sexta-feira, maio 9, 2025

Economia circular, iniciativa privada e governo, quando unidos, podem avançar em metas sustentáveis para o Brasil

Compartilhar

O Brasil avança na pauta de manejo de resíduos sólidos. Conforme pesquisa Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2023, publicada pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA), aproximadamente, 43% de todo o lixo do país tiveram descarte irregular (estima-se que 33,3 milhões de toneladas de itens urbanos tenham sido destinados aos lixões, às valas, aos terrenos baldios e aos córregos).

Outro estudo, realizado pela Envex Engenharia e Consultoria, mostra que todos os dias 58 toneladas de lixo são despejados no rio Tietê. O regato se estende por 42 municípios da região do estado de São Paulo. O valor equivale a seis caminhões repletos de itens sólidos que emborcam tais descartes no afluente. Isso é consequência dos alagamentos severos, decorrentes das chuvas torrenciais que assolaram a cidade.

Entretanto, menos de 1% desse material é reciclado. Tal porcentagem revela a ineficiência do poder público, a dificuldade na separação e limpeza do lixo pela pessoa ou empresa, a dificuldade no transporte e os problemas de triagem.

Lembremo-nos de que, na natureza, tudo é circular, tudo se aproveita. Na economia circular, o fim é um novo começo. Itens sólidos são reinventados; recursos têm o tempo de vida prolongado. Esta é uma necessidade para todo o planeta. Apresentam-se novos pensamentos, planejamentos, produções e consumos; tudo isso está associado ao desenvolvimento econômico e a novas tecnologias de produção e gestão.

Devemos preservar os recursos naturais não renováveis; gera-se, assim, menos desperdício. Para isso, é necessário incorporar processos que possibilitem a reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e produtos. Isso envolve toda a cadeia produtiva. Promove-se a utilização dos rejeitos de um produto como insumos para outra atividade.

Um estudo com pesquisadores da FGV EAESP, Michel Xocaira Paes e Jose A. Puppim de Oliveira, em parceria com outros pesquisadores da UNESP e Universidade Autônoma de Barcelona, Sandro Donnini Mancini e Joan Rieradevall, respectivamente, selecionou as cidades Harmonia (RS), IBertioga (MG), São Paulo (SP) e Carauari (AM) devido à função das práticas de gestão municipal de resíduos. Tais localidades foram avaliadas de acordo com os diversos perfis socioeconômicos, com o número de habitantes e com a distribuição geográfica do país.

Os pesquisadores buscam por cidades em que se exercem práticas de gestão de sólidos cuja literatura existente na área mostra a capacidade de gerar resultados positivos nos efeitos das mudanças climáticas por meio da economia circular.

Checaram-se as informações conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SNIS). O levantamento revelou que, apesar dos desafios institucionais, tecnológicos, econômicos e culturais, os municípios elencados alcançaram reduções significativas nas emissões de gases.

Quatro elementos são fundamentais para a Inovação na Gestão de Resíduos Sólidos: capacidade técnica e política local; cooperação entre governos estaduais e federais; programas de educação ambiental e participação da sociedade; por fim, parcerias locais na criação de ações políticas públicas, em parceria com a iniciativa privada. 

Conforme tais análises, propõe-se a criação de um Fundo Nacional de Créditos de Carbono para a GRSU. A iniciativa é coordenada pelo governo federal e envolve estados e municípios na gestão e alocação de recursos. Assim, há uma maior tendência para superar desafios quanto a verbas e à articulação em diferentes instâncias do governo. Isso contribuirá para que haja projetos voltados para economia circular e objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

É necessário que haja prevenção, compostagem, reciclagem e aproveitamento energético dos metais gerados pelos aterros sanitários. Tais ações podem trazer benefícios econômicos e ambientais significativos, alinhados com uma visão de desenvolvimento sustentável, comutação de adversidades climáticas e transição para uma economia circular.

Augusto Freitas, fundador do Recicla Junto e CEO da Cristalcopo.

Leia Mais

Outras Notícias