A transformação do mercado de trabalho trouxe um novo desafio para as empresas: como formar líderes preparados para enfrentar um cenário com mudanças climáticas severas, longevidade crescente dos colaboradores, preocupação com o bem-estar mental e promoção de ambientes de trabalho satisfatórios? Mais do que treinamentos formais, o conceito ESG aponta para uma ferramenta subutilizada: as vivências sociais. Experiências como voluntariado corporativo, projetos filantrópicos e iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) desenvolvem habilidades essenciais para os líderes de hoje e geram impactos tangíveis para as empresas.
Organizações que integram engajamento social na agenda ESG estão explorando uma poderosa forma de desenvolvimento. As ações sociais vão além da boa vontade. Elas materializam valores corporativos em práticas que envolvem colaboradores, comunidades e a organização.
As soft skills — como adaptabilidade, empatia, resiliência e trabalho em equipe — são essenciais em um mundo imprevisível. Treinamentos formais não reproduzem essa complexidade. Já projetos sociais exigem que os colaboradores lidem com recursos limitados e interajam com pessoas de diferentes origens, em contextos que se tornam verdadeiros “laboratórios de empatia”.
Imagine um colaborador em um projeto de educação em uma comunidade vulnerável. Ele não apenas doa seu tempo, mas também aprende a ver o mundo a partir de outra perspectiva. Ao resolver problemas com recursos escassos e mediar conflitos, ele desenvolve resiliência, criatividade e, principalmente, empatia. Essas vivências vão além dos treinamentos teóricos, sendo fundamentais para líderes do futuro.
Inclusão e liderança transformadora
A promoção de iniciativas de DEI é uma frente poderosa para desenvolver sensibilidade em equipes. No século XXI, espera-se que líderes saibam trabalhar com equipes cada vez mais diversas, integrando essas diferenças de forma produtiva. Criar um ambiente psicologicamente seguro, onde todos possam se expressar livremente, é vital para o sucesso de qualquer equipe. Competências como promover segurança e inclusão surgem quando colaboradores lidam com realidades de exclusão e desigualdade e buscam soluções práticas para superá-las.
Impacto no clima e na cultura organizacional
Empresas que incentivam ações sociais promovem coesão e engajamento. Colaboradores que rompem suas “bolhas” se veem como parte de algo maior, gerando um forte senso de pertencimento que transcende metas corporativas. Isso impacta a motivação e fidelidade, criando um propósito que consolida a cultura organizacional. Ao vivenciarem os valores corporativos, os colaboradores transformam o discurso em prática. Assim, organizações que priorizam a agenda ESG não apenas formam líderes melhores, mas também criam uma cultura genuína e inspiradora.
ESG e o futuro da liderança
Promover o engajamento social é mais do que formar líderes; é “materializar” a agenda ESG. Esta sigla não deve refletir apenas métricas e indicadores de sustentabilidade, mas um compromisso real com o bem-estar social e ambiental. Incorporar atividades sociais na formação de líderes é uma estratégia eficaz para o desenvolvimento de soft skills e para consolidar valores. Desde programas de estagiários até o desenvolvimento de líderes estratégicos, essas vivências devem fazer parte da jornada de liderança.
Líderes que praticam o exemplo, como CEOs que se envolvem diretamente em ações sociais, inspiram toda a organização a adotar posturas mais empáticas e colaborativas. Esse engajamento cria uma cultura sólida e prepara líderes para os desafios complexos do mundo atual.
Marcelo Nonohay, sócio fundador e diretor executivo da MGN.