Falar sobre moradia no Brasil, em 2025, é enfrentar um paradoxo: convivemos com um déficit habitacional superior a 6 milhões de unidades, segundo a Fundação João Pinheiro, ao mesmo tempo em que milhares de imóveis permanecem ociosos ou inacessíveis nos centros urbanos. O problema central não está apenas na produção ou requalificação de unidades habitacionais, mas, sobretudo, na capacidade de garantir acesso seguro, digno e permanente à moradia, seja por meio da compra ou da locação acessível.
A moradia, além de um direito constitucional, é o ponto de partida para o exercício pleno da cidadania. Famílias sem endereço fixo enfrentam barreiras ao acesso à educação, saúde, lazer e mobilidade. Sem moradia, não há inclusão social — e tampouco desenvolvimento urbano sustentável. A moradia é a porta de entrada para todos os demais direitos.
No entanto, o mercado formal de habitação — tanto na compra, que depende do financiamento, quanto na locação — ainda opera de forma excludente. Pessoas com renda informal ou histórico de crédito negativado são, na prática, impedidas de alugar ou comprar um imóvel, mesmo tendo condições reais de pagamento. Essa exclusão estrutural perpetua desigualdades e compromete a própria função social da cidade.
É nesse contexto que surgem soluções de impacto, como a da Alpop — startup social que atua com inteligência de dados e análise de risco alternativa para facilitar o acesso ao aluguel por parte de públicos tradicionalmente excluídos. Desde 2020, mais de 10 mil famílias já foram beneficiadas por meio de parcerias com imobiliárias e proprietários, firmando contratos com segurança jurídica e previsibilidade. A Alpop trabalha com um princípio simples: quem pode pagar, deve poder acessar.
A partir dessa experiência e da participação ativa em fóruns de discussão desde a nossa concepção, enxergo este momento com um misto de otimismo e preocupação. De um lado, anima o crescimento de iniciativas da sociedade civil que buscam gerar impacto real, por meio da recuperação social e ambiental de áreas degradadas, construção de moradias emergenciais, programas de melhoria habitacional e incentivo à requalificação de centros urbanos. De outro, o cenário macroeconômico e geopolítico inspira cautela: internamente, com pressão inflacionária e juros elevados; externamente, com instabilidade cambial e riscos climáticos que atingem com maior severidade justamente as populações vulnerabilizadas.
Esse contexto requer mobilização conjunta e senso de urgência.
Acreditamos que o futuro da moradia social no Brasil passa por três pilares fundamentais: Inclusão produtiva e reconhecimento da informalidade, pois é a realidade de mais de 40% da força de trabalho no Brasil. Ela não pode ser tratada como critério de exclusão, mas como dado a ser compreendido e incorporado nos modelos de avaliação de risco. O sistema atual, baseado exclusivamente na comprovação formal de renda, é insuficiente para refletir a complexidade da sociedade brasileira. Em segundo lugar, a Inovação tecnológica e inteligência de crédito, com o uso de dados alternativos e modelos preditivos permite uma análise mais justa e contextualizada do comportamento financeiro das famílias. Isso reduz a inadimplência, amplia o acesso e fortalece a confiança entre proprietários e locatários — gerando impacto econômico e social positivo. E, por fim, a articulação entre entes federativos e sociedade civil, os estados, municípios e união precisam atuar de forma coordenada. Iniciativas como o Minha Casa, Minha Vida e programas estaduais como o Casa Paulista demonstram como a cooperação entre esferas de governo pode ampliar o impacto das políticas habitacionais, mas a responsabilidade não é apenas do poder público: o setor privado, investidores, incorporadoras, imobiliárias e organizações da sociedade civil devem compor uma agenda comum, tratando a moradia como um eixo estratégico de desenvolvimento.
Não se combate o déficit habitacional apenas com estímulo à produção — embora ela seja fundamental. É preciso também implementar políticas multissetoriais, promover inovação regulatória e, acima de tudo, garantir inclusão. O aluguel social, a requalificação de imóveis ociosos, a simplificação de garantias locatícias e o fortalecimento das parcerias público-privadas são caminhos possíveis — e urgentes.
Falar sobre moradia no Brasil, em 2025, é enfrentar um paradoxo: convivemos com um déficit habitacional superior a 6 milhões de unidades, segundo a Fundação João Pinheiro, ao mesmo tempo em que milhares de imóveis permanecem ociosos ou inacessíveis nos centros urbanos. O problema central não está apenas na produção ou requalificação de unidades habitacionais, mas, sobretudo, na capacidade de garantir acesso seguro, digno e permanente à moradia, seja por meio da compra ou da locação acessível.
A moradia, além de um direito constitucional, é o ponto de partida para o exercício pleno da cidadania. Famílias sem endereço fixo enfrentam barreiras ao acesso à educação, saúde, lazer e mobilidade. Sem moradia, não há inclusão social — e tampouco desenvolvimento urbano sustentável. A moradia é a porta de entrada para todos os demais direitos.
No entanto, o mercado formal de habitação — tanto na compra, que depende do financiamento, quanto na locação — ainda opera de forma excludente. Pessoas com renda informal ou histórico de crédito negativado são, na prática, impedidas de alugar ou comprar um imóvel, mesmo tendo condições reais de pagamento. Essa exclusão estrutural perpetua desigualdades e compromete a própria função social da cidade.
É nesse contexto que surgem soluções de impacto, como a da Alpop — startup social que atua com inteligência de dados e análise de risco alternativa para facilitar o acesso ao aluguel por parte de públicos tradicionalmente excluídos. Desde 2020, mais de 10 mil famílias já foram beneficiadas por meio de parcerias com imobiliárias e proprietários, firmando contratos com segurança jurídica e previsibilidade. A Alpop trabalha com um princípio simples: quem pode pagar, deve poder acessar.
A partir dessa experiência e da participação ativa em fóruns de discussão desde a nossa concepção, enxergo este momento com um misto de otimismo e preocupação. De um lado, anima o crescimento de iniciativas da sociedade civil que buscam gerar impacto real, por meio da recuperação social e ambiental de áreas degradadas, construção de moradias emergenciais, programas de melhoria habitacional e incentivo à requalificação de centros urbanos. De outro, o cenário macroeconômico e geopolítico inspira cautela: internamente, com pressão inflacionária e juros elevados; externamente, com instabilidade cambial e riscos climáticos que atingem com maior severidade justamente as populações vulnerabilizadas.
Esse contexto requer mobilização conjunta e senso de urgência.
Acreditamos que o futuro da moradia social no Brasil passa por três pilares fundamentais: Inclusão produtiva e reconhecimento da informalidade, pois é a realidade de mais de 40% da força de trabalho no Brasil. Ela não pode ser tratada como critério de exclusão, mas como dado a ser compreendido e incorporado nos modelos de avaliação de risco. O sistema atual, baseado exclusivamente na comprovação formal de renda, é insuficiente para refletir a complexidade da sociedade brasileira. Em segundo lugar, a Inovação tecnológica e inteligência de crédito, com o uso de dados alternativos e modelos preditivos permite uma análise mais justa e contextualizada do comportamento financeiro das famílias. Isso reduz a inadimplência, amplia o acesso e fortalece a confiança entre proprietários e locatários — gerando impacto econômico e social positivo. E, por fim, a articulação entre entes federativos e sociedade civil, os estados, municípios e união precisam atuar de forma coordenada. Iniciativas como o Minha Casa, Minha Vida e programas estaduais como o Casa Paulista demonstram como a cooperação entre esferas de governo pode ampliar o impacto das políticas habitacionais, mas a responsabilidade não é apenas do poder público: o setor privado, investidores, incorporadoras, imobiliárias e organizações da sociedade civil devem compor uma agenda comum, tratando a moradia como um eixo estratégico de desenvolvimento.
Não se combate o déficit habitacional apenas com estímulo à produção — embora ela seja fundamental. É preciso também implementar políticas multissetoriais, promover inovação regulatória e, acima de tudo, garantir inclusão. O aluguel social, a requalificação de imóveis ociosos, a simplificação de garantias locatícias e o fortalecimento das parcerias público-privadas são caminhos possíveis — e urgentes.
A moradia é muito mais do que um teto. É estabilidade, pertencimento e perspectiva de futuro. É o ponto de partida para o Brasil se reconhecer, enfim, como uma sociedade mais justa, urbana e humana. E o compromisso com o “S” do ESG — o social — começa, pela porta de entrada.
Isadora Moraes, Diretora de Novos Negócios da Alpop.
Isadora Moraes, Diretora de Novos Negócios da Alpop.