quarta-feira, julho 16, 2025

Novo relatório expõe “falhas ecológicas” do Google e revela aumento de 1.500% nas emissões da empresa

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Um relatório alternativo recém-publicado acusa o Google de mascarar o crescimento expressivo de seu impacto ambiental, impulsionado pela expansão das tecnologias de inteligência artificial generativa. Intitulado As Falhas Ecológicas do Google”, o estudo foi lançado pela organização norte-americana Kairos Fellowship em resposta ao relatório ambiental anual da empresa

Segundo os autores, a companhia estaria utilizando dados seletivos para minimizar a percepção de seus impactos reais sobre o clima, a água e a energia. A acusação vem acompanhada de números: entre 2010 e 2024, as emissões totais de gases de efeito estufa do Google cresceram 1.515%, segundo dados divulgados pela própria empresa. Só as emissões de escopo 2 – aquelas associadas à energia comprada para alimentar seus data centers – subiram 820% no mesmo período 

Esse volume de poluição, estimado em 21,9 milhões de toneladas métricas de CO₂ equivalente, corresponde à adição de 4,7 milhões de carros às estradas dos Estados Unidos em um ano. O consumo de água também disparou. De 2016 a 2024, a retirada hídrica do Google aumentou 340%, chegando a 11 bilhões de galões (cerca de 41,6 bilhões de litros) – mais do que o volume usado em um ano por toda a população de Phoenix, no Arizona, em banhos diários.


“Apesar de tentar selecionar dados para melhorar sua imagem pública, o próprio Google deixa claro que está acelerando a catástrofe climática”, disse Nicole Sugerman, gerente de campanhas da Kairos e coautora do relatório. 

Além dos impactos ambientais diretos, o documento critica o papel do Google na difusão de desinformação climática. A organização afirma que o YouTube continua monetizando vídeos negacionistas, enquanto a ferramenta de Resumo por IA do Google passou a exibir respostas baseadas em fontes ligadas à indústria de combustíveis fósseis — mesmo quando essas alegações são desmentidas pela checagem de fatos da própria plataforma de busca. 

Promessas frágeis e soluções arriscadas 

A meta de zerar as emissões líquidas até 2030, segundo o relatório, depende de tecnologias ainda incertas, como os pequenos reatores nucleares (SMRs, na sigla em inglês). “Mesmo o Google reconhece que essas soluções estão avançando devagar demais para fazer diferença a tempo”, dizem os autores. Pesquisadores ouvidos pelo grupo avaliam que é improvável que a empresa consiga reduzir significativamente suas emissões até o fim da década. 

Para Janene Yazzie, diretora de políticas do NDN Collective, que contribuiu com a análise, a aposta na energia nuclear para sustentar a demanda da IA representa riscos sérios à saúde pública e ao meio ambiente. “Estamos falando de uma tecnologia cujos impactos são tão devastadores que ainda não existem soluções para mitigá-los de forma significativa.” 

O relatório também denuncia a construção de data centers em regiões vulneráveis, com alto custo social e ambiental. “Esses projetos drenam recursos naturais em nome do lucro corporativo, sem ouvir as comunidades locais”, afirmou Sandra Ata, do coletivo Roots.

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