Em um painel realizado no último mês durante visita à planta de biometano localizada no Aterro Sanitário de Caieiras, executivos de grandes empresas discutiram o avanço da produção de biometano e o papel das energias renováveis no Brasil. Participaram do debate Patrícia Acioli, Diretora de Comunicação e Sustentabilidade da Scania, Erik Trench, Diretor de Gases Renováveis da Ultragaz, e Sergio Arosti, Diretor de Negócios em Energia Renovável da Solví.
Biometano como pilar estratégico
Erik Trench, da Ultragaz, destacou a importância da descentralização da produção de biometano no país. Segundo ele, diferentemente de combustíveis fósseis, o biometano permite uma produção distribuída em diferentes pontos, ampliando o alcance em regiões afastadas dos grandes centros urbanos. “A produção descentralizada é um ativo muito importante. O Brasil é um país de dimensões continentais, e essa característica nos permite levar energia renovável para locais mais distantes, conectando regiões de maneira mais eficiente”, afirmou Trench.
O executivo também ressaltou o potencial do biometano para contribuir com a transição energética no transporte urbano. Para ele, apesar do crescimento da eletrificação, o biometano pode ser um importante alicerce na descarbonização de frotas, especialmente em áreas onde a eletricidade ainda enfrenta desafios de infraestrutura. “A mobilidade urbana precisa de soluções híbridas. O biometano tem um papel fundamental em complementar a eletrificação, garantindo emissões reduzidas e viabilidade econômica”, completou.
Energia renovável como alavanca para a economia de baixo carbono
Sergio Arosti, da Solví, destacou a jornada de mais de 30 anos da empresa no setor de resíduos e como essa experiência se converteu em um modelo de negócio orientado à economia de baixo carbono. “Saímos da simples destinação de resíduos para criar um negócio que movimenta a economia de baixo carbono. O aterro sanitário não apenas assegura a destinação correta dos resíduos, mas também retira carbono da atmosfera”, afirmou Arosti.
A Solví tem investido em projetos de captura de biogás para transformar o gás gerado nos aterros em biometano, contribuindo para a redução de emissões. Arosti frisou que, diferentemente da produção de gás natural em plataformas de petróleo, o biometano tem um impacto significativamente menor nas emissões de carbono. “Nosso foco não é competir com commodities, mas descarbonizar a operação dos nossos clientes. É sobre gerar energia limpa e, ao mesmo tempo, contribuir para a redução do impacto ambiental”, explicou.
Transformação cultural e novos modelos de negócio
Representando a Scania, Patrícia Acioli abordou os desafios culturais para a transição energética. Segundo ela, a empresa tem trabalhado ativamente em change management para preparar seus clientes para as novas tecnologias de energia limpa, incluindo biometano e eletrificação. “A mudança não é apenas tecnológica, é cultural. Precisamos criar um ecossistema que acredite e invista em soluções sustentáveis para que possamos avançar de forma consistente”, afirmou.
Patrícia também comentou sobre a importância da integração entre políticas públicas e iniciativas privadas para viabilizar essa transição. “A Scania defende que o futuro é eclético, com soluções múltiplas coexistindo para descarbonizar o transporte. Estamos falando de biometano, eletrificação e eficiência energética. É uma jornada que precisa de apoio regulatório para escalar”, completou.