terça-feira, abril 1, 2025

ESG no transporte rodoviário: como implementar práticas sustentáveis e evitar riscos

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Nos últimos anos, o conceito de ESG (Environmental, Social, and Governance) tem ganhado relevância no setor de transporte rodoviário de cargas. Durante o XIV Seminário Sobre Relações Trabalhistas, ocorrido no dia 23 de agosto de 2024, na cidade de Campinas, especialistas discutiram a evolução do ESG e sua aplicação prática nas empresas de transporte.

Com o crescente interesse de consumidores e investidores em práticas empresariais responsáveis, compreender e adotar os princípios do ESG se torna crucial para as transportadoras que desejam se destacar no mercado e assegurar sua perenidade.

A evolução do ESG e sua relevância no transporte rodoviário

O conceito de ESG evoluiu das práticas de responsabilidade socioambiental corporativa, passando por filantropia e sustentabilidade, até se tornar um pilar estratégico essencial para empresas em todo o mundo. No contexto do transporte rodoviário de cargas, adotar o ESG significa não apenas atender a demandas regulatórias e sociais, mas também otimizar operações e melhorar a competitividade.

Vitor Campana

Entre os pilares do ESG, destaca-se a sustentabilidade ambiental, que inclui o uso racional dos recursos naturais e a redução de emissões de gases de efeito estufa—ações fundamentais para o setor de transportes, conhecido por seu impacto ambiental significativo. Por outro lado, o pilar social requer um olhar atento para as condições de trabalho, promovendo políticas de inclusão e diversidade e garantindo o bem-estar dos motoristas, que são essenciais na cadeia de transporte. Já a governança envolve práticas éticas, transparência e responsabilidade fiscal, que são cada vez mais exigidas por investidores e parceiros comerciais.

Contudo, um dos maiores desafios para as empresas de transporte rodoviário ao implementar ESG é evitar o “ESG Washing”, prática em que as empresas afirmam adotar os princípios de ESG sem realmente aplicá-los de maneira significativa. Esse comportamento pode levar à perda de credibilidade, danos à reputação e até à falência.

É fundamental que as transportadoras implementem práticas ESG de forma genuína

Nesse cenário, o ESG do presente e do futuro próximo exige mais do que a simples formalização de políticas e conscientização sobre problemas e soluções. A verdadeira transformação requer a incorporação efetiva de práticas sustentáveis no cotidiano das empresas. Identificar os desafios não é suficiente; é essencial implementar ações concretas que promovam mudanças reais e duradouras. Somente assim o ESG se consolidará como um processo contínuo de aprimoramento, em detrimento de permanecer um conceito meramente teórico.]

Milena Duarte

A Lei Alemã da Devida Diligência (LkSG) é um exemplo claro de como as exigências ESG estão se tornando rigorosas em todo o mundo. Empresas que operam ou têm relações comerciais com parceiros na Alemanha devem estar atentas às suas cadeias de abastecimento globais, garantindo que práticas sociais e ambientais sejam seguidas rigorosamente.

Implementação prática do ESG nas transportadoras

Para garantir que as transportadoras realmente adotem práticas ESG, algumas ações específicas podem ser implementadas. No âmbito ambiental, a busca por eficiência energética, o tratamento adequado de resíduos e a redução de emissões são medidas indispensáveis. Socialmente, melhorar as condições de trabalho dos motoristas e implementar políticas de inclusão e diversidade são fundamentais para criar um ambiente mais justo e atrativo, especialmente para as novas gerações de profissionais que valorizam empresas com boas práticas.

Na governança, é essencial garantir que a gestão da empresa seja ética e transparente, com conselhos de administração diversificados e independentes, além de políticas claras contra corrupção e discriminação. Essas práticas não apenas atendem às expectativas de investidores e reguladores, mas também contribuem para a longevidade e o sucesso da empresa.

Em conclusão, o ESG está se tornando uma parte indissociável da estratégia corporativa no transporte rodoviário de cargas. Implementar essas práticas de forma autêntica e transparente não é apenas uma resposta às demandas do mercado, mas uma maneira de construir uma base sólida para o futuro. As transportadoras que se dedicarem verdadeiramente a integrar o ESG em suas operações diárias estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios do mercado, conquistar a confiança de clientes e investidores, e garantir sua sustentabilidade a longo prazo.

Giovanni Anderlini, coordenador da área trabalhista consultivo do escritório Finocchio & Ustra Sociedade de Advogados.

Victor Matheus Campana, advogado pleno da área trabalhista consultivo do escritório Finocchio & Ustra Sociedade de Advogados.

Milena Lemes Duarte, estagiária da área trabalhista consultivo do escritório Finocchio & Ustra Sociedade de Advogados.

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