O Boston Consulting Group (BCG), em conjunto com a Heidrick & Struggles e o INSEAD Corporate Governance Centre, desenvolveram uma pesquisa global com 444 diretores e CEOs a fim de entender o que está sendo feito pelas empresas ao redor do mundo para lidar com os desafios da sustentabilidade.
Conforme mostrado no estudo “Leading for Tomorrow: Board Effectiveness and Sustainability in Emerging Markets”, fruto dessa análise, há uma diferença significativa no progresso da sustentabilidade entre organizações em mercados desenvolvidos e emergentes. Enquanto os primeiros obtiveram uma pontuação média de 68 em desempenho ambiental, social e de governança (ESG), as companhias de países em desenvolvimento alcançaram a pontuação média de 48 nesse mesmo quesito.
Além disso, o levantamento revela que 81% dos entrevistados em mercados emergentes consideram que o conselho de administração tem um papel principal ou significativo na abordagem de preocupações sociais mais amplas, em comparação com 75% em mercados desenvolvidos. No entanto, as empresas de mercados emergentes gastam menos tempo em educação em sustentabilidade (29%) do que a média global (49%).
“Buscamos entender que nível de diferença, de disparidade, existe entre mercados emergentes e países desenvolvidos em torno de alguns padrões. Um dos padrões básicos é uma expansão do que se caracteriza tradicionalmente como sustentabilidade para incluir externalidades, como desafios geopolíticos, inteligência artificial e tendências globais. Os conselhos de administração devem ser capazes de lidar com essas externalidades, compreendê-las, entender o que fazer a respeito e incorporar nas suas agendas, tanto em termos de entendimento do impacto como em potenciais fontes de vantagem competitiva”, explica Marcos Aguiar, diretor executivo e sócio sênior do BCG.
De acordo com o relatório “How Boards Can Make the Most of Sustainability Reporting”, também elaborado com base na pesquisa, apenas 35% dos membros de conselhos administrativos entendem completamente como o ESG pode afetar o valor de uma empresa. Contudo, para que as companhias se adaptem aos desafios de forma eficaz, os pesquisadores recomendam que elas adotem uma abordagem estratégica, direcionando seus esforços para objetivos ESG críticos.
“Em vez de tratar essas regulamentações como um fardo de conformidade, os conselhos de administração devem vê-las como uma chance de reorientar sua empresa em metas ESG críticas. Uma abordagem direcionada pode transformar o relatório de sustentabilidade em um exercício significativo e voltado para o futuro, que não apenas atende aos requisitos dos reguladores, mas também beneficia a organização a longo prazo”, afirma Marcos Macedo, Sócio da Heidrick & Struggles.
Os estudos destacam ainda a importância de uma abordagem holística para a sustentabilidade, considerando fatores econômicos, sociais e ambientais em todas as decisões táticas. Também é fortemente recomendado pelas instituições realizadoras da pesquisa que as empresas identifiquem as capacidades necessárias para prosperar em uma situação específica e as ações que tomariam caso um determinado cenário se materializasse.
“Uma maneira de testar a estratégia ESG de uma empresa e desenvolver seu pensamento no médio prazo (cinco a dez anos) é usar um planejamento de cenário dinâmico abrangente e imaginativo. Isso envolve explorar uma variedade de eventos e resultados possíveis, bem como seus desafios e oportunidades relacionados — semelhantes a esses cenários climáticos que desenvolvemos recentemente”, comenta Macedo, da Heidrick & Struggles.
As empresas podem escolher focar seus relatórios nos tópicos ESG que são mais relevantes para seus negócios e stakeholders. O importante é integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa, como reitera o diretor e sócio do BCG.
“Há uma ampliação do entendimento de que esses fatores são intrínsecos ao negócio e que podem ser uma fonte de vantagem competitiva. Hoje já não existe negócio que não tenha sustentabilidade no centro da sua estratégia. Cada vez mais os consumidores e demais stakeholders relevantes vão exigir que as empresas de fato façam com que essa contribuição seja parte da forma delas operarem e um fator chave para escolher de quem comprar, com quem negociar. Por isso, as organizações precisam se preparar de maneira mais abrangente em temas que vão transcender o escopo de negócios tradicional”, reforça Aguiar, do BCG.