Com o crescimento das práticas de ESG (Environmental, Social, and Governance) e o aumento do investimento corporativo projetado para crescer 12,9% ao ano até 2026, segundo pesquisa da PwC, fica claro que as empresas precisam adaptar suas estratégias para estar em sintonia com as exigências sociais e ambientais do presente e do futuro. A Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) continua sendo um pilar fundamental dessas estratégias, especialmente quando pensamos na inclusão racial. O ESG Racial, que alinha práticas de equidade racial aos princípios de Governança Ambiental, Social e Corporativa, se torna cada vez mais relevante em um momento em que as questões de justiça social ganham destaque.
Em 2025, com a aproximação do marco da Agenda 2030 da ONU e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como a redução das desigualdades e a promoção da igualdade de gênero, as empresas precisam adotar políticas e ações afirmativas que realmente promovam a equidade racial. No Pacto de Promoção da Equidade Racial, temos trabalhado ativamente para ajudar as organizações a se ajustarem a essa realidade, e, com isso, apresento cinco tendências essenciais que acredito que as empresas devem adotar para fortalecer suas práticas de ESG focadas na população negra.
Uma das tendências mais urgentes em 2025 será a implementação de metas claras e mensuráveis para aumentar a representatividade negra, especialmente em cargos de liderança. As empresas devem ir além da retórica e estabelecer objetivos públicos que garantam maior transparência e responsabilidade no processo de inclusão. Isso não só atende às exigências dos frameworks ESG, mas também cria uma cultura organizacional mais inclusiva, onde o desenvolvimento de talentos diversos é incentivado. Ao criar essas metas, as empresas estarão promovendo uma transformação sustentável e autêntica no ambiente corporativo, que vai além de simples ações pontuais.
A segunda tendência se refere à crescente exigência dos investidores de que as empresas incluam métricas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) como critérios na avaliação de suas práticas empresariais. As empresas que demonstram um compromisso real com a inclusão racial e a equidade salarial tendem a atrair investidores cada vez mais conscientes e exigentes. Incluir a diversidade como um critério estratégico nas métricas de investimento é uma maneira de alinhar os valores da organização com as expectativas de uma sociedade que está cada vez mais preocupada com a responsabilidade social. As empresas que implementam essas práticas não só ganham a confiança dos investidores, mas também geram resultados tangíveis que refletem esses compromissos.
A educação antirracista também deve se tornar um pilar central dentro das empresas em 2025. As práticas de ESG Racial vão além de metas e incentivos financeiros; elas exigem que as organizações promovam programas contínuos de letramento racial, workshops e palestras que abordem o racismo estrutural e os vieses inconscientes. Para que essas iniciativas sejam eficazes, elas precisam ser monitoradas por meio de relatórios anuais, que avaliem seu impacto e evolução. O objetivo é garantir que essas ações tragam mudanças reais para o ambiente corporativo, criando uma cultura de inclusão que seja reflexo do compromisso da organização com a justiça racial.
Ademais, os coletivos negros desempenham um papel fundamental na transformação das práticas internas das empresas, especialmente em um momento em que as organizações precisam reavaliar suas políticas inclusivas. Sua participação ativa no processo de consultoria traz perspectivas únicas e essenciais, contribuindo para a construção de culturas corporativas mais equitativas e inovadoras. Esses coletivos ajudam a identificar caminhos eficazes para implementar ações afirmativas e promover um ambiente corporativo que incorpora a diversidade como um valor central. A atuação de coletivos negros como consultores vai além do cumprimento de metas; ela gera um impacto profundo, tanto internamente quanto no mercado.
Por fim, a certificação DEI emerge como uma tendência importante para 2025. Essa certificação vai além de um simples selo de boas práticas, oferecendo parâmetros claros e mensuráveis para as empresas alinharem suas ações às necessidades reais de inclusão. Ela valida esforços consistentes e orienta as organizações a aprimorar continuamente suas políticas e processos internos. Obter a certificação DEI não só é uma demonstração de compromisso com a justiça social, mas também se torna um diferencial estratégico, atraindo investidores, talentos e consumidores que buscam empresas comprometidas com a responsabilidade corporativa.
Essas cinco tendências são fundamentais para que as empresas possam avançar na implementação de práticas ESG focadas na equidade racial. Em 2025, a responsabilidade corporativa vai além do simples cumprimento de normas; ela exige uma mudança genuína nas estruturas organizacionais. Ao adotar essas estratégias, as empresas estarão não apenas cumprindo com as exigências sociais, mas também contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Guibson Trindade, gerente executivo do Pacto de Promoção da Equidade Racial.