Dados levantados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Centro de Pesquisa em Economia Circular da Universidade de São Paulo (USP) apontam que 85% da indústria brasileira já faz uso de práticas diárias relacionadas à economia circular. Com a criação da Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC), no ano passado, e principalmente, com a disseminação de ações específicas voltadas ao tema, por parte da indústria, o Brasil vem se consolidando como um importante player mundial quando o assunto é economia circular.
As iniciativas mais praticadas, entre as indústrias que adotam a economia circular são a promoção de programas de sustentabilidade e a realização de práticas que aumentam a efetividade dos processos. A reciclagem, cada vez mais comum, é atualmente adotada em três a cada dez empresas. “De uma maneira geral, com a economia circular, promovemos redução da extração de recursos naturais, maior longevidade dos produtos e, no final da vida útil desses produtos, a reciclagem de matérias-primas. Esses são os pontos principais que sustentam o conceito de economia circular”, explica Marcelo Okamura, presidente da Campo Limpo, empresa que produz embalagens recicladas de defensivos agrícolas.
Ainda segundo Okamura, a ideia é dar vida nova a um objeto que a princípio iria para o lixo. “Por que simplesmente descartar algo se podemos utilizar esse item como matéria-prima para a produção de um novo produto?”, questiona.
Case mundial que tem origem no Brasil, a Campo Limpo, situada em Taubaté (SP), é pioneira na produção de embalagens recicladas para defensivos agrícolas. A empresa tem hoje capacidade de produzir até 18 milhões de embalagens recicladas por ano, já tendo produzido desde sua fundação, em 2008, mais de 100 milhões de unidades.
“Os ganhos para o meio ambiente são incontáveis. No Brasil, desde 2002, já retiramos do meio ambiente mais de 800 mil toneladas de embalagens de defensivos agrícolas. E já evitamos a emissão de 1,05 milhão de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera”, afirma Okamura.
Por conta da legislação federal, o agricultor brasileiro é obrigado a devolver a embalagem vazia de defensivo agrícola (após o uso) a uma unidade de recebimento do Sistema Campo Limpo.
O próximo passo é encaminhar a embalagem vazia para uma recicladora parceira do Sistema Campo Limpo. “A Campo Limpo é quem realiza o processo de reciclagem de embalagens vazias de defensivos agrícolas, utilizando a resina reciclada e transformando, com exclusividade, em uma nova embalagem”, conclui Okamura.
Economia circular no mundo
A Coreia do Sul promove o uso de plásticos biodegradáveis e designs ecológicos que facilitam a reutilização e a reprodução, por meio do K-Circular Economy. Nas Maldivas, a proibição de plásticos de uso único e parcerias com a indústria visam preservar os oceanos. A Arábia Saudita, por sua vez, implementa o Programa de Economia Circular de Carbono, que aborda tanto os resíduos materiais quanto as emissões.
No Canadá, iniciativas como o “Direito ao Reparo” estendem a vida útil de produtos, como eletrodomésticos, em vez de incentivar a compra de novos.
Campo Limpo Plásticos
Fundada em 2008, Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos S.A. atua como um centro de desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para reciclagem e produz embalagens plásticas para envase de defensivos agrícolas a partir da resina reciclada pós-consumo agrícola.
O trabalho é executado a partir da reciclagem das embalagens vazias devolvidas pelos agricultores após tríplice lavagem ao Sistema Campo Limpo. Assim, encerra-se o ciclo da economia circular dessas embalagens dentro do próprio setor.
Idealizada pelo inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias), que é responsável pela gestão do programa de logística reversa, o Sistema Campo Limpo representa as indústrias fabricantes de defensivos agrícolas na destinação das embalagens utilizadas nas culturas de todo o país.
A companhia conta com um complexo industrial que abriga duas subsidiárias localizadas na cidade de Taubaté (SP) e uma filial em Ribeirão Preto (SP), inaugurada em 2018.