quarta-feira, abril 2, 2025

SAF deve representar de 4% a 5% do consumo total de combustíveis para aviação até 2030

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A Kearney, em parceria com o Fórum Econômico Mundial, acaba de divulgar uma análise sobre a evolução da produção de combustível sustentável para a aviação (Sustainable Aviation Fuel – SAF, na sigla em inglês) e os desafios enfrentados para atender à crescente demanda por ele até 2030.

Eletrificar aviões de grande porte não é uma solução viável no período que temos até atingir as metas de descarbonização de nossa economia. A boa notícia é que a tecnologia para descarbonizar a aviação civil existe e chama-se SAF, e ela já está nos planos das companhias aéreas mundiais. Segundo o levantamento, a expectativa é que a demanda global por SAF atinja 17 milhões de toneladas anuais (Mt/a) até 2030, representando de 4% a 5% do consumo total de combustível para aviação. Essa projeção leva em consideração as metas impostas pelos governos e os compromissos voluntários domésticos e internacionais (CORSIA) das companhias aéreas, que buscam reduzir suas emissões de carbono.

Desafios de produção e expansão de capacidade

Porém, essas metas factíveis de demanda não estão sendo acompanhadas da realidade da oferta e a capacidade de produção de SAF. Ela ainda está aquém do necessário para alcançar as projeções para 2030. A previsão era de que, até o final de 2024, a capacidade instalada global de SAF chegasse a 4,4 Mt. Especialistas da Kearney ponderam que, para atingir a demanda de 17 milhões de toneladas anuais projetada até 2030, será necessário um aumento significativo na produção, com 5,8 Mt de capacidade adicional a ser instalada até 2026.

O estudo da Kearney indica que a escalabilidade das tecnologias de produção de SAF, como o HEFA (hidroprocessamento de ésteres e ácidos graxos), a conversão de álcool para combustivel de aviação (AtJ) e a gaseificação Fischer-Tropsch (G-FT), enfrentam desafios financeiros, técnicos e de feed stock, variando em termos de custos de produção até a disponibilidade de matérias-primas.

Aumento de capacidade de SAF necessário entre 2024 e 2030

Para atingir as metas de produção, o estudo prevê que a indústria precisará de um investimento entre US$ 19 bilhões e US$ 45 bilhões até 2030, dependendo do mix de tecnologias adotadas. “Para apoiar esse crescimento, é essencial explorar uma série de modelos financeiros e parcerias estratégicas. O estudo sugere alternativas como garantias de empréstimos, acordos de longo prazo para compra de SAF, mix de investimentos privados e públicos, além de mecanismos de emissão de “green bonds” (títulos verdes)”, detalha Mark Essle, sócio da Kearney no Brasil.

CapEx para refinaria de SAF greenfield, por tecnologia ($/tonelada)

Essle destaca também a importância das políticas governamentais e colaborações estratégicas. “Políticas governamentais, como o mandato SAF da União Europeia e a ReFuelEU, bem como compromissos de países como EUA, Brasil e Coreia do Sul, são essenciais para impulsionar a adoção de SAF”, afirma. No entanto, os desafios vão além das questões de plantas de produção: é preciso garantir que a infraestrutura necessária para a produção e distribuição de SAF seja adequada e geograficamente equilibrada. A Europa, por exemplo, terá que expandir significativamente sua capacidade local e complementar com importações para atender à demanda crescente.

Tecnologias de produção de SAF

O estudo também destaca que, até 2030, o HEFA será inicialmente a tecnologia dominante na produção de SAF devido à sua maturidade tecnológica e menores requisitos de investimento. O AtJ (Alcohol to jet) tem escala de produção de feed stock em países como o Brasil e Austrália, mas lida com ressalvas de mercados como a união europeia. Outras tecnologias promissoras, como o PtL (Power-to-Liquid), têm um grande potencial com uso de energia renovável excedente, mas enfrentam desafios de custo e escalabilidade que ainda precisam ser superados.

Para alcançar as metas de SAF e apoiar uma aviação mais sustentável até 2030, a colaboração entre governos, empresas e investidores será fundamental. O relatório da Kearney e do World Economic Forum destaca que a combinação de parcerias estratégicas, políticas consistentes e modelos financeiros inovadores será essencial para superar os obstáculos e garantir a viabilidade econômica e ambiental do SAF.

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