A indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo. Cerca de 10% das emissões globais de gases de efeito estufa vêm desse setor, o que agrava ainda mais a crise climática. Diante disso, temos visto um movimento crescente em direção a práticas mais conscientes e sustentáveis. Os dados confirmam essa tendência: um estudo da Kings Research mostrou que tecidos orgânicos, reciclados e naturais representaram 40,89% das receitas do setor em 2023. Esses números impulsionam uma mudança clara no comportamento dos consumidores, que buscam alternativas que reduzam a poluição e preservem a biodiversidade.
Poucos sabem, mas a cadeia produtiva da moda consome recursos naturais de forma intensa bem como descarta toneladas de resíduos têxteis todos os anos, muitos deles feitos de fibras sintéticas que levam séculos para se decompor. O principal vilão? O CO2, que está presente em praticamente todas as etapas da produção. Para mudar esse cenário, acredito que inovações sustentáveis e responsabilidade ambiental precisam caminhar juntas. No campo da moda, isso significa repensar materiais, processos e impactos.
Entre as alternativas que têm ganhado força está o biotecido de micélio que se apresenta como uma opção viável e sustentável ao couro, seja ele animal ou sintético. O biotecido, além de ser biodegradável, traz vantagens quando comparado ao couro bovino. Possui baixa pegada hídrica, baixa emissão de CO2 e dispensa o uso de produtos químicos no processo. É um material versátil, que pode ser moldado para ter a mesma textura e resistência do couro, funcionando bem em roupas, calçados e acessórios.
A crise climática já é uma realidade e não podemos mais adiar soluções. O que estamos fazendo é transformar desafios ambientais em oportunidades. A meta é oferecer produtos que equilibram inovação, estética e sustentabilidade. Provar que é possível, sim, alinhar propósito e lucratividade. E mais do que isso: mostrar que a moda pode – e deve – ser aliada de um futuro mais sustentável.
Antonio Carlos de Francisco, CEO da Muush.