A partir do dia 1 de maio a ‘Caravana do Futuro’, iniciativa da organização de campanhas e comunicação Aurora Lab, parte do Sul do Brasil em direção ao Norte com a proposta de sensibilizar milhares de pessoas ao longo do percurso a sonhar com um futuro em que clima, justiça e trabalho andam lado a lado. A iniciativa vai percorrer mais de 21 mil quilômetros passando por um total de 35 cidades, com uma agenda que inclui ações formativas, debates e atividades culturais. O projeto sai de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, na mesma semana que marca a tragédia das chuvas em 2024, que impactou mais de 2 milhões de pessoas no estado. O destino é Belém do Pará, quando a equipe pretende apresentar tudo o que foi construído coletivamente ao longo de seis meses de jornada para os participantes da COP 30, em novembro.
No lançamento, a Caravana do Futuro estará junto a sindicatos e movimentos de trabalhadores no ato do dia do trabalho, que acontece na Casa do Gaúcho, com o objetivo de dialogar com representantes sindicais e trabalhadores de setores impactados pela transição energética e pela crise climática. Além disso, nesta mesma semana, a equipe do projeto fará rodas de diálogo com pessoas atingidas pelas enchentes, como forma de pressionar por políticas de prevenção e adaptação às mudanças climáticas.
A Caravana do Futuro surge da necessidade urgente de se ampliar o debate sobre o modelo energético brasileiro a partir de uma transição justa, garantindo direitos e proteção social de trabalhadoras, trabalhadores e comunidades locais. “Queremos provocar reflexões sobre o modo como temos nos relacionado com o meio ambiente a partir dos processos de geração de energia e de um elemento central na vida das pessoas: o trabalho. Essa travessia pelo país é um convite à mudança e à construção coletiva de caminhos possíveis para uma transição energética de fato justa, olhando para problemas históricos, mas também conhecendo experiências e propondo soluções coletivas de futuro”, afirma Gabriela Vuolo, diretora executiva de Aurora Lab.
Da capital gaúcha, a iniciativa ‘Caravana do Futuro’ terá paradas em mais nove cidades contemplando as cinco regiões brasileiras. No Sudeste, o grupo aporta em São Bernardo do Campo, de onde segue para o Rio de Janeiro na semana do Dia Mundial do Meio Ambiente. Depois, rumam para o Nordeste com programação em Salvador, Garanhuns, Campina Grande, Mossoró e Fortaleza. De lá faz uma parada em Brasília de onde continua direto para Belém, cidade-sede da COP 30.
A partir do Rio de Janeiro, a ‘Caravana do Futuro’ contará com um caminhão elétrico que se transforma em palco – construído especialmente para abrigar os diferentes tipos de programação. Em uma iniciativa inédita, o veículo será o primeiro deste porte a viajar por uma distância tão grande no Brasil. Além do caminhão, veículos de passeio, também elétricos, visitarão outras 25 cidades coletando histórias, propostas e sonhos de quem está na linha de frente da crise climática.
Uma das atividades que compõem a agenda é o “Diálogos sobre Trabalho e Clima”, encontros abertos ao público, que pretendem promover debates com representantes sindicais, trabalhadores de setores impactados pela transição energética e pela crise climática, e representantes do movimento climático. Outro destaque da programação são os “Laboratórios de Futuros”, um espaço de co-criação de propostas sobre transição justa para trabalhadores dos setores de carvão mineral, petróleo e gás, transportes, agricultura familiar e renováveis. Os laboratórios, realizados sempre em parceria com sindicatos e organizações do mundo do trabalho, pretendem promover uma escuta cuidadosa sobre os desafios, oportunidades e soluções identificadas por trabalhadores e trabalhadoras. As propostas geradas nesses encontros serão entregues a tomadores de decisão em Brasília e apresentadas durante a COP 30, buscando influenciar políticas públicas e compromissos dos governos. O primeiro laboratório acontece em parceria com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, referência histórica do movimento sindical.
Historicamente, movimentos sindical e climático têm atuado de forma paralela. Mas estamos em um ponto de inflexão, e as alianças mais do que desejáveis são imprescindíveis. “Falar sobre trabalho, clima e transição justa é uma maneira de conectar o fim do mundo e o fim do mês. As pessoas estão preocupadas com a sua sobrevivência e a de sua família, e ignorar o tema do trabalho quando falamos sobre a crise climática nos faz ser apenas alarmistas. A discussão sobre transição justa precisa sair dos espaços específicos e se tornar transversal, cotidiana”, explica Luz Gonzalez, diretora de redes e parcerias de Aurora Lab.
Além da programação presencial, a iniciativa contará com registros audiovisuais e conteúdos digitais, ampliando o alcance das conversas para além das cidades visitadas.
