quinta-feira, maio 15, 2025

Apenas 6,9% dos materiais usados no mundo têm origem na reciclagem

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Relatório desenvolvido pela Circle Economy em colaboração com a Deloitte apresenta 11 indicadores de circularidade para apoiar empresas e formuladores de políticas públicas a remodelar políticas, redesenhar sistemas e acelerar soluções circulares.

14 de maio de 2025, São Paulo — Apenas 6,9% das 106 bilhões de toneladas de materiais usados anualmente pela população global têm origem em fontes recicladas – uma queda de 2,2 pontos percentuais desde 2015, de acordo com novo relatório elaborado pela Circle Economy em colaboração com a Deloitte. O Circularity Gap Report 2025 (CGR®) aponta que o consumo global de materiais está ultrapassando o crescimento populacional e gerando mais resíduos do que os sistemas de reciclagem conseguem absorver – o que coloca em evidência a necessidade de metas globais de economia circular, transformação em nível sistêmico e colaboração multilateral.

Pela primeira vez, o relatório analisa como os materiais que entram, se acumulam e fluem através da economia global estão contribuindo para – ou dificultando – o estabelecimento de uma economia circular. Essa análise traz uma avaliação abrangente do cenário atual e um conjunto inicial de metas propostas para ajudar a reduzir o consumo de materiais e aumentar a circularidade global. Usando 11 indicadores de circularidade, o estudo ajuda a identificar como várias alavancas, por exemplo a sustentabilidade agrícola e o desenvolvimento de infraestrutura, podem ser acionadas para impulsionar a circularidade, destacando uma vasta fonte de potencial inexplorado.

Juntamente com o CGR 2025, a Circle Economy lançou o CGR® Dashboard – um banco de dados que disponibiliza os milhões de dados coletados desde o início da produção do relatório anual, com o objetivo de democratizar o acesso aos dados de circularidade para permitir que formuladores de políticas públicas, líderes empresariais e agentes de mudança em todo o mundo tomem decisões informadas.

Embora o uso de materiais reciclados tenha aumentado em 200 milhões de toneladas de 2018 a 2021, o consumo geral de materiais cresceu muito mais rapidamente, diminuindo o impacto das melhorias. O relatório propõe reduzir a dependência de matérias-primas virgens pela priorização do uso de reciclados, aumentando a eficiência dos recursos em todas as operações e cadeias de valor e projetando produtos para longevidade por meio de design durável, reparabilidade e modularidade.

Se pudéssemos reciclar todos os materiais possíveis, a circularidade global poderia aumentar de 6,9% para 25%, sem redução de consumo. No entanto, isso seria improvável na prática, pois alguns materiais são muito difíceis ou caros de reciclar. É por isso que o relatório aponta para a necessidade de medidas que reduzam o consumo geral de materiais, juntamente com o aumento dos esforços de reciclagem.

O sistema de reciclagem atual não é apenas inadequado para lidar com a crise global de resíduos, mas, também, ineficiente. É uma oportunidade para líderes empresariais de todos os setores melhorarem os sistemas de reciclagem e minimizarem a geração de resíduos por meio de princípios de design circular, investirem em infraestrutura e tecnologias para melhorar a coleta de resíduos e explorarem aplicações de alto valor para resíduos.

Além disso, a maioria dos materiais reciclados provém de resíduos industriais e de demolição, enquanto uma fatia menor vem de os resíduos domésticos. Apenas 3,8% de todos os materiais reciclados são provenientes de itens cotidianos que os consumidores individuais usam e descartam.

“Nossa análise é clara: mesmo no mundo ideal, não podemos resolver a tripla crise planetária apenas com a reciclagem. A transformação sistêmica tão necessária demanda uma mudança profunda. Isso significa aproveitar o potencial circular em ativos como edifícios e infraestrutura, gerenciar a biomassa de forma sustentável e parar de destinar materiais perfeitamente renováveis para aterros sanitários. Essa mudança não acontece sem que todos estejamos envolvidos. Todos precisamos fazer escolhas diferentes, ser ousados e investir para implementar soluções circulares em todas as cadeias de valor”, afirma Ivonne Bojoh, CEO da Circle Economy.

O relatório recomenda o estabelecimento de metas globais de economia circular para diminuir o uso de materiais e a demanda de energia, juntamente com o aumento das taxas de reciclagem. Isso pode ser alcançado pela promoção de princípios de design circular, otimização da vida útil dos produtos e de seus componentes existentes e garantia de que o uso de materiais reciclados se torne o padrão para negócios em todos os setores e regiões.

Os governos têm a oportunidade de ajudar a moldar as condições para a circularidade por meio de políticas públicas inteligentes e colaboração multilateral. Ao definir uma visão clara e apoiar iniciativas circulares, eles podem criar condições favoráveis para a circularidade. Isso inclui transferir a carga tributária do trabalho para o uso de materiais, reorientar subsídios recebidos pelas práticas econômicas tradicionais (atividades baseadas no modelo extrair-produzir-descartar) e financiar projetos circulares.

“Líderes empresariais que enxergam além da conformidade, abraçando proativamente uma mentalidade de circularidade, podem ajudar suas organizações a criar valor e oportunidades de mercado, reduzir custos e construir a resiliência de sua cadeia de suprimentos a longo prazo. O relatório CGR deste ano oferece insights factíveis, para ajudar a decidir onde concentrar esforços, a progredir significativamente em objetivos de sustentabilidade e a construir uma economia global resiliente, em harmonia com os limites do nosso planeta”, afirma David Rakowski, líder global de Circularidade da Deloitte.

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