Pesquisa realizada pelo EY Center for Board Matters (CBM) mostra que os conselheiros independentes têm um papel cada vez mais importante para impulsionar a inovação e a adaptação das empresas às mudanças do mercado. Segundo a pesquisa, visão externa (23%), imparcialidade e neutralidade (18%), conhecimento e experiência do setor (14%), profissionalismo e rigor (13%) e diversidade de opiniões (9%) são as principais contribuições que os membros independentes dos Conselhos podem trazer para uma empresa.
Influenciando diversos aspectos do negócio, desde diversidade e inovação até responsabilidade e sustentabilidade organizacional, a pesquisa destaca também as qualidades mais valorizadas que os membros independentes devem ter, começando pela habilidade para desafiar de forma construtiva as decisões do Conselho (15%) e capacidade de comunicação, liderança e empatia (15%), seguido por altos padrões éticos (14%), autoridade ou peso pessoal específico que inspire respeito (10%) e habilidade para trabalhar em equipe (8%).
De acordo com Daniela Brites, sócia de consultoria em Gestão de Pessoas na EY, “a experiência em diferentes indústrias, modelos de negócios e tecnologias gabaritam esses profissionais a exercerem a sua função, reforçando a transparência e a integridade dentro das empresas, incluindo a proteção de acionistas minoritários”. A pesquisa revela que 68% dos participantes acreditam que os conselheiros independentes devem recorrer aos órgãos reguladores se os interesses desses acionistas estiverem em risco. “Isso destaca a necessidade de uma governança sólida e de mecanismos formais de contingência que assegurem a justiça e a equidade para todos os acionistas”, complementa.
Outro destaque da amostra é em relação à igualdade de gênero nos colegiados, 69% dos Conselhos de Administração com membros independentes têm, pelo menos, uma mulher como membro. Os setores dos respondentes com maior presença feminina são o de Serviços (83%), seguido por Construção (64%) e por Indústria e Manufatura (61%). Considerando o faturamento, é possível observar também que 77% das empresas com nível de faturamento inferior a US$50 milhões possuem mulheres como membros independentes em seus Conselhos. Nas empresas com nível de faturamento entre US$50 e 500 milhões, esse número é de 66%, e naquelas com receitas superiores a US$500 milhões, 69% têm conselheiras independentes.
“A diversidade de gênero nos Conselhos de Administração é crucial para fundamentar decisões mais equilibradas do colegiado, além de ser também uma vantagem competitiva em um mercado onde flexibilidade, inovação e adaptabilidade são diferenciais”, analisa Daniela.
No entanto, desafios significativos impactam a atuação efetiva desses membros. A pesquisa mostra às condições que dificultam o desempenho dos conselheiros independentes, sendo o principal fator não possuir as competências necessárias para desempenhar a função de forma independente (22%), seguido de pressões por parte dos acionistas majoritários (19%), não ter se preparado adequadamente para a sessão (19%), não ser realmente independente (18%) e não ter mais membros independentes no Conselho (11%).
“Sobre a condição de independência nos Conselhos de Administração, foi observado que, apenas 44% das empresas realizam anualmente uma verificação da independência dos conselheiros, enquanto 30% não realizam nenhum tipo de verificação. A pesquisa ainda revela que a independência dos conselheiros pode ser afetada após 5 anos, de acordo com 37% dos respondentes”, finaliza Daniela.
A pesquisa “Conselheiros independentes: boas práticas” foi realizada em abril de 2024 e contou com 143 respondentes entre membros de Conselhos/Comitês e executivos participantes. Do total desses entrevistados, 24% são mulheres e 76% são homens. Em termos de perfil, 58% dos respondentes atuam em empresas com faturamento superior a US$ 500 milhões por ano.