Com a sanção da lei que institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), o setor de transporte e logística, um dos maiores emissores de gases de efeito estufa no país, está diante de um novo desafio: reduzir significativamente sua pegada de carbono.
Sérgio Simões, diretor de Growth Brasil da SimpliRoute, empresa especializada em otimização de rotas, analisa as implicações da nova legislação para o setor e as soluções que podem ser adotadas para alcançar os objetivos de sustentabilidade.
A nova lei, segundo Simões, representa um marco importante para o setor, estabelecendo um marco regulatório para as emissões de gases de efeito estufa e incentivando a adoção de práticas mais sustentáveis. “A legislação cria uma normalização do mercado, trazendo mais transparência e exigindo que as empresas comprovem seus esforços para reduzir as emissões”, afirma o executivo.
Um dos pontos mais destacados por Simões é a importância da tecnologia para alcançar os objetivos da nova lei. “A inteligência artificial, por exemplo, pode otimizar as rotas de entrega, reduzindo o consumo de combustível e, consequentemente, as emissões de CO2. Além disso, soluções como a gestão de frota e a telemetria permitem monitorar o desempenho dos veículos e identificar oportunidades de melhoria”, explica.
“Ao utilizar algoritmos avançados, conseguimos encontrar a rota mais eficiente para cada entrega, minimizando o tempo de viagem e o consumo de combustível. Além disso, a tecnologia nos permite considerar diversos fatores, como o trânsito, as condições climáticas e as restrições de carga, garantindo a entrega no prazo e com segurança”, explicou.
A SimpliRoute, por exemplo, desenvolveu uma plataforma que permite aos seus clientes visualizar em tempo real a localização dos seus veículos, acompanhar o status das entregas e identificar oportunidades de melhoria. “Nossa plataforma oferece uma visibilidade completa da operação logística, permitindo que as empresas tomem decisões mais estratégicas e eficientes”, afirmou Simões.
Um estudo realizado pela SimpliRoute revelou que, em 2023, seus clientes economizaram 75 milhões de litros de combustível, o que resultou em uma redução de 10 mil toneladas de CO2. “Esse resultado é muito positivo e demonstra o potencial da tecnologia para transformar o setor de logística”, afirmou.
Nova legislação exige acompanhamento rigoroso
A nova legislação também cria um mercado de créditos de carbono, o que pode incentivar investimentos em projetos de redução de emissões e gerar novas oportunidades de negócios para as empresas. No entanto, Simões alerta para a necessidade de um acompanhamento rigoroso para evitar fraudes e garantir a eficácia das compensações.
“É fundamental que o governo estabeleça mecanismos eficientes para monitorar e certificar os projetos de redução de emissões. Além disso, é preciso investir em educação e capacitação para que as empresas possam entender e implementar as novas regras”, destaca o executivo.
Logística sustentável
A transição para uma logística mais sustentável não é tarefa fácil. As empresas do setor enfrentam diversos desafios, como a necessidade de investimentos em novas tecnologias, a adaptação dos processos operacionais e a qualificação dos colaboradores. No entanto, Simões acredita que as oportunidades superam os desafios.
“A nova legislação abre um leque de possibilidades para as empresas que buscarem inovar e se adaptar às novas demandas do mercado. Além de contribuir para a preservação do meio ambiente, as empresas que adotarem práticas sustentáveis poderão conquistar novos clientes, fortalecer sua marca e aumentar sua competitividade”, afirma.
Para Simões, o futuro da logística passa pela sustentabilidade. “As empresas que não se adaptarem a essa nova realidade estarão fadadas ao fracasso. A demanda por produtos e serviços sustentáveis está cada vez maior e as empresas precisam estar preparadas para atender a essa demanda”, conclui.