quarta-feira, janeiro 15, 2025

O lado (A)mbiental das normas ESG no Brasil

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Há três séculos, o mundo estava passando por algo que mudou completamente o pensamento sobre trabalho e produção: a Revolução Industrial. Como sabemos, essa ruptura passou por três “fases”, com início na utilização de máquinas para fabricação, passando pela invenção da eletricidade, fomentada pelo uso de automóveis, até chegar ao status atual, no auge da globalização e da Internet.

Como acontece nas grandes mudanças pelas quais a sociedade passa ao longo do tempo, há consequências que precisam ser mitigadas. Entre elas, está o alto consumo e o impacto no Meio Ambiente. Por causa da preocupação mundial em torno dessa questão, o termo ESG (Environmental, social and Governance) foi conversado amplamente pela primeira vez, em 2004, durante a reunião do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com o Banco Mundial, em um relatório chamado Who Cares Wins.

Com o alerta das mudanças climáticas e o avanço do aquecimento global, essa pauta, que antes era desconhecida e até ignorada por muitos, passou a ser uma das grandes discussões mundiais, adotada, inclusive, pelas empresas. Em 2015, o Acordo de Paris, aprovado por 196 países, estipulou uma meta de limitar o aumento da temperatura global até o fim do século XXI, mantendo-a abaixo de 1,5°C. Com esse objetivo, que algumas corporações se colocaram à disposição para ajudar a alcançar, a grande missão passou a ser a diminuição das emissões de gases efeito estufa que prejudicam o Meio Ambiente. Além disso, países adotaram medidas de descarbonização. Um exemplo disso é que a capital da Inglaterra, Londres, que foi o palco inicial da Revolução Industrial, fechou a sua última usina de carvão para produção de eletricidade.

Para que as empresas se adequem às normas estabelecidas para o combate contra a degradação natural, na década de 1990, foi criada a ISO 14000, a qual certifica as organizações que colocaram em prática métodos sustentáveis a serem seguidos. Desde o princípio, os resultados obtidos foram positivos. Logo, a certificação se tornou um importante passo para as empresas que desejam reafirmar seu compromisso com a sustentabilidade.

O Brasil tem como objetivo reduzir a emissão de carbono em 50% até 2030. Nesse contexto, as companhias brasileiras têm se motivado cada vez mais a seguir as normas ESG. Segundo um dado da consultoria Grant Thornton, 71% das empresas de médio porte no País têm a intenção de investir em projetos com foco em um dos três pilares. Esse dado demonstra uma mudança nas prioridades das corporações, que têm se preocupado com questões que vão além do atingimento de suas metas financeiras, mas também beneficiam a sociedade. Outra iniciativa criada para incentivar organizações a se comprometerem fielmente com o Meio Ambiente é o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da B3 – principal bolsa de valores do Brasil. O projeto conta com a parceria de diversas empresas do setor de saúde e energia, operadoras, bancos, com o objetivo de melhorar as práticas de sustentabilidade no País.

Em um mundo cada vez mais afetado pelas mudanças climáticas, a responsabilidade ambiental corporativa é mais do que uma vantagem competitiva — é um compromisso fundamental com o futuro. A preocupação com a posição de cada empresa com os seus impactos na natureza acabou virando uma questão também social, sendo até um critério, em alguns casos, da escolha para o consumo. Portanto, ser sustentável, hoje em dia, não é somente uma inquietação exacerbada ou uma preocupação geracional, mas sim um assunto que envolve toda a sociedade.

Marcio Nogueira, Operational Design Manager da NEC no Brasil.

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