terça-feira, abril 1, 2025

Compostagem pode reduzir quase metade do lixo das cidades e transformar resíduos em riqueza, além de preservar o meio ambiente

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Celebrado neste domingo 30/03, o Dia Internacional do Resíduo Zero foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) para promover a importância da gestão eficaz de resíduos e a transição para uma economia circular. Uma parcela significativa dos resíduos sólidos urbanos é composta por materiais orgânicos – de acordo com dados compilados pela iniciativa Brasil Composta Cultiva, do Instituto Pólis, aproximadamente 45,6% dos resíduos coletados no país são orgânicos compostáveis, como restos de alimentos e resíduos de jardim. Entretanto, menos de 0,3% desses resíduos são efetivamente compostados.

De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SINISA), apenas 2% dos resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil foram encaminhados para reciclagem.

A plataforma online Brasil Composta Cultiva, criada e gerida pelo Pólis, promove o acesso a informações e dados atualizados sobre ações de gestão de resíduos orgânicos que ocorrem em 11 estados brasileiros e envolvem mais de 6 mil pessoas. A iniciativa, que tem apoio do Global Methane Hub (GMH), Aliança Global para Alternativas de Incineradores (GAIA) e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), visa identificar e fortalecer os projetos existentes de manejo e reciclagem de resíduos orgânicos no Brasil.

Por meio da plataforma, gestores e técnicos municipais, cooperativas de catadoras e catadores de materiais recicláveis e profissionais do setor têm acesso a notícias, ferramentas, dados e estudos de caso bem-sucedidos no Brasil. Também é possível esclarecer dúvidas sobre a gestão de resíduos sólidos orgânicos, visando ao aumento da reciclagem e à redução das emissões de metano no setor de resíduos no Brasil.

“A compostagem é uma solução que cresce significativamente no país, mesmo que ainda com limitado apoio e investimento comparado ao aterro sanitário, por exemplo. Apenas entre 2022 e 2023, o número de unidades de compostagem no país cresceu de 76 para 118 (aumento de 55%), indicando um grande interesse das cidades”, afirma Victor Argentino, coordenador de projetos em resíduos sólidos no Instituto Pólis. “O potencial de geração de empregos também é um fator importante, gerando de 5 a 10 vezes mais empregos que o aterro sanitário por tonelada tratada, sendo também uma potencial fonte de renda para catadores e catadoras que hoje lideram a reciclagem no país”, completa Victor.

Gestão de resíduos é questão de saúde pública

Atualmente, o setor de resíduos é a terceira maior fonte de metano no mundo. No Brasil, de acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), esse setor é a segunda maior fonte, sendo responsável por 16% das emissões de metano, tanto por águas residuárias quanto pela disposição final de resíduos sólidos em aterros e lixões (10%). A destinação inadequada de resíduos para lixões ou aterros compromete a saúde pública, contamina o solo e contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa.

Prejuízos econômicos

Além dos impactos ambientais, o desperdício também é econômico. estima-se que o Brasil perde bilhões de Reais por ano. Anualmente, entre R$ 1 e R$ 8 bilhões são desperdiçados pelo enterramento de resíduos orgânicos no Brasil, de acordo com informações do documento preliminar do Plano Nacional de Redução e Reciclagem de Resíduos Orgânicos Urbanos (PLANARO), que está disponível para consulta pública.

Sobre o Instituto Pólis

Organização da sociedade civil (OSC) de atuação nacional, constituída como associação civil sem fins lucrativos, apartidária e pluralista. Desde sua fundação, em 1987, o Pólis tem a cidade como lócus de sua atuação. A defesa do Direito à Cidade está presente em suas ações de articulação política, advocacy, formação, pesquisas, trabalhos de assessoria ou de avaliação de políticas públicas, sempre atuando junto à sociedade civil visando o desenvolvimento local na construção de cidades mais justas, ambientalmente equilibradas sustentáveis e democráticas. São mais de 30 anos de atuação com equipes multidisciplinares de pesquisadores que também participam ativamente do debate público em torno de questões sociais urbanas.

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