos respondentes evidencia a centralidade da comunicação nas organizações: 61% ocupam cargos de diretoria, 33% de gerência e 6% de coordenação. A maioria das empresas (72%) possui operações no Rio Grande do Sul — sendo que 77% têm sede em outro estado e filiais no RS, enquanto 23% são sediadas no estado com filiais em outras regiões do país.

“Essas organizações enfrentaram desafios imediatos relacionados à segurança de seus colaboradores, ao colapso de infraestrutura e à necessidade de respostas rápidas, mesmo diante de instabilidade elétrica, falhas de comunicação e danos estruturais severos”, afirma Cynthia Provedel, professora da Escola Aberje e responsável pela coordenação editorial da publicação.

Aprendizados que reposicionam a comunicação com colaboradores

O estudo aponta que, em situações de calamidade, a comunicação com colaboradores ganha papel ainda mais estratégico e humano. Entre os principais aprendizados estão a centralidade da preservação da vida nas mensagens iniciais, a importância de canais acessíveis e atualizados, e o protagonismo das lideranças com posturas afetivas e acolhedoras.

Também são destacadas a necessidade de decisões ágeis a partir de estruturas de governança bem definidas; a escuta ativa como ferramenta para antecipar e responder a demandas emergenciais; e a atenção aos impactos emocionais, como luto, insegurança e culpa coletiva. O uso de micronarrativas afetivas foi identificado como uma forma eficaz de fortalecer vínculos e preservar a memória institucional da crise.

A gerente de Marca e Reputação da Randoncorp e diretora do Capítulo Aberje Rio Grande do Sul, Ana Paula Rocha, reforça esse ponto a partir da experiência vivida: “A intensidade e a velocidade com que a crise avançou demandaram respostas rápidas e cautelosas. A comunicação tornou-se um exercício de sensibilidade e discernimento, direcionado a apoiar a comunidade sem desviar o foco da dor que todos estavam sentindo”.

Casos exemplares e boas práticas aplicadas

A publicação traz ainda exemplos de ações desenvolvidas por empresas como Japan Tobacco International (JTI), Randoncorp, Sicredi e Engaje! Comunicação Sul. Entre as boas práticas estão o mapeamento emergencial dos colaboradores, apoio financeiro e psicológico imediato, flexibilização da jornada de trabalho, campanhas internas de doação, comunicação clara sobre benefícios públicos e mobilização das lideranças para escuta e acolhimento.

Essas experiências foram marcadas pela combinação entre responsabilidade institucional e sensibilidade individual, revelando que a comunicação com colaboradores precisa estar alinhada tanto à estratégia da organização quanto à realidade concreta das pessoas afetadas.

“As mudanças climáticas já deixaram de ser uma possibilidade futura. Elas estão acontecendo agora, exigindo das empresas mais do que reação: exigem preparo, sensibilidade e ação coordenada. Este estudo é uma ferramenta concreta para que as organizações avancem nesse caminho com mais consciência e responsabilidade”, conclui Cynthia Provedel.

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