Em um mercado de tecnologia ainda majoritariamente masculino, a Voke se destaca como um case positivo de equidade de gênero. Segundo pesquisa da Mercer, em 2023, 70% dos profissionais do setor eram homens. A Voke, no entanto, segue na contramão dessa tendência: atualmente, 44% de seu quadro de colaboradores é composto por mulheres, e a empresa tem como meta atingir a paridade de gênero até 2025. Para destacar a importância do tema no Dia Internacional das Meninas nas Tecnologias de Informação e Comunicação, quatro líderes da Voke compartilham suas experiências no mercado de tecnologia e reforçam a necessidade de manter esse debate ativo dentro das empresas.
O papel das empresas na transformação do setor
A head de Serviços da Voke, Paula Mendonça, é colaboradora da empresa há 15 anos e acompanhou de perto a evolução do setor. Quando ingressou na companhia, ainda chamada Microcity, 80% do time de serviços era formado por homens. Apesar disso, Paula afirma que sua trajetória profissional não foi marcada por grandes desafios de gênero. “Historicamente, o mercado de tecnologia sempre atraiu mais homens, e, no passado, era raro ver mulheres atuando nesse setor. Esse cenário vem mudando gradativamente. Na Voke, percebemos um ambiente cada vez mais equilibrado, mesmo com o setor ainda sendo predominantemente masculino”, afirma.
Para Paula, o debate sobre equidade tem sido fundamental para essa transformação. “À medida que a sociedade passou a discutir mais ativamente temas como inclusão e diversidade, empresas e profissionais também se mobilizaram. Isso se refletiu no aumento da participação feminina em carreiras de tecnologia da informação. Mas essa discussão não deve se limitar apenas à equidade entre homens e mulheres, e sim abranger a inclusão de todos os gêneros”, complementa.
Já a head de Qualidade, Processos e Pessoas da Voke, Júlia Greco, teve uma experiência diferente. Antes de ingressar na empresa, enfrentou desafios em outros ambientes corporativos. “No início da minha carreira, me calava diante de certas situações. Nos laboratórios, éramos todas mulheres, enquanto fora predominavam os homens. Precisávamos sair para fazer coletas de materiais à noite e sentíamos medo. Isso nos minimizava. Por isso, ter uma liderança que proporcione um ambiente seguro é essencial para desconstruirmos padrões enraizados”, relata.
Como líder, Júlia também percebeu diferenças em relação à sua autoridade. “Percebo que quando um gestor homem diz ‘vamos fazer’, todos compravam a ideia imediatamente. Já nós, gestoras mulheres, precisamos explicar o porquê, o como e convencer as pessoas duas vezes – tanto homens quanto mulheres. A voz masculina, historicamente, tende a transmitir mais força e confiança. Como mulher, precisei trazer a equipe para perto, apresentar meu plano e engajá-los a remar junto comigo. Isso nos exige mais organização, planejamento e um esforço redobrado para provar nossa capacidade”, afirma.
Para Júlia, o caminho para a equidade ainda exige persistência. “Nós, mulheres, precisamos demonstrar nosso valor e ocupar nosso espaço com consciência da nossa luta. Não podemos fingir que não vemos as dificuldades. É essencial nos apoiar mutuamente, nos posicionar e batalhar por um ambiente mais justo.”
Desafios e oportunidades na liderança feminina
A CFO da Voke, Chyou Pey Tyng, que nasceu em Taiwan e cresceu no Brasil, compartilha uma visão semelhante. Hoje, liderando uma equipe de mais de 100 pessoas, ela destaca que ainda faltam oportunidades para que as mulheres se candidatem em condições de igualdade para cargos de liderança. “Além das demandas do dia a dia, a mulher muitas vezes precisa se provar em dobro para demonstrar sua capacidade e conquistar a confiança necessária para assumir posições estratégicas. Na Voke, temos uma cultura que valoriza a igualdade de gênero e a diversidade, mas essa realidade ainda não é amplamente observada em outras empresas”, explica.
Chyou também ressalta a sobrecarga enfrentada por muitas mulheres no mercado de trabalho. “A jornada dupla, conciliando carreira e vida pessoal, ainda é um desafio constante para muitas profissionais. Empresas que oferecem suporte e promovem um ambiente mais equilibrado contribuem diretamente para o avanço da equidade”, complementa.
A importância do acolhimento na maternidade
Outro aspecto relevante no mercado de trabalho é a forma como as empresas lidam com mulheres grávidas e com filhos. Uma pesquisa da Nielsen, em parceria com o Opinion Box, realizada em 2022, revelou que 75% das mulheres afirmam que a gravidez é usada como motivo para terceiros questionarem seu desempenho profissional, enquanto 88% acreditam que a possibilidade de engravidar é vista como um fator negativo na hora da contratação.
Mayra Simioni, diretora Jurídica e de Compliance da Voke, passou por duas gestações em empresas diferentes e destaca a importância do acolhimento e de políticas de recursos humanos nesse contexto. “Durante a minha maternidade, enfrentei desafios como a necessidade de repouso e acompanhamento médico, mas sempre me senti respeitada e acolhida na Voke”, afirma.
“Diferente da minha experiência anterior, em que decidi não retornar ao trabalho após a licença-maternidade, aqui recebi suporte contínuo, tanto durante a gestação quanto depois do nascimento das minhas filhas. A empresa me dá a liberdade de levá-las para determinados compromissos e conta com uma política de home office estendido de 12 meses, o que faz toda a diferença. Mais do que a remuneração, encontrar um ambiente onde me sinto acolhida e onde minhas filhas também são bem-vindas é o que realmente importa para mim”, conclui Mayra.
Compromisso com a diversidade e a inclusão
A Voke investe ativamente em iniciativas para garantir um ambiente de trabalho seguro e inclusivo. A empresa mantém um canal de denúncias gerido por uma auditoria independente, garantindo credibilidade ao processo. Todas as denúncias são analisadas pelo Comitê de Ética trimestral, que propõe treinamentos sobre o código de conduta e reforça a importância da ferramenta para os colaboradores. Com essas ações, a Voke reafirma seu compromisso com a equidade de gênero e o desenvolvimento de um ambiente corporativo mais inclusivo, contribuindo para a construção de um mercado de tecnologia mais diverso e acessível para todos.