A incorporação de fatores ESG (Ambiental, Social e Governança) nas práticas de valuation é um processo em evolução, marcado por desafios e incertezas. Embora o Grupo de Trabalho ESG do IVSC SRB, em sua recente publicação Perspectives Paper: The integration of ESG in Valuation Practices: IVSC Global Survey 2024, indique que avaliadores já consideram implicitamente esses fatores, a necessidade de quantificação e divulgação explícita permanece evidente. Nesse contexto, as IFRS S1 e S2, normas internacionais que orientam as empresas a divulgar informações sobre sustentabilidade e clima, surgem como referências normativas essenciais, buscando padronizar a transparência e a relevância das informações ESG.
A omissão de fatores ESG pode comprometer a precisão dos relatórios financeiros. As IFRS S1 e S2 reforçam a necessidade de padronização, garantindo que esses fatores sejam tratados com rigor técnico, e não apenas como elementos de narrativa corporativa.
A pesquisa global do IVSC de 2024 revela um panorama desigual: apenas 30% dos avaliadores consideram ESG de forma recorrente em suas avaliações. Esse número evidencia um distanciamento entre a crescente pressão regulatória e a prática de mercado. Destaca-se que a Europa lidera essa integração, refletindo uma maior conscientização e adoção de normativas ESG em comparação com outras regiões.
IFRS S1 e S2
A IFRS S1 estabelece diretrizes para a divulgação de informações sustentáveis com impacto na performance financeira. Isso obriga uma incorporação mais clara e objetiva de fatores ESG, reduzindo a subjetividade e promovendo maior comparabilidade entre relatórios financeiros.
A IFRS S2, por sua vez, exige divulgação detalhada dos riscos climáticos, exigindo que empresas quantifiquem esses impactos. A integração dessas normas desafia avaliadores a revisarem suas metodologias, tornando a incorporação de ESG um elemento indispensável.
O Futuro da Avaliação ESG
A crescente influência de políticas públicas e pressão de investidores reforça a necessidade de uma abordagem mais sólida e estruturada para ESG nas avaliações. A adoção das IFRS S1 e S2 é um passo crítico para garantir maior transparência e alinhamento global. No entanto, a resistência de parte do mercado sugere que a convergência total ainda demanda tempo, educação e incentivo regulatório.
A tendência é clara: ESG não é mais uma escolha, mas uma exigência crescente para valuations mais robustos e confiáveis.
Cristiane Kussaba, consultora da MÁLAGA Assessoria Técnica em Finanças Corporativas e Contabilidade Societária, mestra em Controladoria e Contabilidade pela USP, bacharela em Ciências Contábeis, professora de Contabilidade e Análise de Demonstrações Financeiras no Insper e palestrante.