Com a organização da Embaixada da Suíça, da Swissnex e do Swiss Business Hub Brazil, a segunda edição do Desafio Suíço-Brasileiro de Sustentabilidade e Inovação aconteceu na terça-feira (29), no Web Summit Rio. Ao todo, foram três empresas e seis startups suíças e brasileiras competindo pelo prêmio, que reconhece negócios que olham para questões ambientais, sociais, econômicas e de infraestrutura de forma disruptiva. As vencedoras foram a startup brasileira Mabe Bio, a startup suíça Treeless e a empresa suíça ABB Automação (que apresentou um caso consolidado no Brasil).
O embaixador da Suíça no Brasil, Pietro Lazzeri, participou do evento e destacou que um do principais focos do governo suíço no país é impulsionar projetos inovadores, capazes de integrar a sustentabilidade em seus planos de negócio:
Um júri composto por especialistas da Suíça e do Brasil escolheu os melhores projetos, contando também com votos do público. As vencedoras terão a oportunidade de participar junto às entidades suíças no Brasil de atividades na COP30, em Belém, no Pavilhão da Suíça.
A ABB Automação é uma empresa centenária fundada na Suíça, que está atuando com a Vitalux-Ecoativa e a Companhia Águas de Joinville para a modernização dos motores elétricos e inversores de frequência da estação de captação de água bruta que abastece mais de 50% da cidade de Joinville (SC). Os motores elétricos e inversores de frequência têm alta eficiência energética e baixas perdas, o que resulta no aumento da confiabilidade e capacidade de captação de água para tratamento, reduzindo impactos ambientais.
“ Esse caso é icônico porque acho que a palavra “colaboração” é um ponto alto. São três parceiros que se juntaram para trabalhar numa especificação de equipamentos de ponta, totalmente fora dos padrões de mercado. Levamos esse nível de tecnologia a uma empresa pública de saneamento, o que pode se tornar uma referência local porque, no médio e longo prazo, isso se prova a solução ideal em relação ao custo-benefício e à sustentabilidade. Com esse projeto se tornando referência, podemos subir a barra de padrão do mercado nacional”, disse Thiago Lemos, Gerente de Marketing e Portfólio da área de Motion da ABB.
Já a Mabe Bio é uma startup brasileira que desenvolve materiais feitos à base de plantas para substituir o couro animal, o couro sintético e o plástico, juntando biotecnologia e design para construir soluções que possam coexistir em equilíbrio com o planeta. A empresa criou o biotecido Angico, material semelhante ao couro animal que é feito a partir de plantas, livre de plásticos e de produtos químicos tóxicos. O tecido pode ser aplicado em produtos dos setores de moda, acessórios, decoração, mobilidade, entre outros, viabilizando uma cadeia de economia circular, já que pode voltar para a natureza ao fim da vida útil.
“A nossa proposta é reduzir a pegada de carbono e fornecer para a indústria soluções verdadeiramente sustentáveis de materiais. Temos um horizonte de desenvolvimento de produtos que queremos atender no longo prazo, com mercados que exigem um material mais resistente e avançado. Nós também geramos renda para as famílias coletoras das plantas que utilizamos. O prêmio é um grande reconhecimento de que estamos na direção certa”, ressaltou a cofundadora da Mabe Bio, Rachel Maranhão.
Por fim, a startup suíça Treeless desenvolveu fibras sustentáveis, similares à celulose (nanocelulose), à base de micro-organismos. A empresa utiliza resíduos orgânicos como matéria-prima, alimentando bactérias selecionadas em um processo de fermentação controlado. Os materiais da Treeless atuam como aditivos funcionais em diversos produtos, em substituição a produtos provenientes de materiais de origem fóssil, como revestimentos para embalagens, bases para cosméticos, tipos de “colas” industriais e fibras têxteis, com soluções biodegradáveis e não tóxicas. No Brasil, está em conversas com companhias dos setores de cosméticos e de limpeza, além de possibilidades com o Senai para projetos colaborativos.
“ Essa premiação é uma oportunidade de chamar a atenção de stakeholders e tomadores de decisão, que podem nos ajudar a expandir a tecnologia. Estamos entrando no mercado brasileiro, em busca de parcerias para co-desenvolvimento das fibras e para implementação da solução. Estamos muito felizes que teremos a oportunidade de estar na COP30, em Belém, junto à Embaixada da Suíça, e ver todas as conversas que podem surgir por lá – declarou o CEO da Treeless, Adam Korczak.