terça-feira, maio 6, 2025

Estudo revela que apenas 1 em cada 5 contratações em cargos de tecnologia no Brasil é de mulheres     

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Em um momento em que debates sobre diversidade enfrentam resistências e movimentos contrários ganham espaço globalmente, um estudo inédito da Laboratória, em parceria com a McKinsey & Company, confirma um dado importante: apenas 20% das novas contratações em cargos de tecnologia no Brasil são de mulheres. O levantamento destaca a necessidade urgente de iniciativas inclusivas no setor, sob o risco de retrocessos que podem comprometer a inovação e a competitividade das empresas.

A pesquisa, realizada com mais de 300 empresas de tecnologia em cinco países da América Latina – Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e México – utilizou dados de processos seletivos, análises de cargos e entrevistas com gestores de tecnologia e recursos humanos para entender a representatividade feminina no setor. O estudo também alerta para o impacto negativo de políticas que desconsideram a diversidade como motor de crescimento econômico e inovação. “Com esse número, dificilmente conseguiremos avançar na pauta para termos uma sociedade mais equitativa e com mulheres ocupando espaços de liderança”, afirma Regina Acher, cofundadora da Laboratória no Brasil.

Além de analisar o cenário nacional, o estudo oferece uma comparação entre os países latino-americanos e destaca que as mulheres enfrentam barreiras substanciais, especialmente em posições de liderança. No Brasil, menos de 30% das posições de alta gerência no setor tecnológico são ocupadas por mulheres, refletindo uma disparidade crescente à medida que se avança na hierarquia corporativa. Em outros países da região, como a Colômbia, esse número chega a 35%, enquanto o México apresenta uma taxa de 25%. Mesmo em países onde a presença feminina é um pouco maior, a diferença ainda é alarmante, especialmente nos níveis mais altos de responsabilidade.

Crescimento digital e falta de diversidade

O estudo surge em um momento crucial para o Brasil, que tem experimentado um crescimento da economia digital na última década.

No entanto, esse boom tecnológico não foi acompanhado por um aumento proporcional na diversidade de gênero nas empresas de tecnologia. As mulheres continuam sub-representadas tanto nos processos de recrutamento quanto nas promoções, especialmente para cargos de liderança.

Embora as taxas de contratação de mulheres sejam semelhantes às dos homens quando elas chegam à fase de entrevistas, o número de candidatas que alcançam essa etapa ainda é muito menor. Entre os fatores limitantes estão a ausência de políticas ativas de equidade de gênero nos processos seletivos e a falta de suporte em momentos cruciais, como a licença-maternidade e a reintegração ao mercado de trabalho após esse período.

O estudo também aponta que áreas como análise de dados e desenvolvimento de software têm despertado um interesse crescente entre as mulheres, mas a inclusão dessas profissionais nos processos seletivos permanece um desafio. Além disso, há uma diferença salarial significativa: as mulheres que conseguem conquistar cargos similares aos dos homens ainda recebem, em média, 24% menos, e essa disparidade é ainda mais acentuada em posições de liderança.
Apesar dos desafios, o estudo destaca algumas iniciativas promissoras. Existem empresas no Brasil que já estão adotando políticas de diversidade, como programas de mentoria, apoio à equidade salarial e processos de recrutamento focados na inclusão. Essas ações não só estão ajudando a reverter o cenário, como também criam ambientes mais inovadores, já que equipes diversas refletem melhor as necessidades dos clientes.

“Para avançarmos como sociedade e como setor, é fundamental criar políticas inclusivas que não só atraiam, mas também retenham e promovam mulheres nesses espaços. A mudança não pode ser lenta – ela precisa acontecer agora, e deve envolver os diversos atores da sociedade, sem considerar partidos políticos. Afinal, a dicotomia entre diversidade e progresso econômico é um falso dilema. O verdadeiro desafio está em encontrar o equilíbrio entre desenvolvimento, inovação e inclusão”, finaliza Regina.

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