Desde o século XX, a jornada pelos direitos das mulheres e pela equidade de gênero tem sido um processo contínuo e um esforço global. Embora o tema seja cada vez mais atual, ele permanece como um desafio para diversos países, o que justifica sua inclusão nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
O foco principal é alcançar a igualdade de gênero até 2030, promover o empoderamento feminino e garantir a plena participação das mulheres em cargos de liderança em todos os níveis de tomada de decisão, seja na esfera política, pública, econômica ou dentro das empresas. Porém, o Fórum Econômico Mundial indica que pode levar mais de 130 anos para superar a desigualdade de gênero em todo o mundo, conforme aponta o Relatório Global de Desigualdade de Gênero 2023.
Outro estudo, divulgado pela Deloitte em 2024, reforçou essa realidade mostrando que apenas 6% dos cargos de CEOs no mundo são ocupados por mulheres e que elas representam menos de um quarto dos assentos em conselhos de administração (23,3%). No Brasil, de 2018 a 2023, houve um aumento de 7,3% no percentual de mulheres nos conselhos, mas os espaços ainda contam com ocupação majoritariamente masculina, sendo a presença feminina uma realidade em apenas 15,9% dos cargos.
Quando se trata de remuneração para a mesma função, as mulheres também saem em desvantagem, segundo dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a diferença salarial entre homens e mulheres em cargos gerenciais pode chegar a 21,2%. Além do salário, chegar a esses cargos pode ser um desafio para elas, que enfrentam dificuldades e vieses de gênero no mercado de trabalho.
“Para alcançar aumentar o número de mulheres em cargos de liderança, precisamos engajar os homens nesta jornada para que eles sejam agentes de transformação, além de fortalecer as mulheres que precisam lidar com os vieses de gênero, estereótipos e crenças culturais que constantemente tentam reforçar que elas não estão preparadas para estarem ali”, explica Cris Kerr, fundadora e CEO da CKZ Diversidade.
Além disso, para as mulheres, outra questão aparece com mais frequência e se torna um obstáculo para a construção de carreira: o assédio moral e sexual. De acordo com levantamento da Forum Hub, as mulheres sofrem cerca de cinco vezes mais assédio sexual no trabalho que os homens e mais de 31% delas relatam já terem sofrido assédio moral no ambiente corporativo.
Por isso, Cris Kerr reforça o papel das empresas e, principalmente, das lideranças masculinas em moldar uma cultura organizacional livre de assédio e desigualdade de gênero. “Transformar as organizações em prol da equidade de gênero exigirá um real comprometimento dos homens que ocupam os cargos de alta liderança dentro dessas companhias. Enquanto a agenda de diversidade e inclusão não for abraçada por todas as pessoas, não avançaremos muito”, completa.
A CEO da CKZ destaca que a equidade de gênero nas empresas, além de trazer benefícios para a cultura organizacional e para a atração de talentos, é uma vantagem competitiva diante do mercado. “Trabalhar a agenda de DIEP nas organizações implica em maximização do desempenho financeiro, maior retorno financeiro e estimula a inovação, por isso o tema deve ser uma prioridade”, finaliza Cris.