sexta-feira, novembro 8, 2024

Regras de sustentabilidade do mercado internacional afetam as empresas brasileiras

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O cenário econômico nacional e os desdobramentos internacionais, com destaque para o conflito Ucrânia e Rússia e as ofensivas no Oriente Médio, comprometem o abastecimento de insumos e matérias-primas e sinalizam um novo ano desafiador para as empresas brasileiras. Além disso, em 2025, as organizações precisam se preparar para atender às tendências de sustentabilidade do mercado internacional, previstas a partir de novas leis. Essas exigências vão afetar não apenas as grandes corporações, mas também as pequenas e médias empresas (PMEs).

A partir de 2026, as empresas de capital aberto deverão, obrigatoriamente, incorporar as normas IFRS S1 e IFRS S2, que definem “requisitos gerais para divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade”. As regras foram desenvolvidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB) e fazem parte da estrutura do International Financial Reporting Standards (IFRS).

“A norma S1 foi criada para fornecer um framework globalmente consistente e comparável para a divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade”, explica Fernanda Toledo, CEO da IntelliGente Consult, empresa de consultoria e mentoria especializada em estratégias, programas e projetos empresariais. A norma S2, segundo a executiva, associa referências financeiras e mudanças climáticas.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entidade vinculada ao Ministério da Economia com a função de disciplinar, fiscalizar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil, já conta em suas normas e diretrizes de sustentabilidade com alguns indicadores desses frameworks. Desta forma, as empresas têm apenas o ano que vem para ajustarem processos que serão obrigatórios em 2026.

“Isso afeta também pequenas e médias empresas e concorrentes de capital fechado”, ressalta Fernanda Toledo. “As PMEs são fornecedoras e precisam se adequar para continuarem com seus clientes. As concorrentes diretas, se não demonstrarem o cuidado na gestão com os riscos de sustentabilidade e ESG em operações e produtos, podem se tornar empresas de maior risco e, consequentemente, terão dificuldade para atrair investidores e obter financiamentos bancários.”

Diante das exigências que vêm por aí, a CEO da IntelliGente Consult alerta que é preciso correr contra o tempo. De acordo com Fernanda, uma medida profilática para as empresas é manter um caixa em tempos de desaceleração econômica. “O segundo passo, não menos importante, é planejar investimentos para iniciar o processo de adequação ESG. Neste caso, a previsão do recurso financeiro no orçamento de 2025 é desejável”, diz.

Para direcionar recursos em ações de sustentabilidade corporativa e ESG, a executiva recomenda que a empresa elabore um plano e defina o tema que se conecta com o impacto de seu negócio, produto ou público-alvo.

Entre os temas prioritários estão os Riscos Climáticos, que estão associados à escassez de insumos e matérias primas. “Para se antecipar às dificuldades, as empresas devem mapear todos os impactos e oportunidades ESG das suas cadeias, e conectá-los ao mapa de riscos corporativos. Em seguida, buscar alternativas e se antever aos possíveis desafios”, recomenda.

A Educação para o ESG é outro tema em destaque. “Neste ponto, é imprescindível preparar os colaboradores, especialmente a alta direção, para lidar com adversidades em meio à realização das ações”, diz.

Na Cadeia de Fornecimento, o escopo 3 (fornecedores), segundo Fernanda Toledo, será fundamental para a demonstração de resultados do IFRS S2. “Portanto, é imprescindível estudar o impacto que a cadeia de fornecimento tem na operação da empresa, considerando o mapeamento de riscos ESG.”

Sobre o tema Direitos Humanos e Saúde Mental, a executiva observa que a agenda de inclusão, diversidade e equidade continuará em evidência, mas com um acréscimo ainda maior nos cuidados com a saúde dos colaboradores, especialmente a saúde mental.

Um dos assuntos prioritário, IA e Inovação trará mudanças no perfil das profissões, o que deve levar as empresas a pensarem em investimentos de capacitação e preparação de mão de obra. “Ainda sobre este tema, somado aos riscos climáticos, é importante que as empresas pensem em inovação de produtos e melhorias de processos, para enfrentar desafios com a falta de matéria-prima ou pensar em formas de agregar valor ao produto”, pontua.

No período que se antecipa às novas normas, Fernanda Toledo reforça a importância de as empresas contarem com um especialista em todas as etapas do processo de adequação. “Este trabalho vai permitir um melhor direcionamento dos investimentos e a otimização dos impactos nos negócios”, conclui a executiva da IntelliGente Consult.

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