quinta-feira, maio 22, 2025

Cenário energético mantém previsão de aumento de consumo e reforça necessidade de soluções eficazes

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O cenário mundial de distribuição de energia tem se transformado rapidamente. Com isso, o debate sobre tendências de consumo energético tem ganhado cada vez mais relevância em eventos internacionais, com destaque para soluções eficazes que acompanhem os desafios do setor. Entre os principais pontos de discussão, estão o papel do gás natural na matriz energética; as inovações impulsionadas pela inteligência artificial; e a crescente demanda por energia impulsionada pelo funcionamento de data centers, principalmente pelo grande consumo de dados e energia para o treinamento de modelos de LLM. Todos esses aspectos refletem oportunidades e desafios para a construção de um futuro energético eficaz.

Nesse ambiente futurista, se destaca o CeraWeek, em Houston, o evento mais relevante para tomadores de decisão do setor de energia global, conhecido por sua abordagem pragmática. Durante nossa participação em março, tivemos a oportunidade de apresentar nossas soluções de IA e demonstrar os ganhos mensuráveis de produtividade, que variam entre 10% e 30% nas operações de grandes corporações. Essas discussões reforçam que a energia sempre foi e continuará sendo um ativo estratégico para todas as nações.

Diante desses insights, o primeiro ponto a ser frisado é que o aumento do consumo de energia pressiona a dinâmica entre demanda e oferta, especialmente no que diz respeito ao gás natural, a principal fonte utilizada pelos EUA e uma das mais populares na Europa. Esse cenário exige que o setor energético busque equilíbrio entre o uso de recursos tradicionais, como petróleo e gás, e a expansão de fontes renováveis, além da incorporação de novas tecnologias para garantir um suprimento sustentável e eficiente. E isso tudo ocorre em um momento geopolítico de constante transformação, o que pode aumentar ainda mais a instabilidade nesse sentido.

Por outro lado, entre a disputa pela liderança em energia e IA, com os EUA e a China na linha de frente, a colaboração entre esses dois gigantes seria ideal, mas a competição parece inevitável. O futuro desse conflito, embora ainda incerto, será decisivo para as próximas décadas da indústria energética. 

Ou seja, estamos em um cenário de incertezas, onde os modelos antigos frequentemente já não se aplicam mais. Como, então, podemos construir um futuro energético sustentável e seguro? Estratégias para diversificar a matriz energética, expandir as fontes renováveis e garantir maior segurança no fornecimento são essenciais. E as discussões sobre o tema serão fundamentais para repensar como podemos operar.

Nesse sentido, a IA surge como uma revolução, remodelando como as empresas de energia operam. Da tomada de decisões em tempo real à descoberta de novas fontes energéticas, a IA cria caminhos para a gestão eficiente de energia e otimiza processos. No entanto, é importante lembrar que essa revolução tecnológica ainda demanda grandes quantidades de energia. Esse quadro, porém, está evoluindo rapidamente — a energia necessária para processar tokens, as unidades de dados utilizadas no treinamento e na inferência de modelos de IA, já foi reduzida em 200 mil vezes na última década e continua em queda.

A previsão é que o consumo global de energia primária aumente 24% até 2050, segundo o relatório “World Oil Outlook 2024”, da OPEP, o que reforça a necessidade de soluções colaborativas, com menores impactos. Entre essas soluções, a energia nuclear, muitas vezes subestimada, pode desempenhar um papel relevante. O debate sobre como integrá-la à nova matriz energética é importante para atender à crescente demanda.

Também é possível citar a mineração, frequentemente esquecida nas discussões energéticas, mas que ocupa um papel central nesse processo. O setor é vital para a produção de energia, e a escala e velocidade das operações nunca foram tão importantes, pois o mundo precisa de soluções rápidas e eficientes para atender o consumo.

Trazendo para um futuro de curto prazo, especialistas se atentam para a AI Cognitiva, a próxima fronteira a ser alcançada, podendo hipoteticamente trazer ganhos de otimização de treinamentos e menos consumo de energia. Essa tecnologia pode ser considerada uma evolução dos atuais modelos de inteligência artificial, projetada para imitar ainda mais de perto a forma como os humanos pensam, aprendem e tomam decisões. Diferente dos modelos tradicionais de aprendizado de máquina, que exigem grandes volumes de dados e altos custos computacionais para treinamento, a IA Cognitiva busca maior eficiência, reduzindo a necessidade de processamento intenso e, consequentemente, o consumo de energia.

Já no Texas, em Dallas, a Distributech, maior feira de distribuição de energia do mundo, encerrou com chave de ouro nossa imersão no mercado americano, trazendo conclusões essenciais. Não há dúvidas de que a complexidade da gestão do grid (rede elétrica) exige o uso de IA para maior eficiência. A IA não apenas viabilizará uma computação mais otimizada, mas, ao ser aliada ao ganho de produtividade que essas aplicações proporcionam, o balanço entre novas tecnologias e consumo de energia tende a ser positivo. 

A chave para essa transformação está na colaboração entre indústrias, no fortalecimento de parcerias e na cooperação entre países e empresas, fundamentais para impulsionar a eficiência do setor. A energia é um tema global, e enfrentar seus desafios exige um olhar estratégico e inovador, capaz de transcender fronteiras políticas e econômicas.

Com o olhar no futuro, a instigação provocada pela inovação explora novas tecnologias, como a computação quântica, que tem o potencial de transformar como otimizamos a produção e distribuição de energia. A resiliência da cadeia de suprimentos também é um dos tópicos centrais, pois a eficiência e a segurança das operações são essenciais para garantir que as soluções energéticas cheguem aonde são mais necessárias.

Em um cenário global cada vez mais incerto, é preciso discutir como o setor energético pode se adaptar, prosperar e transformar desafios em oportunidades. A transição para um futuro energético sustentável exige resiliência e colaboração. A diversidade de soluções, desde a energia limpa e inclusiva até o uso de tecnologias de ponta como IA e computação quântica, será fundamental para construir um sistema energético acessível para todos.

André Sih é Founder & Managing Partner da Fu2re.

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