Apesar dos avanços no discurso sobre diversidade, a inclusão LGBTQIAPN+ ainda encontra barreiras importantes dentro das empresas. É o que revela uma nova pesquisa da Catho, plataforma de empregos pioneira no Brasil. O levantamento realizado com empresas e profissionais de diversos perfis, mostra que as iniciativas ainda estão distantes da prática no ambiente corporativo.
De acordo com os dados, 51,5% dos entrevistados já sofreram ou presenciaram episódios de discriminação no trabalho, e cerca de 20% afirmaram que já foram prejudicados em processos seletivos, promoções ou até demissões por conta de sua identidade. Além disso, 44% dizem que não existem incentivos reais para inclusão da comunidade nas organizações e 41% não identificam nenhuma iniciativa voltada especificamente para contratação de profissionais LGBTQIAPN+.
Para Tatianne Brito, coordenadora de Recursos Humanos da Catho, o cenário atual exige mais do que boas intenções: “É necessário agir com intencionalidade. A diversidade precisa estar na estratégia, não só na comunicação. Quando um profissional LGBTQIAPN+ é contratado, mas não encontra um ambiente seguro, o impacto é duplo, tanto na pessoa quanto no desempenho da equipe”.
Segundo os participantes da pesquisa, as ações mais comuns dentro das empresas se limitam a políticas internas e treinamentos, representando metade das iniciativas apontadas. No entanto, 11% dos pesquisados afirmam não existir incentivos para inclusão e 25% até acreditam que exista, mas não enxergam isso na prática. Embora sejam importantes, a especialista da Catho ressalta que essas medidas isoladas não têm sido suficientes para promover mudanças mais profundas no ambiente de trabalho.
Tatianne reforça que empresas que desejam atrair e reter talentos precisam investir em cultura inclusiva, com metas claras, indicadores e escuta ativa: “Criar um ambiente onde todas as pessoas possam ser quem são, sem medo de represálias, é também uma questão de produtividade e inovação”.
Ainda conforme o estudo da plataforma, 28,9% dos entrevistados se sentem invisíveis e 28,1% relatam serem subestimados com frequência.
“O que queremos com essa pesquisa é, justamente, impulsionar a conscientização e a importância da inclusão no mercado de trabalho, incentivando as empresas a refletirem sobre suas práticas internas. Todo talento é bem-vindo e pode contribuir para o desenvolvimento de uma organização. É preciso avançar do discurso à ação real”, conclui a porta-voz.