quarta-feira, janeiro 15, 2025

65% das empresas brasileiras não estão preparadas para adotar normas globais de sustentabilidade

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A RSM, – 6ª maior empresa de Auditoria, Consultoria, Tributos e Contabilidade do mundo, com atuação local e internacional, – revela que 65% das empresas brasileiras declararam não estar preparadas para aplicar as novas normas IFRS S1 e S2.

Os resultados são da pesquisa ESG Latin America Landscape 2024, que compartilha os desafios e oportunidades enfrentados por 200 empresas latino-americanas para a adoção das Normas Internacionais de Informação Financeira (IFRS) S1 e S2.

As IFRS S1 e S2 são normas desenvolvidas por entidades internacionais para monitorar a conformidade das empresas com a sustentabilidade. Elas representam uma evolução significativa no campo da contabilidade e reporte financeiro, com foco em sustentabilidade.

A norma IFRS S1 diz respeito à divulgação de informações de sustentabilidade geral, abordando tópicos como governança, estratégias, riscos e oportunidades relacionadas ao desempenho sustentável da empresa. Por sua vez, a IFRS S2 se concentra em divulgar detalhes específicos sobre impactos climáticos, incluindo as emissões de gases de efeito estufa e riscos relacionados ao clima, que possam afetar a saúde financeira da organização.

Devido ao papel chave da Amazônia na regulação do clima e da diversidade global, o Brasil apresenta um interessante grau de maturidade em questões ambientais. No entanto, 47% das empresas brasileiras afirmam que os KPIs (indicadores de desempenho) e a supervisão são o maior desafio para seu desempenho em ESG. Espera-se que a incorporação de novas tecnologias e soluções nesta área impulsione melhorias que permitam orientar as atividades para o cumprimento desses objetivos.

Nas empresas que responderam a essa pesquisa no Brasil, destaca-se a importância dada à medição de impacto e investimento social, com 29% das empresas priorizando essa área. Porém, 47% das empresas brasileiras também enfrentam desafios na adoção da dupla materialidade (conceito que considera o impacto das organizações no meio ambiente e na sociedade, bem como o impacto da sociedade e do meio ambiente nas organizações), o que abre uma grande oportunidade para alinhar as estratégias e o desenvolvimento ESG com os temas que são importantes para seus grupos de interesse.

A combinação desses dados permite compreender que as empresas brasileiras têm um interessante grau de conscientização em temas ambientais e de alguns tipos de relatórios, no entanto, ainda há muito a ser feito. Focar na medição dos impactos – tanto ambientais quanto sociais – e desenvolver uma boa prática de relato e divulgação pode trazer amplos benefícios, além de manter as empresas relevantes e competitivas em seus mercados.

“Observando os resultados da nossa pesquisa, buscamos esclarecer para as empresas que a sustentabilidade não seja apenas vista como uma obrigação regulamentar, mas também como um motor de rentabilidade a longo prazo e acesso a financiamento mais favorável. Isso se refere diretamente ao coração da estratégia financeira corporativa, revelando um avanço no estado de maturidade em relação à compreensão e valor do desenvolvimento ESG”, revela Laércio Soto, CEO da RSM no Brasil.

América Latina

Embora as empresas latino-americanas pareçam estar prestando atenção à sustentabilidade, a RSM descobriu que 57% das empresas na América Latina estão atrasadas na implementação dos padrões obrigatórios de relatórios de sustentabilidade, 46% têm uma política ou estratégia formal de sustentabilidade, e que apenas 50% das empresas têm um responsável pela sustentabilidade.

É preocupante que 22% das empresas pesquisadas ainda não tenham elevado a sustentabilidade a um papel ou função estratégica em suas organizações, o que faz com que seja um tema negligenciado fora das conversas dos conselhos de administração.

Eileen Turkot, Líder Regional de RSM na América Latina afirma que “em nossa pesquisa, é evidente que a maturidade na adoção de critérios ESG varia significativamente entre os países da América Latina”.

“Por exemplo, no Brasil vemos uma abordagem mais avançada para medir o impacto social, enquanto no México ainda há um longo caminho a percorrer em termos de integração da sustentabilidade como uma função estratégica dentro das organizações. Isso reflete as diferentes realidades e desafios que cada país enfrenta para se alinhar com os padrões globais”.

A pesquisa mostrou que, embora a informação não financeira seja uma área crítica, muitas empresas estão ficando para trás, já que apenas 40% das empresas divulgam publicamente suas práticas ESG. No relatório que acompanha a pesquisa, a RSM destaca que as empresas têm mais sucesso na aplicação das normas de informação quando se integram com os compromissos e objetivos relacionados à sua estratégia.

Quando as empresas foram convidadas a compartilhar seus maiores desafios na melhoria de seus resultados em ESG, 30% dos entrevistados apontaram a geração de indicadores-chave de desempenho e seu acompanhamento. Um quarto das empresas também apontou como desafio a medição de sua pegada ambiental e seu impacto social. A falta de experiência dos líderes empresariais, bem como recursos dentro da organização, são identificados como os maiores obstáculos para melhorar os resultados em matéria de ESG, com 22% que o afirmam em toda a região.

Nuances regionais

América Central

Embora a América Central siga um padrão semelhante ao da América Latina em questões ESG, há algumas nuances importantes a destacar. De acordo com as empresas da América Central que responderam à pesquisa, 51% dessas organizações têm um responsável pela sustentabilidade ou uma posição de gerência dedicada exclusivamente à sustentabilidade, em comparação com a média latino-americana de 43%. No entanto, apenas 45% desenvolveram uma estratégia formal de sustentabilidade. Há uma grande oportunidade para avançar na criação de políticas claras e sólidas.

Chile

O Chile se posiciona dentro da América Latina como um dos países maduros da região em matéria ESG; 66% das empresas chilenas entrevistadas declararam ter uma política ou estratégia ESG formal, a taxa mais alta da região. Ainda assim, 38% das empresas chilenas apontam a falta de treinamento e recursos como um desafio para melhorar seu desempenho ESG. Aumentar a formação e os conhecimentos internos, bem como dispor de ferramentas e sistemas de apoio, são ações necessárias para continuar com este progresso. Adicionalmente, 40% das empresas chilenas indicam que o pilar G (governança corporativa) é um tema chave para o compromisso das empresas e sua incorporação da sustentabilidade. As empresas que fortalecem a informação pública, políticas internas e liderança comprometida podem capitalizar na melhoria da percepção de confiança e melhorar sua reputação junto dos investidores e grupos de interesse.

Colômbia

Colômbia mostra um progresso ligeiramente acima da média. Sua taxa de divulgação pública sobre práticas ESG é a mais alta da América Latina, com 51%. No entanto, 31% das empresas colombianas acham difícil se adaptar a múltiplas normas ESG. Isso pode estar diretamente relacionado com o tipo de regulamentação do país, que, ao contrário de outros países da região, é mais desagregada e focada em temas específicos, como a economia circular. Isso claramente desencadeia a sensação de falta de profissionais experientes na área da sustentabilidade que possam realizar essa responsabilidade.

 México

A pesquisa aponta uma porcentagem muito baixa de empresas mexicanas que informam publicamente sobre suas práticas ESG, 25%, provavelmente devido à falta de regulamentação em vigor nos últimos anos. Na verdade, esperamos que esta tendência mude claramente nos próximos 12 meses. Isso é devido a novas regulamentações aprovadas e à mudança de administração presidencial no México.

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