terça-feira, abril 22, 2025

Adotando a IA e impulsionando a sustentabilidade ao longo do ciclo de vida dos projetos

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Como CEO da Graphisoft, tenho o privilégio de liderar uma empresa profundamente envolvida na interseção entre tecnologia e arquitetura. Olhando para 2025 e além, compartilho algumas reflexões sobre como tecnologias emergentes — especialmente IA, BIM e ferramentas de colaboração baseadas na nuvem — ampliarão de forma significativa as capacidades das equipes de design.

Olhando para o futuro, uma das mudanças mais empolgantes que vejo é o papel da IA na arquitetura. Apontada como um divisor de águas, a IA já nos permite testemunhar seu enorme potencial aplicado no setor. Hoje, arquitetos podem gerar imagens e até mesmo concepções preliminares antes de traçarem a primeira linha no papel. Ferramentas assistidas por IA ajudam arquitetos a criarem conceitos otimizados em uma fração do tempo antes necessário para tanto, liberando espaço para refinar aspectos criativos e inovadores do projeto. Em breve, funcionalidades como documentação automática irão aprimorar fluxos de trabalho criativos ao automatizar tarefas repetitivas.

Esses usos representam a primeira geração de ferramentas construídas com base em investimentos anteriores em pesquisa e desenvolvimento em IA. Esses recursos permitiram testar modelos de desenvolvimento por meio de versões beta, antes de serem completamente integrados aos produtos. Certamente veremos o setor focado no rápido desenvolvimento de novas funcionalidades baseadas nesses modelos — seja com recursos autônomos que surgem de projetos internos de inovação, seja com a concepção de design ou mesmo com capacidades estratégicas que conectam ferramentas de IA a bases de dados existentes e ferramentas de análise.

Isso nos leva a um outro lado da eficiência. Apenas a velocidade não basta. Precisamos também tomar decisões mais inteligentes, especialmente para impulsionar aspectos ligados à sustentabilidade. A IA tem a capacidade de processar quantidades incríveis de dados históricos, considerando fatores ambientais como incidência solar, consumo de energia e condições climáticas locais. Ao incorporar esses dados desde as primeiras fases do projeto, por meio de ferramentas de avaliação do ciclo de vida, arquitetos podem criar edifícios mais eficientes e responsáveis sob o ponto de vista ambiental.

Por exemplo, a IA pode nos ajudar a compreender como um edifício irá interagir com seu entorno, avaliar como a luz solar afetará seu consumo energético e indicar quais materiais, estruturas e sistemas devem ser utilizados para minimizar sua pegada de carbono. O impacto potencial é enorme, já que os edifícios são responsáveis por mais de 50% das emissões globais de carbono. Ao utilizar IA para tomar decisões mais informadas desde o início, podemos reduzir essas emissões e criar construções mais sustentáveis.

Imagine um cenário em que 100 edifícios foram construídos em uma determinada cidade ou região. Isso gera uma riqueza de dados ao alcance dos dedos. Os aprendizados obtidos com projetos anteriores podem ser aplicados a novos designs. Com a IA, arquitetos podem explorar esses dados históricos para otimizar futuros edifícios, melhorar a eficiência energética, reduzir desperdícios e minimizar impactos ambientais. Ao aprender com erros e acertos passados, podemos tomar melhores decisões e evitar que falhas se repitam. No ciclo de vida posterior do projeto, a aplicação inteligente desses dados fortalecerá o uso de gêmeos digitais, resultando em uma gestão mais sustentável e eficiente das instalações.

Com o poder da construção de cenários baseados em dados, designers e clientes podem explorar novas oportunidades de projeto com maior profundidade e avaliar múltiplos modelos em projetos de reutilização e requalificação. Desafios de design conhecidos, como a readequação de grandes arenas esportivas ou centros comerciais, se beneficiarão de avaliações baseadas em valor, apoiadas por simulações que levam em conta as particularidades do entorno.

Para realmente aproveitar o potencial da IA e do BIM, precisamos considerar o lado humano da tecnologia. Um dos desafios no mundo da arquitetura é a preocupação de que a IA possa substituir empregos. No entanto, acredito firmemente que a IA fortalecerá os arquitetos, em vez de substituí-los. Ela assumirá tarefas repetitivas e demoradas, permitindo que os profissionais se concentrem na criatividade. Não se trata de substituir a engenhosidade humana, mas sim de ampliá-la.

As melhorias na colaboração também estão se acelerando. A grande vantagem da colaboração na nuvem é a eliminação de barreiras, mantendo todos alinhados e tornando o processo de design e construção mais eficiente e menos sujeito a erros. O BIMcloud, nossa plataforma baseada na nuvem que permite colaboração em tempo real, tornou-se essencial para grandes equipes que trabalham em diferentes fusos horários e regiões. Ele possibilita uma colaboração fluida, garantindo que todos trabalhem a partir do mesmo modelo e que o feedback seja compartilhado rapidamente.

No entanto, a colaboração é só uma parte da equação. Olhando para o futuro, diretores de design precisam ter confiança de que as ferramentas nas quais investem hoje continuarão a evoluir. É por isso que damos grande ênfase ao desenvolvimento contínuo na Graphisoft. Nossas ferramentas devem ser adaptáveis para que permaneçam relevantes à medida que novas tecnologias surgem.

Os últimos anos foram desafiadores para o setor, mas também fortaleceram a resiliência das empresas e equipes, aumentando a confiança em sua capacidade de adaptação. Um dos investimentos mais críticos que as organizações podem fazer é na capacitação contínua de seus profissionais. O futuro da arquitetura será definido não apenas pelas tecnologias que adotamos, mas pela forma como as utilizamos. Quanto mais conhecimento tivermos sobre as ferramentas disponíveis, melhor poderemos aproveitá-las para criar projetos inovadores e sustentáveis.

Na Graphisoft, seguimos comprometidos em estar na vanguarda da inovação tecnológica. O futuro é promissor – e com ferramentas, treinamento e mentalidade adequados, podemos criar um ecossistema de edificação mais sustentável, eficiente e alinhado às necessidades do amanhã.

Daniel Csillag, CEO da Graphisoft

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