domingo, março 23, 2025

ESG em hospitais: um tema urgente

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Já estamos acompanhando as consequências do aquecimento global no meio ambiente e em nossa saúde. Temperaturas elevadas e com mudanças drásticas, desastres climáticos, aumento de casos de doenças transmissíveis, respiratórias, cardiovasculares e arboviroses já estão impactando o mundo inteiro. Tudo isso ainda leva à ansiedade climática, com prejuízos à saúde mental, impacto na nutrição e na disponibilidade de alimentos naturais e água potável, sem contar a sobrecarga dos sistemas de saúde, tanto em questão de infraestrutura e equipe, conforme ressalta o guia lançado pelo Ministério da Saúde em torno das mudanças climáticas.

O setor da saúde além de ser abalado fortemente pelos impactos negativos, também tem uma parcela de culpa por trás disso. O relatório “Health Care’s Climate Footprint” da Health Care Without Harm (HCWH) mostra que os sistemas de saúde são responsáveis por 4,4% da emissão global de CO2 na atmosfera. Pense, por exemplo, que a quantidade de lixo produzida e o gasto de energia e de água, são bem consideráveis.

Assim, é inadiável a necessidade de novas políticas públicas, voltadas para gestão ambiental, que amparem as diretrizes e orientem as ações para um trabalho de cooperação entre governo e sistemas de saúde, priorizando a sustentabilidade nos âmbitos ambiental, social e econômico.

A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) lançou um relatório em que demonstra o quão urgente e alarmante é o cenário. Um dos dados mais marcantes foi que houve um aumento de 370% de mortes ao redor do mundo em razão do calor, e a chance é que esse número aumente ainda mais até meados do século. A sociedade está demandando por mudanças. O relatório ainda elenca algumas ações de hospitais parceiros, que estão ajudando a tornar estes espaços mais responsáveis.

Entre as ações estão o aproveitamento e disseminação do uso de partes não convencionais dos alimentos, implantação de áreas verdes, instalação de placas solares, projetos de educação de colaboradores, programas de eficiência energética, redução de emissão de gases efeito estufa, reciclagem de itens hospitalares, entre outros.

Há ainda outras possibilidades como a logística reversa, reciclagem de bitucas de cigarro, reaproveitamento de mantas de SMS, reciclagem de óleo de cozinha e de resíduos como papel, plástico e papelão, que é capaz de reduzir quase 40% dos lixos encaminhados para aterro sanitário, dando um destino mais eficiente para esses materiais.

Essas atitudes podem servir como inspiração para diversos setores e instituições e até para os próprios pacientes. Podemos começar com pequenas atitudes em casa, por exemplo, existe um conceito japonês chamado “Mottainai”, que preconiza uma sensação de mal-estar por gerar desperdício, que lembra o antigo provérbio: sabendo usar, não vai faltar. A ideia é começar a olhar para os pequenos atos do dia a dia, que somados podem ser bastante prejudiciais, e pensar em formas de reduzir a quantidade de lixo, o consumo de água e de energia elétrica, entre outras ações. Além de ser positivo para o meio ambiente, também é benéfico para o bolso.

As empresas e instituições podem começar aos poucos, com pequenos passos, e ir aumentando conforme o tempo. Basta pensar quais são as dores e os pontos fracos para refletir como alterar o cenário e aumentar a sustentabilidade, considerando não apenas o meio ambiente, mas também o social e econômico. Cada esfera está intimamente conectada e funciona bem quando equilibradas.

Dr. Sérgio Okamoto,  médico especialista em Saúde Ocupacional e Superintendente Geral do Hospital Nipo-Brasileiro. O Hospital Nipo-Brasileiro (HNipo) foi fundado nos 80 anos da imigração japonesa no Brasil.

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