O Complexo Pequeno Príncipe anunciou a proposta de neutralização das emissões de carbono associados ao Jogo Pelé Pequeno Príncipe Legends, realizado em Curitiba, no domingo (17/11). A iniciativa visa a calcular, avaliar e mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) do evento, alinhando-se às diretrizes globais de sustentabilidade e compromisso com o meio ambiente, que norteiam a instituição filantrópica.
O projeto tem como foco as emissões de carbono provenientes do consumo de energia elétrica (antes, durante e após o jogo) e do transporte dos jogadores, tanto aéreo quanto terrestre, além de outras fontes identificadas ao longo do levantamento de dados. A medida pretende não apenas promover a responsabilidade ambiental, mas também gerar uma reflexão sobre a importância da ação climática no universo esportivo.
A urgência
Em um momento crítico para a luta contra as mudanças climáticas, a neutralização de carbono se tornou uma prioridade global. E os eventos esportivos são conhecidos por gerarem um alto impacto ambiental, especialmente em relação às emissões de carbono.
Estima-se que a “indústria” do esporte seja responsável por aproximadamente 0,8% a 0,9% das emissões globais de gases de efeito estufa. Esse impacto pode ser comparado à emissão de gases de países de porte médio, como Espanha ou Polônia. No futebol, especificamente, eventos como a Copa do Mundo, segundo estimativa da FIFA, geram cerca de dois milhões de toneladas de CO2 por ano, considerando fatores como viagens, consumo de energia e infraestrutura dos estádios.
Diante desse cenário, o esporte tem uma responsabilidade crescente de reduzir suas emissões e adotar práticas sustentáveis. Em 2020, a ONU lançou a campanha Race to Zero, da qual o Pequeno Príncipe é signatário, com o objetivo de eliminar as emissões de gases de efeito estufa até 2050. No âmbito esportivo, a Confederação Europeia de Futebol (UEFA) adotou, no primeiro semestre de 2024, ferramentas de cálculo da pegada de carbono para seus clubes e iniciativas semelhantes começam a ser discutidas no Brasil.
A metodologia
Para desenvolver o cálculo sobre as emissões do jogo, o Pequeno Príncipe estabeleceu uma parceria com o Escritório Verde da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), coordenado pelo professor Eloy Casagrande, PhD na área de Inovação e Sustentabilidade. Também fazem parte da equipe interdisciplinar, a consultora em sustentabilidade, também PhD em meio ambiente, Patrícia Peralta e o engenheiro, Bruno Kobiski, mestre em Tecnologia.
De acordo com Casagrande, que também coordena o projeto, financiado pela Fundação Araucária, Novos Arranjos em Pesquisa e Inovação (NAPI) em Emergência Climática no Paraná, “é muito importante termos a clareza de todas as emissões de gases de efeito estufa provocadas no estado em eventos de grande porte e que devem ser mensurados usando metodologias que sejam reconhecidas cientificamente.”
Para o projeto em desenvolvimento pelo Pequeno Príncipe será usado o Greenhouse Gas Protocol (GHG Protocol)”, o padrão internacional mais utilizado por governos e empresas para mensurar e administrar as emissões de gases de efeito estufa. As emissões serão classificadas em três escopos:
Escopo 1: emissões diretas, provenientes de fontes controladas, como combustão de combustível para transporte.
Escopo 2: emissões indiretas do consumo de energia elétrica utilizada no evento.
Escopo 3: emissões relacionadas a atividades terceirizadas, como o transporte aéreo dos jogadores, consumo de água e geração de resíduos.
Além disso, serão adotados os cálculos dos fatores de emissão mais recentes para energia elétrica e viagens aéreas, com base em dados de fontes confiáveis como o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e o World Resources Institute (WRI).
Mitigação e compensação
A proposta prevê a compensação de GEEs por meio de projetos que o Pequeno Príncipe já desenvolve como as iniciativas de eficiência energética e de sequestro de carbono. A unidade assistencial do Complexo, por exemplo, também foi pioneira ao, em 2022, neutralizar suas emissões de gases com a proteção e manejo de florestas nativas presentes na Reserva Natural das Águas, mantida pela ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), no município de Antonina, litoral do Paraná. A área faz parte da Grande Reserva Mata Atlântica, maior remanescente contínuo desse bioma. As iniciativas contribuem para a restauração de ecossistemas críticos e a redução da pegada de carbono em longo prazo.
Environmental, social and governance
Além da neutralização de carbono, o evento será um marco na implementação de práticas de environmental, social and governance (ESG). O Pequeno Príncipe se propõe, assim, a promover não apenas uma partida histórica de futebol, mas também um modelo de como eventos esportivos podem alinhar-se a boas práticas de gestão sustentável, impactando positivamente o meio ambiente, a sociedade e as comunidades locais.
“Com essa ação, reafirmamos o compromisso do Complexo Pequeno Príncipe com a sustentabilidade e o combate às mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que reforçamos a importância de envolver a sociedade, empresas e o setor esportivo em iniciativas de preservação ambiental. Com a neutralização de carbono no Jogo Pelé Pequeno Príncipe Legends queremos inspirar entidades esportivas a seguir o mesmo caminho e transformar o futebol brasileiro em um modelo de sustentabilidade”, considera o diretor-corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro Carneiro.
Jogo
O Jogo Pelé Pequeno Príncipe Legends foi na Ligga Arena, e marcou o Dia do Rei Pelé no Brasil. Instituída em julho de 2024, a data de 19 de novembro teve sua criação liderada pelo Complexo Pequeno Príncipe. A instituição mantém o único projeto social formalmente apadrinhado pelo maior jogador de futebol de todos os tempos: o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe. A partida solidária trará pela primeira vez ao Sul do país o Barcelona Legends, que vai enfrentar a Seleção Pelé Pequeno Príncipe, formada por ícones do futebol nacional e internacional que jogaram nas seleções de seus países. Toda a renda obtida com a venda de ingressos será revertida para atividades de pesquisa do Instituto e de assistência do Hospital Pequeno Príncipe, os quais, juntos com a Faculdades, formam o Complexo Pequeno Príncipe.