Por conta das mudanças climáticas que o mundo tem enfrentado nos últimos anos, se faz cada vez mais necessária a agenda de sustentabilidade. Sendo talvez uma das únicas alternativas para reverter esse cenário, de acordo com a pesquisa “Panorama ESG 2024”, da Amcham Brasil, 71% das empresas participantes estão implementando práticas ESG em suas operações. Além disso, estudos da Union + Webster mostram que 87% dos consumidores brasileiros preferem adquirir serviços e produtos de organizações sustentáveis.
Os parâmetros servem para mensurar o que as companhias estão fazendo para minimizar os impactos de suas atividades no meio ambiente, especialmente quando se trata do setor industrial, considerado um dos mais poluentes e cansativos. Assim, eles ajudam a proporcionar um futuro melhor, ao mesmo tempo que melhoram a gestão, a imagem e até a lucratividade do negócio. Isso porque os indicadores ESG têm relação com práticas socialmente conscientes, ambientalmente sustentáveis e gerenciamento correto da empresa. A pesquisa Global Reporting and Investor Survey, por exemplo, realizada pela consultoria EY, mostra que a agenda influencia a tomada de decisão de 99% dos investidores no Brasil.
No entanto, para escolher os indicadores como o ISE B3, da bolsa de valores, e GSI, ou os que mais ressoem com o seu negócio, é necessário avaliar o cenário, expectativas, demandas e tendências associadas às seguintes áreas: ambiental, social e econômica. Os encarregados pelo monitoramento da prática devem ter entendimento sobre as demandas de cada item e conhecimento dos riscos, oportunidades e consequências. Além disso, é preciso trabalhar com fornecedores que também estejam comprometidos com a agenda ESG e incentivar ações ligadas com a missão da empresa são fundamentais.
Apesar de todo conjunto servir para um propósito em comum, cada letra do ESG tem o seu próprio significado e objetivo. O Environmental (ambiental) avalia as ações de preservação do planeta; o Social mensura o relacionamento da empresa com funcionários, clientes e a sociedade como um todo; e o Governance (governança) analisa a administração e as políticas empresariais. Dessa forma, a primeira é utilizada para considerar a postura da empresa em assuntos ligados ao meio ambiente, que vão desde seleção de equipamentos usados na cadeia de produção, até a geração e descarte de resíduos.
Enquanto isso, a parte Social está mais ligada ao funcionamento interno da instituição, mais especificamente aos trabalhadores. Assim, é preciso observar as condições de trabalho oferecidas, saúde e segurança dos colaboradores, entre outros aspectos. Isso inclui a aplicação das leis trabalhistas, oferta de programas de treinamento e cursos de qualificação, pluralidade no quadro de funcionários e um ambiente corporativo seguro. Por sua vez, a última letra diz respeito à transparência que os executivos possuem para com os seus colaboradores, além de ações do comitê de ética, atendimento ao cliente e atitudes contra a corrupção.
Para mensurar o indicador ligado ao meio ambiente, as empresas podem quantificar as ações por meio da eficiência energética e das métricas de reciclagem, por exemplo. Com isso, a gestão poderá tomar decisões com propriedade para atingir as metas da agenda ESG adotada. Sendo assim, trabalhar com revenda de aparas e sobras para catadores fomenta e favorece a economia circular.
Quando se trata do campo social, realizar pesquisas internas com os trabalhadores é essencial para descobrir o nível de satisfação e bem-estar dos mesmos. No entanto, realizar um diagnóstico do espaço corporativo e deixar um canal de comunicação aberto é fundamental para aqueles que não se sentem confortáveis para expor os problemas e as dificuldades. Além disso, no caso de fábricas que estão cercadas por comunidades, aproximar as pessoas da indústria e criar um senso de pertencimento fortalece o vínculo com o colaborador. Isso também demonstra que a empresa se preocupa com a qualidade de vida dos que vivem ao redor, se adequando aos parâmetros da OSC (Organização da Sociedade Civil).
Assine nossa Newsletter e receba diariamente as principais notícias do mercado
Uma estratégia muito utilizada nas indústrias que aderiram às práticas da ESG é a matriz de materialidade. Trata-se de uma ferramenta que ajuda a empresa a identificar e priorizar os temas mais relevantes para suas operações e seus stakeholders, orientando a tomada de decisões e a elaboração de relatórios de sustentabilidade. Assim, um de seus benefícios é contribuir para a transparência da empresa, mostrando quais são os temas mais importantes e como a empresa está lidando com eles. Ao priorizar as questões mais relevantes, a organização pode focar seus esforços em áreas de maior impacto, melhorando sua performance.
Por fim, investir e seguir práticas sustentáveis não é somente mais um diferencial, mas quase uma obrigação. As indústrias que ficarem na contramão do mercado tendem a perder espaço. Quando uma empresa se adequa aos principais indicadores, como resultado, pode atrair novos investidores para o empreendimento. Portanto, demonstrar preocupação com o futuro do planeta e ter atitudes sustentáveis melhoram a imagem perante a sociedade. Porém, muito mais que isso, a agenda evolui a organização como um todo, se preocupando com a saúde de seus funcionários e a integridade de seus serviços e suas produções.
Thiago Leon Marti, Head de Branding, Design e Comunicação na Printi. É formado em Produção Gráfica e Design Gráfico, com Pós Graduação em Design Gráfico pela Faculdade de Belas Artes da Hungria e também em Design Estratégico e Inovação pelo IED-Brasil. O executivo conta com uma trajetória multidisciplinar nas áreas de design e experiência no universo do terceiro setor e impacto social, e tem passagens pelo Instituto Máquina do Bem e eduK.