Às vésperas do AI Action Summit, que acontece em Paris nos dias 10 e 11 de fevereiro, mais de 100 organizações da sociedade civil pedem que líderes globais e executivos da indústria reconheçam com urgência os reais impactos ambientais da inteligência artificial (IA). Os grupos que assinaram a carta atuam em áreas como justiça ambiental e climática, direitos humanos, tecnologia e infraestrutura de código aberto e direitos digitais, incluindo o Instituto de Defesa de Consumidores, ARTIGO19, Coding Rights, TEDIC, Beyond Fossil Fuels, Associação para o Progresso das Comunicações (APC) e Climate Action Network (CAN).
A declaração apresenta cinco categorias de demandas essenciais para reduzir os impactos ambientais da IA ao longo de toda sua cadeia produtiva e ciclo de vida. São elas:
Encerrar o uso de combustíveis fósseis. A indústria da IA deve eliminar urgentemente os combustíveis fósseis de toda sua cadeia produtiva.
Computação dentro de limites. A infraestrutura computacional da IA deve operar dentro dos limites ambientais do planeta.
Cadeias produtivas responsáveis. Empresas de IA com grande participação de mercado e influência econômica e política têm a responsabilidade primária de garantir cadeias produtivas responsáveis.
Participação democrática. A participação pública nas decisões sobre o uso da computação e suas condições é crucial. O ativismo climático e ambiental não deve ser criminalizado.
Transparência. A transparência deve ser significativa, garantindo acesso público a informações sobre as implicações sociais e ambientais da infraestrutura de IA antes de sua construção ou expansão.
As organizações signatárias reforçam a necessidade de rejeitar soluções falsas e enganosas e, em vez disso, apresentar caminhos práticos para alinhar a IA aos limites planetários. Essas demandas representam o mínimo necessário para mitigar os danos contínuos à economia, à sociedade e ao planeta.
Embora o modelo DeepSeek AI tenha trazido à tona questionamentos sobre as estratégias de expansão da IA das grandes empresas de tecnologia, que demandam altos volumes de recursos, essas abordagens continuam predominantes e seguirão consumindo recursos a menos que ações urgentes sejam tomadas.
“A inteligência artificial não pode ser considerada uma solução climática enquanto depender de combustíveis fósseis, for usada para extrair petróleo e gás e consumir enormes quantidades de recursos naturais. Seu consumo crescente de água e energia tem sobrecarregado nossas infraestruturas, agravando a crise climática e dificultando a transição para um planeta habitável. Os governos precisam agir agora e impedir que a indústria de IA continue operando para além dos limites planetários.”, afirma Luã Cruz, coordenador de telecomunicações e direitos digitais do Idec.
Os grupos planejam entregar a carta aos organizadores do AI Action Summit nesta quarta-feira, 5, e também participarão do Fórum sobre IA Sustentável no evento, no dia 11 de fevereiro.