A Fundação Grupo Volkswagen, em parceria com a Artemisia e apoio técnico do Instituto Veredas, lança a “Tese de Impacto pela Mobilidade Social ― Caminhos de atuação dos negócios de impacto para a prosperidade socioeconômica no Brasil”. O estudo inédito mapeia os principais desafios da mobilidade social no país e destaca como negócios de impacto podem impulsionar soluções para reduzir desigualdades e ampliar oportunidades.
“Após 45 anos de atuação, a Fundação Grupo Volkswagen consolidou a mobilidade social como sua causa prioritária. A decisão reflete o compromisso em aprofundar o debate sobre desigualdade e impulsionar soluções concretas para transformar essa realidade. A tese é um marco dessa estratégia, trazendo um olhar aprofundado sobre as travas e alavancas que influenciam a ascensão socioeconômica no Brasil”, afirma Vitor Hugo Neia, diretor-geral da Fundação Grupo Volkswagen.
Mobilidade social: um conceito a ser aprofundado
Embora seja um tema central no combate à desigualdade, a mobilidade social ainda é pouco compreendida no Brasil. O estudo reforça que a ascensão socioeconômica não depende apenas da educação, mas de um conjunto de fatores interligados, como renda, estabilidade no mercado de trabalho, acesso à saúde e redução dos riscos de retorno à pobreza. Esse olhar sistêmico é fundamental para que políticas públicas, negócios de impacto e organizações sociais possam gerar mudanças estruturais.
“É essencial que as estratégias sejam pensadas de forma a considerar não apenas os indivíduos, mas também os grupos. A mobilidade social não pode ser vista isoladamente, pois suas raízes estão nas desigualdades interseccionais que permeiam nossa sociedade”, destaca Neia.
Assim, a tese propõe três alavancas prioritárias para impulsionar a mobilidade social: Educação, Geração de Renda e Inclusão Financeira. O levantamento analisou 120 negócios de impacto brasileiros que atuam nessas frentes e apresenta um radar de demandas e recomendações para apoiar esses empreendedores na ampliação de impacto e escala.
“O estudo aponta que, para impulsionar a mobilidade social, é essencial articular ações entre diferentes setores. O radar de demandas mapeou os principais desafios enfrentados por empreendedores de impacto e indicou caminhos estratégicos, como maior acesso a capital paciente, apoio técnico para modelagem de negócios e iniciativas voltadas à diversidade e inclusão no mercado de trabalho”, destaca Priscila Martins, codiretora da Artemisia.
Retrato da desigualdade no Brasil
De acordo com o Banco Mundial, o Brasil é um dos 52 países com os maiores índices de desigualdade econômica, e 75% das famílias brasileiras pertencem às classes CDE, com rendimentos mensais de até R$ 5.724 (IBGE). A OCDE estima que um descendente de brasileiros entre os 10% mais pobres levaria até nove gerações para atingir a média de rendimento do país. O estudo reforça que superar essas barreiras exige estratégias de longo prazo que combinem investimento social, inovação e políticas públicas estruturadas.
O mapeamento dos negócios de impacto revelou que 41% das iniciativas atuam na Geração de Renda, 31% na Educação e 28% na Inclusão Financeira. A maioria dessas soluções está concentrada na região Sudeste e aposta na tecnologia para ampliar o acesso a oportunidades e reduzir desigualdades.
Intervenções para transformar realidades
Além do olhar sobre os negócios de impacto, a tese destaca que a mobilidade social deve ser promovida ao longo de todas as fases da vida. Desde o nascimento, é fundamental garantir acesso a serviços essenciais, como saúde materna e infantil. Na infância e adolescência, investir no desenvolvimento de habilidades cognitivas e socioemocionais, combater a evasão escolar ― especialmente no Ensino Médio ― e estimular aspirações para o futuro são medidas essenciais. Já na vida adulta, reduzir os impactos do desemprego, fomentar a diversidade e inclusão no mercado de trabalho e fortalecer mecanismos de proteção social são passos fundamentais para garantir maior estabilidade socioeconômica.
O estudo também evidencia que as desigualdades territoriais desempenham um papel determinante na mobilidade social. Regiões com infraestrutura precária, poucas oportunidades econômicas e acesso limitado a serviços básicos dificultam a ascensão socioeconômica de seus moradores. Para mudar essa realidade, é essencial ampliar a oferta de serviços públicos de qualidade, como educação, saúde e saneamento, além de criar ambientes mais inclusivos e propícios ao desenvolvimento sustentável.
“A Tese de Impacto pela Mobilidade Social é um esforço contínuo da Fundação Grupo Volkswagen e da Artemisia para ampliar o debate sobre o tema e fortalecer o conhecimento sobre os fatores que impulsionam ou limitam a ascensão social no Brasil. Tornar esse conteúdo acessível a diversos atores do ecossistema de impacto é parte do nosso compromisso em contribuir para uma sociedade mais justa e equitativa”, finaliza Neia.
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