quinta-feira, maio 15, 2025

ESG e Saneamento: uma oportunidade para o Brasil

Compartilhar

O setor de saneamento básico no Brasil vive um momento decisivo. Com o novo marco legal ampliando a participação da iniciativa privada, integrar práticas ESG (Ambiental, Social e Governança) não é apenas relevante – é estratégico. O fornecimento de água tratada e a coleta e tratamento de esgoto já têm relação direta com questões ambientais e sociais. Mas é possível avançar ainda mais.

Tecnologias como a geração de biogás a partir do lodo das estações de tratamento, programas de eficiência energética e controle de perdas representam caminhos viáveis para tornar o setor mais sustentável. Essas iniciativas reduzem emissões de gases de efeito estufa e promovem a economia circular, aliando impacto ambiental positivo à eficiência operacional.

Ao mesmo tempo, o ESG abre portas para novas formas de financiamento. Green Bonds, Social Bonds e títulos sustentáveis ganham espaço no mercado de capitais atraindo investidores comprometidos com causas socioambientais. Um exemplo é o Programa Eco Invest Brasil, criado com recursos do Fundo Nacional sobre a Mudança do Clima, que oferece crédito para projetos de transformação ecológica. Na prática, empresas já estão se movimentando. A Sabesp lançou o programa “Parceiros para o Impacto”, incentivando fornecedores a adotarem inovações sustentáveis e sociais. Essa atuação em rede promove uma cadeia de suprimentos mais responsável e estimula a transformação sistêmica do setor. Trata-se de um modelo de governança colaborativa, no qual a inovação tecnológica e a responsabilidade social caminham lado a lado.

A meta de universalizar o saneamento até 2033 exigirá cerca de R$ 700 bilhões em investimentos, segundo a Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon). A entrada de capital privado será essencial para alcançar esse objetivo – e o ESG é uma ferramenta-chave para direcionar e viabilizar esses aportes.

Mais do que ampliar a cobertura dos serviços, é necessário garantir sua qualidade e sustentabilidade. Adotar esses critérios ajuda as empresas a irem além do cumprimento legal: melhora a imagem institucional, atrai investimentos e gera valor para acionistas, colaboradores e comunidades.

A pressão de investidores, consumidores e reguladores por empresas mais comprometidas com o impacto positivo é crescente. No saneamento, isso se traduz em soluções ambientais para para o reaproveitamento de resíduos sólidos, estratégias para valorização e destinação adequada do lodo, ações de inclusão social e diversidade, bem como em práticas de transparência e consolidação de uma governança íntegra e participativa. O ESG já é uma realidade e deve ser visto como uma oportunidade. O setor de saneamento tem condições de liderar a transição para um modelo de infraestrutura mais inovador, eficiente e alinhado às metas globais de desenvolvimento sustentável.

Clóvis Francisco de Araújo, consultor na Vizca Engenharia e Consultoria Engenheiro civil, com certificação GRI – Global Reporting Initiative, que é o principal padrão global para relatórios de sustentabilidade, focado em ESG (Environmental, Social, Governance) e parceiro da IFRS Foundation para emissão de Relatório Integrado, instituição mundialmente reconhecida por zelar por padrões de confiança em relatórios financeiros. Também tem especialização em gestão ambiental e em gestão de projetos, com mestrado Profissional Internacional BIM Manager. Experiência de mais de 10 anos em gestão de Projetos e Programas, implantação de metodologias, e gerenciamento de obras de saneamento e recursos hídricos.

Leia Mais

Outras Notícias