quarta-feira, abril 30, 2025

Mulheres na tecnologia: Desafios que persistem, apoio que transforma

Compartilhar

Em um setor ainda predominantemente masculino como a tecnologia, as mulheres continuam enfrentando desafios diários. O que chama a atenção é que, mesmo com o passar dos anos, as jovens profissionais em início de carreira se deparam com obstáculos semelhantes aos que suas predecessoras enfrentaram há uma década ou mais.

Ludmila Pontremolez, CTO e cofundadora da Zippi, iniciou sua jornada há mais de uma década e relembra: “Ao longo da minha trajetória, muitas vezes fui a única mulher – ou uma das poucas – nesses espaços. Isso aconteceu na minha turma de Engenharia da Computação no ITA, nos times da Microsoft e em outros momentos da carreira”.

As mulheres representam 50,8% da população brasileira, segundo dados do Banco Mundial de 2023. No entanto, no setor de tecnologia, sua participação cai para 27,6% da força de trabalho. A disparidade é ainda mais acentuada em cargos de liderança: apenas 17% das empresas de tecnologia têm mulheres como CEOs. Além disso, metade das mulheres que ingressam na área abandona a carreira até os 35 anos, evidenciando desafios significativos na retenção e progressão profissional feminina no setor. Os dados são de uma pesquisa da StrongDm.

Ecoando essa experiência, Luisa Bolzan, aluna do 4º semestre de Ciência da Computação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, se depara com desafios similares. “Em 2025, tenho aulas com 40 alunos onde apenas 2 são mulheres. Isso cria um ambiente desconfortável, como se não tivesse sido projetado para nós, relata. A experiência de Luisa reflete diretamente o que Ludmila enfrentou em 2013, evidenciando que, apesar do tempo transcorrido, o cenário pouco mudou.

Abrindo caminhos

Apesar do cenário, a história dessas duas mulheres também ilustra o poder da mentoria e do apoio mútuo. Ludmila diz que ter referências e apoio foi fundamental para avançar na carreira: “Fui para a Microsoft porque uma colega do ITA havia conseguido passar. Saber disso multiplicou minha confiança. Na Nasa, a cientista brasileira Duília de Mello me incentivou a aplicar para a vaga, algo que eu talvez não teria feito sem o apoio dela”.

Luisa encontrou em sua amiga Thais Marcelle uma aliada fundamental. Juntas, elas iniciaram um treinamento para a maratona de programação da universidade, contando com o apoio de Ludmila, que fez uma palestra na segunda edição, que aconteceu no último dia 11, e da Zippi, que está patrocinando o encontro e a premiação. Esta conexão entre gerações de mulheres na tecnologia não apenas oferece suporte prático, mas também inspiração e orientação.

“A companhia de uma outra mulher facilita bastante. Nos apoiamos mutuamente,” afirma Luisa, destacando a importância do apoio entre pares. Ela também busca ativamente se aproximar de professoras mulheres, conhecer suas áreas de atuação e, quando pensa no futuro e na carreira, prioriza empresas como a Zippi, onde encontra pessoas com quem se identifica.

Ludmila conta que teve muito apoio e encorajamento desde a infância, principalmente por parte da mãe, para que pudesse ser o que quisesse, mas, concorda quando Luisa diz que o problema, muitas vezes, é estrutural. “Desde a infância, as meninas são desencorajadas a brincar com itens relacionados à tecnologia e engenharias. Somos incentivadas a brincar de boneca, casinha, médica e professora, mas esses outros universos, geralmente, não nos são apresentados”, explica Luisa.

Apesar dos desafios persistentes, a mensagem de Luisa para as futuras profissionais da área é de esperança e determinação: “Sigam em frente, mesmo com medo. O mercado precisa de nós e tem muito a ganhar com nossa presença e perspectivas únicas”, diz.

Leia Mais

Outras Notícias