O secretário-geral da ONU, António Guterres, contou que enviará a mensagem clara aos líderes das maiores economias na Cúpula do G20. No Rio, ele dirá que estes devem guiar o mundo usando sua grande influência nos campos econômico e diplomático.
Falando a jornalistas neste domingo, o representante das Nações Unidas enfatizou que estes recursos devem ser usados para enfrentar as prioridades globais com destaque para as questões de paz, finanças, clima e tecnologia.
Valores da Carta das Nações Unidas
Guterres reiterou que é necessário buscar a paz para crises como Gaza, Líbano, Sudão e Ucrânia. Uma das respostas a um jornalista foi sobre a necessidade de reforma do Conselho de Segurança.
“O Conselho de Segurança não corresponde ao mundo de hoje e tem revelado uma grande ineficácia por causa das divisões geopolíticas. Tem um problema de legitimidade, porque não representa a realidade dos nossos tempos. Por isso, nas discussões da Cimeira do Futuro, um dos aspectos centrais foi a necessidade da reforma do Conselho de Segurança. Um dos aspectos dessa reforma tem a ver com a adesão ao Conselho de Segurança de novos países, nomeadamente do Sul Global, permanentes ou não permanentes, e ao mesmo tempo com a revisão dos métodos de trabalho de segurança para que ele possa ser mais eficaz.”
O secretário-geral declarou que em todo o lado, a “paz exige ações baseadas nos valores da Carta das Nações Unidas, no Estado de direito e nos princípios da soberania, independência política e integridade territorial dos Estados”.
No Brasil já se encontra uma parte dos líderes mundiais participantes dos eventos de segunda e terça-feira, incluindo chefes de Estado das 19 maiores economias do mundo, mais a União Africana e a União Europeia, além de países convidados.
COP30 e esforço de mobilização internacional
Sobre o recém-adotado Pacto do Futuro, Guterres listou desafios e obstáculos enfrentados por países vulneráveis sem os terem causado. Ele disse que a atual arquitetura financeira internacional está “ultrapassada, ineficaz e injusta” e não dá ajuda suficiente.
Guterres disse estar insatisfeito, mas ainda otimista com as negociações em andamento na 29ª Conferência da ONU sobre Mudança Climática, COP29. Ele pediu que seja adotada uma meta ambiciosa de financiamento climático que atenda à dimensão do desafio dos países em desenvolvimento.
Para Guterres, as finanças alimentam a ambição. Ele disse que apelará ao senso de responsabilidade de todos os países do G20 num momento para a liderança pelo exemplo das maiores economias e emissores do mundo. Para ele, o fracasso não é uma opção.
Para o secretário-geral, António Guterres, é essencial restaurar a confiança, a credibilidade e a legitimidade de cada governo e do sistema global
O chefe da ONU sublinhou que uma meta confiável pode construir confiança entre países nações mais ricas e em desenvolvimento e incentivar a preparação de planos climáticos nacionais altamente ambiciosos em 2025.
Novas tecnologias
Com a preparação do Brasil para sediar a COP30, o secretário-geral revelou que atua com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um esforço de mobilização global para garantir os mais altos níveis de ambição dos países, especialmente do G20. Os detalhes serão fornecidos aos líderes do bloco na terça-feira,19.
Quanto às novas tecnologias, Guterres disse que todos os países devem se beneficiar de recursos como a Inteligência Artificial.
Ele lembrou que o novo Pacto Digital Global aprovado na Cúpula do Futuro da ONU, englobando um acordo universal sobre governança de IA, um Painel Científico internacional independente sobre o tema e o novo diálogo global, além de defender fundos voluntários para capacitação em países em desenvolvimento.
Para o secretário-geral, a liderança do G20 pelo exemplo será essencial para “restaurar a confiança, a credibilidade e a legitimidade de cada governo e do sistema global em meio a tempos turbulentos”.
António Guterres defende ainda que é preciso “aproveitar todas as oportunidades para liderar ações transformadoras” para um mundo mais seguro, pacífico e sustentável.