quarta-feira, junho 25, 2025

O futuro do varejo cabe em uma palavra: ESG

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Muito antes das soluções digitais revolucionarem a forma como compramos, o varejo já dava sinais de que mudanças no comportamento do consumidor moldavam profundamente esse mercado. Hoje, sabemos: tecnologia virou commodity. A compra no app, o delivery rápido, a automatização do estoque, tudo isso é esperado. Mas o que realmente diferencia as marcas, agora, é o quanto elas se alinham a valores mais profundos que se conectam ao consumidor. E é aí que entra o ESG

Essa não é apenas uma sigla para estar nos relatórios corporativos. Ela traduz, na prática, o quanto uma empresa está preparada para operar de forma ética, responsável e conectada com os desafios do mundo. E, no varejo, isso se reflete cada vez mais nas decisões de compra.

Segundo o estudo Tendências de Bens de Consumo 2024, 83% dos consumidores brasileiros preferem marcas comprometidas com a agenda ESG. E 37% estão dispostos a pagar mais por produtos sustentáveis. Isso muda tudo: a forma como a empresa se comunica, o que ela escolhe levar para a prateleira, a lógica de operação e até mesmo as suas métricas de sucesso.

Mais do que isso, elas entendem que sustentabilidade não é custo: é eficiência. Que inclusão social não é caridade: é inteligência de negócio. E que governança sólida não é burocracia: é resiliência. No varejo alimentar, por exemplo, ESG não é apenas uma oportunidade, mas uma urgência, principalmente quando olhamos para um país que desperdiça cerca de 46 milhões de toneladas de comida por ano, enquanto milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar. Reduzir esse desperdício não é só um imperativo ambiental. É uma questão ética e econômica.

Modelos de negócio voltados à redução do desperdício têm demonstrado que é possível transformar excedentes em valor. Eles conciliam impacto social, eficiência operacional e engajamento do consumidor, tudo sob uma abordagem alinhada aos princípios ESG. O ponto de virada está em abandonar a lógica isolada e adotar uma visão de ecossistema, onde cada parte da cadeia gera e compartilha valor. Mas nada disso acontece sem liderança. Afinal, ESG exige intenção genuína, visão de longo prazo e coragem para revisitar e reformular processos,  da governança à ponta da cadeia. Não basta “parecer sustentável”. É preciso ser. E isso se constrói com cultura, com dados, com ação.

O consumidor já mudou. O ESG já é critério de escolha. E o varejo que quiser continuar relevante precisa fazer a mesma virada de chave que fez com o digital. Agora, com consciência, porque o novo diferencial competitivo não é só entregar rápido. É entregar com propósito.

Lucas Infante, CEO e cofundador da Food To Save.

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