Neste domingo,17, à margem do G20, um grupo de líderes dos setores público e privado lançou a Coalizão Brasil para o Financiamento da Restauração e da Bioeconomia (Coalizão BRB). O objetivo é acelerar a conservação e a restauração das florestas brasileiras por meio de investimentos direcionados e agregados de pelo menos US$ 10 bilhões até 2030 (entre todos os membros da coalizão).
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou o lançamento da coalizão em Manaus, capital do Amazonas, numa ocasião histórica: a primeira visita de um presidente dos Estados Unidos da América à região amazônica. Em seu discurso, clamou por ações mais ambiciosas e novas abordagens para proteger a Amazônia e, ao mesmo tempo, construir uma economia mais verde e mais próspera. Ele destacou a coalizão como um sinal do crescente reconhecimento da necessidade de novas parcerias para acelerar o financiamento e o investimento climáticos.
Entre os membros fundadores, encontram-se as seguintes instituições: Agni, Banco do Brasil, BNDES, Biomas, BTG Pactual, Conservação Internacional, Corporação Financeira dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, IDB Invest, Instituto Arapyaú, Instituto Clima e Sociedade, Instituto Itaúsa, Mombak, The Nature Conservancy, Regia Capital, re.green, Grupo Banco Mundial e Fórum Econômico Mundial.
A expectativa é que a Coalizão BRB apoie projetos que tenham o objetivo de conservar e restaurar pelo menos 5 milhões de hectares de florestas no Brasil, contribuindo para os esforços brasileiros de deter e reverter o desmatamento. As metas da coalizão também incluem lançar — até 2030 — projetos que ajudem a sequestrar pelo menos 1 gigatonelada de emissões de CO2 e investir US$ 500 milhões em iniciativas que beneficiem povos indígenas e comunidades locais, com foco na região amazônica.
A coalizão pretende manter-se alinhada ao Plano de Transformação Ecológica do Brasil e complementar as iniciativas brasileiras nas áreas de clima e natureza, entre as quais a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica e o Nature Investment Lab. Ela espera alavancar investimentos em atividades-chave da bioeconomia — como agricultura de baixa emissão de carbono, projetos de manejo florestal e ações de uso da terra — para apoiar a meta do Brasil de restaurar 12 milhões de hectares de floresta até 2030. Ao longo de 2025, a coalizão colaborará para promover resultados concretos em apoio a essas metas. Esses resultados serão anunciados na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), a ser realizada em Belém, no Brasil, no final de 2025.
O Instituto Clima e Sociedade (iCS), com o apoio do Nature Investment Lab, assumirá o secretariado da coalizão para apoiar suas ações iniciais em 2025
“O lançamento desta coalizão no final da presidência brasileira do G20 e na fase preparatória da COP30 destaca um momento crucial para a mobilização de recursos financeiros para atividades de restauração e bioeconomia em grande escala. Temos a honra de apoiar esta iniciativa, que vai ao encontro de nosso recém-lançado Nature Investment Lab e da Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica (BIP). Ela fortalecerá a coordenação entre partes interessadas públicas, privadas e da sociedade civil na alavancagem de financiamento para soluções baseadas na natureza no Brasil”, disse Maria Netto, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS).
“O governo do presidente Lula, desde seu primeiro dia, tem fortalecido e se comprometido com a agenda florestal como eixo para o desenvolvimento brasileiro. O inegável esforço de redução do desmatamento na Amazônia brasileira está representado na redução de 47% do índice de desmatamento nos últimos dois anos. O BNDES, como parte relevante dessa estratégia, tem concentrado esforços para converter o Arco do Desmatamento num Arco da Restauração. São mais de R$ 1 bilhão entre recursos reembolsáveis (Fundo Clima) e não reembolsáveis (Fundo Amazônia), todos disponibilizados imediatamente. A agenda da restauração é o caminho mais eficiente para a captura de carbono, a inclusão social e a redução das desigualdades regionais. O recente lançamento do BNDES Florestas Crédito é um exemplo do comprometimento do banco com a agenda, ouvindo demandas do setor para adequar a estrutura de garantias às características específicas desses projetos. São ações como essas que reforçam a já bem-sucedida agenda de mobilização de recursos da iniciativa Floresta Viva, premiada pela Alide. Os editais lançados em 2023 e 2024 já mobilizaram mais de R$ 500 milhões para atividades de restauração em todos os biomas brasileiros, destacando ações em manguezais, bem como no Cerrado, no Pantanal e na Caatinga. Estamos empenhados na Missão 1.5, bem como na redução de barreiras e na mobilização de recursos para o desenvolvimento do setor no Brasil”, declarou Aloizio Mercadante, presidente do BNDES.
“Estamos orgulhosos de fazer parte da Coalizão BRB, pois ela destaca a importância da restauração florestal no Brasil como uma ferramenta de impacto com foco nos negócios, que aborda, ao mesmo tempo, a desigualdade social, a perda de biodiversidade e a crise climática. Não temos tempo a perder, e é importante tomar ações decisivas desde já. É crucial ampliar essa atividade nos próximos anos, e para tal será necessário catalisar recursos e garantir a qualidade dos projetos”, disse Fabio Sakamoto, CEO da Biomas.
Gerrity Lansing, diretor do Timberland Investment Group do BTG Pactual, disse: “A Coalizão Brasil para o Financiamento da Restauração e da Bioeconomia busca destravar o potencial de investimentos sustentáveis que protejam o meio ambiente enquanto promovem o crescimento econômico, combinando conservação ambiental com inovação econômica. À medida que avançar, a coalizão pretende fornecer soluções concretas para as mudanças climáticas, ao mesmo tempo que restauram a natureza e contribuem para a prosperidade da bioeconomia. O BTG Pactual tem orgulho de se unir à coalizão e apoiar a liderança do Brasil na restauração florestal e no desenvolvimento da bioeconomia florestal.”
“A Amazônia funciona como o sistema nervoso central do nosso planeta — regulando os padrões climáticos globais, afetando o fornecimento de alimentos e água doce e protegendo a extraordinária diversidade biológica da Terra. Ao protegermos a saúde do planeta, estamos protegendo nossa própria saúde”, disse Patricia Zurita, diretora de Estratégia da Conservação Internacional. “A Coalizão BRB reconhece não apenas a escala do problema, mas também a solução mais eficaz: canalizar financiamento em grande escala diretamente para povos indígenas e comunidades locais, que protegem suas terras há séculos. O futuro de nossas economias, nossas comunidades e nosso planeta dependem de iniciativas como esta. A Conservação Internacional está ansiosa para empenhar toda nossa energia em prol de seu sucesso.”
“O lançamento da Coalizão BRB é um passo importante na mobilização dos investimentos necessários para proteger e restaurar as inestimáveis florestas brasileiras e, ao mesmo tempo, fomentar um crescimento econômico sustentável. Embora a América Latina seja altamente vulnerável aos impactos das mudanças climáticas, a região também abriga enorme potencial como fonte de soluções baseadas na natureza escaláveis e capazes de nos ajudar a superar esses desafios globais. Acreditamos que a coalizão possa representar um marco para a promoção de soluções de financiamento climático de grande impacto, capazes de empoderar as comunidades locais, promover a biodiversidade e construir economias resilientes e sustentáveis”, disse Gabriel Azevedo, diretor de Estratégia da IDB Invest.
“Há 16 anos, o Instituto Arapyaú trabalha para fomentar e fortalecer redes e coalizões no Brasil, pois crê que somente por meio da colaboração e do engajamento de múltiplas partes interessadas será possível alcançar soluções escaláveis para desafios complexos. A formação da Coalizão BRB é muito poderosa. Como país, temos a capacidade de avançar nas agendas da restauração e da bioeconomia, e iniciativas como esta coalizão podem transmitir a força necessária para alavancar os resultados”, declarou Renata Piazzon, diretora-geral do Instituto Arapyaú.
“Celebramos a adoção pelo G20 dos princípios de alto nível para a bioeconomia. Esta iniciativa transforma os princípios em ações. A Coalizão Brasil para o Financiamento da Restauração e Bioeconomia fomentará investimentos na bioeconomia e contribuirá para a criação de uma economia global que seja mais produtiva e positiva para o clima, a natureza e as pessoas”, disse Marcelo Furtado, CEO do Instituto Itaúsa.
“O lançamento desta coalizão no contexto do G20 reforça a oportunidade e a responsabilidade de alavancar recursos financeiros para a restauração e gestão sustentável da bioeconomia em grande escala, visando à manutenção de florestas nativas e à transição para um modelo econômico de baixo carbono. Os atrasos têm custado cada vez mais à humanidade; por isso, compromissos concretos e colaborativos como este ajudam a indicar o caminho para soluções inovadoras para o clima e a biodiversidade”, afirmou Karen Oliveira, diretora de Políticas Públicas e Relações Governamentais da The Nature Conservancy (TNC) Brasil.
“A formação da coalizão reflete uma mensagem muito robusta e clara: o Brasil é a plataforma de lançamento de uma economia verde inclusive e transformadora, capaz de gerar prosperidade compartilhada para todos, sem exceções. As soluções baseadas na natureza constituem a contribuição mais relevante que podemos oferecer como país neste novo momento de capitalismo global. O mercado de capitais brasileiro tem a responsabilidade de inovar e mobilizar o capital necessário para que essa oportunidade se traduza em ganhos reais para a comunidade global. Estamos orgulhosos e felizes de fazer parte deste marco da consolidação de uma nova maneira de pensar sobre a relevância econômica e geopolítica dos países”, declarou José Pugas, diretor de Sustentabilidade da Regia Capital.
“A restauração de florestas tropicais desempenha um papel de extrema importância na busca de soluções para a crise climática, na reversão da perda de biodiversidade e na geração de oportunidades econômicas sustentáveis para as comunidades vizinhas. O Brasil tem o potencial de se tornar um líder nesse setor, e a re.green se orgulha de ser um dos membros fundadores da Coalizão BRB. Para ampliarmos a escala de nossa contribuição, é necessário coordenar as ações dos setores público e privado em toda a cadeia de valor, e esta nova aliança nos dá um forte sinal nessa direção”, disse Thiago Picolo, CEO da re.green.
“O Reino Unido acolhe de muito bom grado os objetivos da Coalizão Brasil para o Financiamento da Restauração e da Bioeconomia e reconhece o potencial da iniciativa de gerar impactos positivos e duradouros para as pessoas e florestas brasileiras. Nosso país se posiciona ao lado dos países que abrigam florestas no mundo todo, apoiando suas visões locais de um futuro positivo para as florestas que também seja bom para as pessoas, o clima e a natureza”, disse Maggie Charnley, vice-diretora da Unidade de Florestas Internacionais do Departamento de Segurança Energética e Net Zero do Reino Unido.
“O Brasil se comprometeu a restaurar 12 milhões de hectares até 2030, melhorando suas funções ecossistêmicas e estimulando a capacidade produtiva. A Coalizão Brasil para o Financiamento da Restauração e da Bioeconomia é o tipo de parceria público-privada-filantrópica inovadora que é necessária para ajudar a atingir uma meta tão ambiciosa. O momento de começar é agora”, disse Jack Hurd, diretor da Nature Positive do Fórum Econômico Mundial.
O Grupo Banco Mundial apoia as agendas brasileiras de restauração e bioeconomia no contexto de sua iniciativa Amazônia Viva e em parceria com a iniciativa Amazônia para Sempre do Banco Interamericano de Desenvolvimento. “Do lado do setor público, o BIRD está financiando o programa do Banco do Brasil para restaurar florestas e pastagens e desenvolver a bioeconomia em terras rurais prioritárias pertencentes aos clientes desse grande banco público”, disse Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil. “Enquanto isso, no setor privado, a IFC investiu, em julho de 2024, num título vinculado à sustentabilidade emitido pela Natura Cosméticos, com metas de desempenho para ampliar a aquisição de bioingredientes na Amazônia brasileira”, disse Manuel Reyes-Retana, diretor regional da IFC para a América do Sul.