Visando o fortalecimento de parcerias de países do Sul Global em ações de combate às mudanças climáticas, o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e o ADBI (Banco de Desenvolvimento do Instituto da Ásia) assinaram um Memorando de Entendimento durante a COP29, em Baku. O acordo prevê o uso da ciência, políticas públicas, tecnologias, intercâmbio regional e troca de experiência para apoio ao financiamento global, regional e local da luta contra as alterações climáticas e a ação climática em apoio ao desenvolvimento sustentável de ecossistemas críticos.
“Precisamos coordenar ações, trocar experiências e buscar saberes em diferentes locais”, destacou André Guimarães, diretor executivo do IPAM. “Dessa maneira, a gente pode construir, efetivamente, soluções e caminhos que permitem a gente compatibilizar a proteção das florestas e dos ecossistemas naturais com a produção de alimentos e as atividades humanas, em geral”, concluiu.
Tetsushi Sonobe, diretor executivo do ADBI, assinou o acordo e reconheceu o papel global da busca por investimentos.
Painel
O memorando de entendimento foi assinado após o painel “Novo espaço de cooperação do Sul Global: desafios comuns, estágios diferentes e soluções transformadoras para o clima”. O evento ocorreu no Pavilhão do Consórcio da Amazônia, na Conferência do Clima.
Recentemente, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) passou a considerar benefícios da floresta para a agricultura, documento que teve a participação de cientistas do IPAM.
“Florestas fornecendo produtos renováveis, como madeira e produtos não-madeireiros, bioenergia e fibra, e estes são importantes, inclusive, para substituir materiais de base fóssil e ajudar a descarbonizar. As florestas também são essenciais para reduzir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência e a capacidade de adaptação das pessoas”, enfatizou Amy Duchelle, líder de equipe de Florestas e Mudanças Climáticas da FAO.
Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM, alertou para o cenário mundial atual. “Estamos enfrentando um dos maiores problemas globais que a humanidade poderia enfrentar que são as mudanças climáticas, que pedem soluções compartilhadas”. Alencar elencou iniciativas como o mapeamento periódico lançado pela rede MapBiomas, da qual o IPAM faz parte, e os grupos de ciência para estudo do fogo como boas práticas de proteção ambiental que podem ser aplicadas em outros países.
Para solucionar as questões climáticas, Marcello Brito, secretário executivo do Consórcio da Amazônia Legal, acredita que é necessário pragmatismo. “As emissões não reduziram, o desmatamento mundial tampouco. Conseguimos produzir alimento para todos os habitantes do planeta, mas não conseguimos distribui-lo”, elencou. “Temos um mundo que está em evolução onde as ferramentas propostas precisam funcionar”.
O painel também teve a participação de Pantoro Tri Kuswardono, diretor executivo da Yayasan Pikul, integrante da Aruki (Aliança dos Povos Indonésios pela Justiça Climática); de Joseph Malassi, Conselheiro Sênior do Ministério do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da República Democrática do Congo.